sábado, agosto 17, 2013
Imortais
O cineasta indiano Tarsem Singh tem poucos filmes no currículo. Bem-sucedido realizador de videoclipes (entre os quais o premiado vídeo de Losing My Religion, do R.E.M.), estreou no cinema com a ficção científica A cela (2000), voltou a dar o ar de sua graça apenas em 2006, com Dublê de anjo. Dois longas elogiados pela bizarrice dos roteiros e pela plasticidade das imagens. Imortais (2011), o terceiro filme, talvez seja o ápice de sua "marca registrada": um cinema visualmente estarrecedor, com fotografia que lembra as telas de Turner e um apuro formal que beira o exagero. Com roteiro dos irmãos Parlapanides (greco-americanos com raízes em Nova Jersey), Imortais tem o mérito (?) de ousar, ou seja, mandar a mitologia para as cucuias, usá-la como "inspiração" ou "ponto de partida" para construir um universo ficcional paralelo. Os mais puristas torcerão o nariz para as liberdades tomadas pela dupla Charles e Vlas, mas eles parecem não dar bola às críticas. Concentraram o foco em Teseu (Henry Cavill), que assiste ao Rei Hipérion (Mickey Rourke) degolar a sua mãe. Discriminado e escravizado, com a ajuda de Zeus (Luke Evans) e de outros deuses do Monte Olimpo, e o amor da pitonisa Fedra (Freida Pinto), Teseu busca a vingança e a redenção. Nas palavras dos irmãos Parlapanides, o filme é sobre "um ateu que se torna mártir" (vide http://www.alexandrosmaragos.com/2011/09/parlapanides-brothers-interview.html). Estranha estética a serviço de um texto estranho: o resultado só poderia ser estranho, mas quem disse que "estranho" é uma qualidade indesejada? Desde já, Tarsem Singh faz também uma das cenas imortais dos efeitos 3-D: a em que Teseu lança quatro flechas quase simultâneas com o mágico arco de Épiro.
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