sábado, junho 02, 2018

THE DURUTTI COLUMN

Continuando a série de posts com meus textos para o zine Wall of Sound, segue o primeiro dos três textos que escrevi para o Wall of Sound #2.


Eu avisei que eram bandas esquisitas e obscuras.

Mas, nem por isso, menos brilhantes!








Esta canção, Requiem Again, é mencionada no texto e se tornou trilha para o filme Jerry Maguire.

sexta-feira, junho 01, 2018

CORRA!

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Corra!, dirigido e escrito por Jordan Peele, ganhou merecidamente o Oscar de Melhor Roteiro Original no Oscar 2018. Em vários momentos do filme o espectador tem a certeza de estar assistindo a algo inovadoramente refrescante, uma lufada de oxigênio e originalidade no cinema norte-americano. E digo mais: se o lobby do Guillermo Del Plagio não fosse tão grande, Corra! deveria ter ganho Melhor Filme.

Disparadamente é o melhor filme de 2017.

Só agora pude assisti-lo, pois moro numa cidade do Planalto Médio gaúcho onde inexistem salas de cinema. E mesmo se elas existissem aqui, tenho lá minhas dúvidas se esse filme teria sido escolhido para entrar em cartaz. Não é decididamente um blockbuster, um filme para as massas. É um filme para outro tipo de massas: as encefálicas.

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Provocador, dinâmico, surpreendente, bizarro e engraçado.

Assustador, polêmico, envolvente, estranho e divertido.

Passa rápido. Tem conteúdo.
Vale a pena debater.
Tem assunto para ser debatido.

É a prova cabal que tudo começa com um belíssimo e original roteiro.

Um roteiro pode ter influências, é claro.

Não pode é chupar ideias descaradamente.

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Peele afirma que a principal influência é o filme Esposas em conflito (The Stepford Wives, 1975), baseado na obra homônima de Ira Levin (vide pôster abaixo). Foi realizado um remake em 2004 com o título brasileiro de Mulheres perfeitas.

A premissa que em Levin era uma crítica social ao machismo foi reciclada por Peele e transformada num libelo contra o racismo. O começo de Corra! lembra muito o começo de Adivinhe quem vem para jantar: uma moça branca vai apresentar aos pais o namorado negro. Os pais da moça branca não sabem que o namorado é negro. O negro está preocupado com isso. Outros paralelos podem ser traçados entre Corra!, o filme de Jordan Peele, e Adivinhe quem vem para jantar, de Stanley Kramer, como o estranho comportamento dos empregados negros da casa em relação ao namorado negro da "filha da patroa". Mas o principal é que os dois filmes têm excelentes e merecidamente premiados roteiros que funcionam em seus respectivos gêneros.

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Corra! é um suspense-terror com pitadas de humor branco e negro, Adivinhe quem vem para jantar é um precursor das comédias românticas com fundo social. Kramer em 1967 contribuiu muito para o debate da igualdade racial, assim como Peele, meio século depois, em 2017, chutou o pau da barraca e colocou o dedo na ferida de novo, de um modo inesperado e necessário. 

Corra! é como mãe!, o tipo de filme que não dá vontade nenhuma de fazer "sinopse". O herói (nome do ator) vai visitar a família da heroína (nome da atriz) e blablablá, blablablá...

Tipo, o que acrescenta uma sinopse num filme de suspense? Mais provável é que o sujeito cometa um spoiler involuntário e deixe alguém indignado por entregar alguma das muitas surpresas.

Então, assista ao filme assim mesmo, sem saber outros detalhes além do que já captou por aí.
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