Walter Salles e Fernando Meirelles, os dois cineastas brasileiros mais influentes e respeitados na indústria cinematográfica da atualidade, lançam em 2012 seus novos trabalhos: respectivamente, Na estrada e 360. Ambos filmes baseiam-se na obra de dois escritores cultuados e polêmicos: Jack Kerouac e Arthur Schnitzler. On the Road de Kerouac foi considerado o retrato perfeito de uma geração ao ser publicado em 1957: uma geração obcecada por liberdade e sexo. Por sua vez, a peça teatral La Ronde, do austríaco Schnitzler, foi escrita em 1897, e provocou polêmica por sua ousadia em mostrar como as classes sociais se misturam através do sexo. Não li Kerouac nem vou ler. A julgar pela adaptação fílmica, o livro não tem história, só acompanha várias viagens e várias aventuras sexuais do amigo do narrador. Algo no espírito de "E aí, comeu?". Dean abandona a esposa com a filha pequena para atravessar os EUA em companhia da ex-mulher. Viagens para preencher o vazio, para aproveitar a vida, experimentar drogas. O filme todo passa uma sensação de vazio existencial e não chegou a me empolgar em nenhum instante. Mas também é longe de ser entediante. Bem ou mal, estamos diante de um "road movie", e um road movie baseado no mais famoso "road book" de todos os tempos. E Salles é um bom diretor de atores e consegue boas atuações de Garrett Hedlund, Sam Riley, Kirsten Dunst e até de Kristen Stewart. 360 acompanha a trajetória de personagens que, como elos de uma corrente, vão se entrelaçando até formar um círculo completo, de volta ao início. O roteiro do filme de Meirelles apresenta certos ingredientes como surpresa, algumas cenas e desfechos desconcertantes. Talvez eu leia Schitzler. No geral, é uma experiência mais compensadora.
Mas tanto Na estrada como 360 enchem de orgulho os cinéfilos brasileiros, pois é a comprovação do talento de cineastas nacionais no mercado internacional.
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