segunda-feira, maio 08, 2006

Missão Impossível III



A câmera hitchcockiana de Brian De Palma inaugurou, em 1996, a série Missão Impossível no cinema; com requinte e classe, o diretor de Dublê de Corpo e Os Intocáveis realizou um bom filme de suspense e espionagem, entremeado de algumas cenas de aventura. Em 2000, coube a John Woo, que, pelos seus maneirismos, coreografias e marcas registradas, é um cineasta do tipo ame ou odeie, dirigir a continuação, com menos estofo e mais cenas eletrizantes. Esse processo de pasteurização culminou, em 2006, com o vertiginoso Missão Impossível 3, do diretor J.J. Abrams (criador da série Lost), que contém nada além de ação.
Uma das críticas possíveis ao formato fílmico é a de que a existência de um protagonista descaracterizou o charme da série televisiva, que era o de uma mecânica de equipe, onde todos exerciam funções específicas e de igual importância. Já a ‘franquia’ MI tem Luther Strickel (Ving Rhames), presente nos três filmes, e ele, o onipresente e cada vez mais pasteurizado Ethan Hunt (Tom Cruise). Do primeiro ao terceiro filme da série, a massa muscular de Ethan foi inflando e a cinzenta definhando. As missões foram exigindo mais peripécias mirabolantes e menos esforços pensantes. No entanto (ou portanto?), a bilheteria norte-americana do primeiro alcançou 180 milhões e a do segundo, 215 milhões de dólares.
Tom Cruise de novo atua sem dublês; alguém poderia se perguntar se é por honestidade com a platéia ou por narcisismo, para provar a si que ainda é capaz. Ou será que Tom Cruise já chegou ao patamar que não precisa mais provar nada a ninguém? O fato é que Tom Cruise corre, pula, salta, escala, escorrega, se dependura, despenca, em suma, faz tudo que fazia há 20 anos melhor, mais rápido e mais eficiente. Para homens comuns, 44 anos equivalem a rugas de preocupação, calvície em estádio avançado e tufos de cabelos grisalhos; para Tom Cruise, a maturidade, experiência e charme irresistível. Enquanto noutros a idade provoca efeitos indesejáveis, para Tom Cruise é sinônimo de mais adequação, felicidade e produtividade. Como se isso não bastasse, Tom Cruise está na idade em que atinge várias gerações de corações femininos.
Por conta disso, do maquiavélico vilão Owen Davian, interpretado pelo oscarizado Phillip Seymour Hofmann, de Zhen, a bela agente de traços orientais (Maggie Q), e do roteiro alucinante, que não privilegia o raciocínio, pode-se esperar que o terceiro supere a bilheteria dos dois primeiros.

2 comentários:

  1. AMEI O FILME (duas vezes!). Mas é que eu sou povão e não entendo nada de cinema.

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  2. olha, se vc entende ou não de cinema, é algo que só uma pessoa mais próxima a ti (teu irmão, talvez? ;) ) pode avaliar. e a propósito, lendo nas entrelinhas, não dá pra perceber que eu também gostei do filme? obrigado pela visita e continue deixando comentários.

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