terça-feira, junho 27, 2006

Uma vida nova


‘Road movie’ que acompanha o trajeto de Bihn, do interior do Vietnã, em busca do pai, que mora nos Estados Unidos. Ele nasceu da união entre um soldado ianque e uma moça vietnamita, durante a guerra entre os dois países. Esses mestiços são discriminados no Vietnã, e chamados de ‘menos que pó’.
Road movie é modo de dizer. São inúmeros os caminhos e os meios de transporte que Bihn utiliza em sua jornada. Monta no dorso de búfalos para singrar canais lamacentos; percorre os lagos em canoas para pescar traíras; pedala a velha bike até a cidade grande para achar a mãe e o pequeno meio-irmão; navega, primeiro no convés de um barco, e, depois, no porão de um navio, para atravessar mares e oceanos; nas rodovias americanas, viaja com outros imigrantes em caminhões e pega caronas em carrocerias de camionetes, tudo para alcançar o maior objetivo: conhecer o pai e iniciar uma vida nova.
A exemplo de Bihn, Uma Vida Nova também alcança os objetivos, mas de forma irregular. Maiores ressalvas são quanto ao roteiro, que oscila momentos de lirismo puro com situações forçadas. A roteirista não pensa duas vezes em fazer a história andar a qualquer custo. Pululam peripécias, reviravoltas, escorregões, fugas. A indecisa câmera do diretor norueguês Hans Petter Moland conta com o apoio de uma fotografia bem cuidada, uma trilha sonora competente e por último, mas não menos importante, a presença da exótica Bai Ling – no papel de uma prostituta por quem Bihn se apaixona.

sábado, junho 17, 2006

Receita para um filme soporífero


Ingredientes:
Um best-seller não muito fiel à História
Um produtor esperto
Um celular
Um produtor executivo
Um roteiro não muito fiel ao Best-seller
Um diretor burocrático
Uma atriz irreconhecível
Um ator sorumbático
Alguns rolos de película a mais
Uma pitada de falta de química

Modo de fazer: Pegue um produtor esperto, com grande visão, e disponibilidade de capital idem, coloque-o em contato com um best-seller, não muito fiel aos fatos históricos, do tipo que se lê 'de um fôlego'. Deixe os dois em banho-maria, à beira de uma piscina, ou de alguma praia paradisíaca, por um fim-de-semana. Acrescente um celular. Aguarde uma semana para os contatos. Quando a massa estiver engrossando, polvilhe o produtor executivo, que irá contratar uma equipe de roteiristas adaptadores. Muito cuidado agora! A escolha do diretor é essencial para se obter uma ótima sonolência fílmica. Se conseguir o Ron Howard, ótimo! Coloque-o lentamente na fervura. Espere o diretor borbulhar e introduza, primeiro, a atriz irreconhecível e, em seguida, o ator sorumbático - sem esquecer da pitada de falta de química entre eles. Espere a mistura coalhar e enfeite com rolos de película a gosto.

Sirva de preferência à noite.