quinta-feira, novembro 29, 2007

Viagem a Darjeeling

The Darjeeling Limited (Viagem a Darjeeling, 2007) é o novo filme de Wes Anderson. Ter o próprio trabalho supervalorizado pode afetar o cérebro com facilidade; no caso de Anderson isso não acontece. Continua fazendo filmes como sempre fez: um tanto insossos, um tanto engraçados, um tanto prosaicos, um tanto geniais, um tanto pretensiosos, um tanto humildes. Conseguir reunir essas características por si só é fato digno de menção. Um espectador terá classificado de insossa a escolha de Anderson pelos atores de sempre para fazer mais um rail-road-movie na história do cinema; outro rebaterá que de insosso o filme não tem nada, muito antes pelo contrário: é divertido e além disso, road movies são fontes inesgotáveis. Alguém por exemplo terá achado pretensão o fato de um diretor ter inventado um 'curta-metragem' dirigido por ele próprio para abrir seu próprio filme, numa espécie de onanismo cinematográfico; outros terão achado prova de humildade a realização de um filme sem objetivo algum. Alguns terão achado prosaicas as situações criadas para demonstrar virtuosismo na mesa de edição, enquanto outro terá considerado genialidade a simulação de um curta que é na verdade um prólogo e uma jogada narrativa. Todos os raciocínios são defensáveis, e eu mesmo oscilo entre assumir um ou outro.
Sem dúvida, Viagem a Darjeeling não é um filme que aborrece. Natalie Portman nua em pelo em Paris, uma sensual indiana dizendo 'Não goza dentro' a um americano no banheiro do trem (cena que bem poderia ter como trilha sonora 'Meet me in the bathroom' dos Strokes), um resgate na correnteza e um encontro de três irmãos amalucados: isso pode ser tudo menos aborrecido.

Um ano após o falecimento do pai, Francis (Owen Wilson) convoca os dois manos Peter (Adrien Brody) e Jack (Jason Schwartzman) para uma jornada em busca da mãe (Angelica Huston) que abandonou tudo e virou missionária nos confins do subcontinente indiano. Lá, conhecem personagens locais como Rita (Amara Karan), a funcionária do trem, e o pai de três meninos de uma remota vila (Irrfan Khan). O contato com pessoas e culturas novas enriquece o espírito dos três norte-americanos, cuja bagagem consiste em pomposas malas herdadas do pai (de fabricação Louis Vitton, conforme os créditos fazem questão de frisar). Numa cena de flashback, o cineasta Barbet Schroeder faz uma ponta como o dono de uma oficina mecânica.

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