terça-feira, setembro 26, 2006
O diabo veste Prada
A jornalista Andrea (Anne Hathaway, de Brokeback Mountain) emprega-se numa revista de moda como segunda assistente da legendária Miranda Priestley (Meryl Streep, em seu momento Glenn Close). O cargo é conquistado tête-à-tête com a futura chefa, a pessoa mais influente da moda em Nova York, detentora de uma coleção de bolsas Prada, numa entrevista em que Andrea demonstra não ter nada do perfil requerido: não entende – e parece não querer entender – nada de moda. Desleixada no vestir-se, Andy se vê, de uma hora para outra, num meio onde a pessoa vale a marca que usa. Sossegada, Andy é submetida à pressão de estar sempre disponível e apta a solucionar toda sorte de problemas. Sem ambição, Andy é colocada num ambiente de disputa, inveja e falta de ética. Venderá Andy sua alma ao(à) diabo(a)?
Se o parágrafo aí em cima mencionasse a ‘trama secundária’, qual seja, a atroz dúvida de Andy entre o namorado perfeito, fiel e simples (Adrian Grenier, sósia do colorado Fernandão, campeão da Libertadores 2006) e um novíssimo pretendente, sofisticado e poderoso, uma leitura superficial – da resenha e do filme – talvez pudesse julgá-lo uma razoável ‘sinopse’ do segundo filme de David Frankel (o primeiro foi Miamy Rhapsody, de 1995).
Ledo engano! A verdade é que ‘O diabo veste Prada’ vai além (ok, não muito além) dos estereótipos ao dar espaço a pequenos detalhes que humanizam a personagem complexa de Miranda, e explicitam a admiração mútua entre chefe temida e assistente obstinada. Claro, não espere nenhum tratado filosófico sobre a importância dos princípios éticos, nem o roteiro é hipócrita o suficiente para fazer de Andrea (nome lindo, não?) uma pessoa que não procura ser aceita, que não gosta de novidades e que não cede às tentações.
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