sábado, maio 27, 2017

Sicário: terra de ninguém

A rose is a rose is a rose, e um filme de Denis Villeneuve é um filme de Denis Villeneuve é um filme de Denis Villeneuve. Ou seja, não vá querer uma ação alucinante porque não vai encontrar nunca. É um diretor calminho, que testa um pouco a paciência do espectador, como se quisesse ver se ele merece chegar à "parte boa" do filme. Quem perseverar em Sicário: terra de ninguém terá a oportunidade de ver Benicio Del Toro como há tempos não víamos. Um dos leitmotivs do filme é a tensão existente entre o enigmático personagem dele e o de Emily Blunt, uma policial convidada a participar de uma operação antitráfico de entorpecentes. O filme traz uma velada crítica aos métodos policiais e dá uma amostra da assustadora realidade de alguns enclaves do tráfico.




Os maiores mistérios de Scooby Doo

Os fãs da série votaram para escolher os 4 episódios mais divertidos e significativos.


Esta seleção é o resultado da votação feita pelos fãs.

Uma das possibilidades do dvd é brincar com os áudios disponíveis em francês, espanhol e português, além do original.

Por exemplo, no episódio Jeepers, it's the Creeper!, existe uma entidade misteriosa que é chamada de "Creeper" no original. Em português, ficou "Monstro". Fomos conferir em espanhol como ficou: "El Rastreador"!



Título original                   Título brasileiro            Episódio Nº       Passou a 1ª vez

A clue for Scooby Doo       Uma pista para Scooby-Doo           2                    20/9/1969

Hassle in the Castle           De sururu no castelo                     3                    27/9/1969

Jeepers, it's the Creeper!    De arrepiar os cabelos                21                    03/10/1970

Backstage Rage                  Nos bastidores                             9                    28/11/1969






terça-feira, maio 23, 2017

Minha mãe é uma peça 2

Maior bilheteria do cinema brasileiro (118 milhões de reais, com um orçamento de 8 milhões, sendo também provavelmente o mais lucrativo filme nacional da história) e quarto maior público da história do cinema brasileiro, Minha mãe é uma peça 2 reúne uma série de esquetes cuja protagonista é a já celebérrima Dona Hermínia, criação do ator e roteirista Paulo Gustavo.
A personagem, inspirada na mãe do ator e por ele interpretada, é desbocada e irreverente, mas tem uma ternura que conquista especialmente as mães, que se identificam com suas aventuras e desventuras.



Um detalhe geográfico contribui para o sucesso da personagem: o ponto de vista é de quem mora em Niterói, com cenas filmadas em locais bonitos, mas pouco conhecidos do público geral. Isso transmite autenticidade e veracidade a esta comédia de costumes, que, em última análise, não tem uma história.  
O que chama atenção é o fato de o filme não ter absolutamente uma linha narrativa. Existe uma mescla de temas, como a presença de D. Hermínia à frente de seu programa de tevê, o destino nem sempre ideal dos filhos, a relação com as irmãs e com a tia, a cantada do ex-marido, a visita do neto sapeca, os problemas com o síndico, etc.
Sob esse prisma, contribui para o sucesso artístico do filme a montagem ágil, que faz o filme andar, mesmo sem ter um grande fio condutor.


Haverá um terceiro filme da franquia?
Enquanto comemoram o merecido sucesso do filme, essa pergunta bem poderia gerar uma autocrítica construtiva aos roteiristas Fil Braz e Paulo Gustavo. É evidente que a personagem tem fôlego para prosseguir, mas seria interessante vê-la em situações que outros personagens e atores possam brilhar, numa história que tenha começo, meio e fim.


domingo, maio 21, 2017

TOP TEN LIVING DIRECTORS

Conforme prometido no post sobre os TOP TEN DIRETORES FALECIDOS, hoje vou publicar a lista dos TOP TEN DIRETORES VIVOS. Também foi uma tarefa espinhosa reduzir a lista a apenas dez. Para vocês terem uma ideia, alguns de meus preferidos que ficaram de fora: Danny Boyle, Emir Kusturica, Jean-Pierre Jeunet, Kathryn Bigelow, Patrice Leconte, Quentin Tarantino, Sam Raimi, Zack Snyder, Alejandro Amenábar, Paul Thomas Anderson e Nuri Bilge Ceylan.


Seguem alguns pôsteres da filmografia eclética dos 10 que entraram na lista.

Em ordem alfabética:


Darren Aronofsky



David Lynch





James Cameron







Lasse Hallström



Pedro Almodóvar


Peter Jackson



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Peter Weir

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Ridley Scott




Steven Spielberg



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Zhang Yimou







sábado, maio 13, 2017

PRIMEIRO CD DA OSINCA


O primeiro CD da OSINCA é um belo cartão de visitas de quem logo diz a que veio. Da seleção à execução, dos arranjos aos vocais, as dez faixas do discretamente denominado “Nº 1” popularizam o clássico e elevam o pop a patamares etéreos.

Gravado com esmero na acústica perfeita da nave da Igreja Nosso Senhor Bom Jesus, em Carazinho, o CD traz em cada celestial acorde as marcas da gênese da OSINCA: acreditar, perseverar, realizar, transformar sonhos em realidade.

Coloque o fone de ouvidos, feche os olhos.

Impossível não se arrepiar ao ouvir este CD.

A técnica refinada dos músicos é percebida, mas também sua paixão.

O mais lindo de uma orquestra, afinal de contas, não é a individualidade que aflora, mas a harmonia do conjunto, e a OSINCA nesse quesito é imbatível. Os componentes se conhecem muito, ensaiam à exaustão, e isso transparece no resultado.
Nada melhor que a força de um allegro de Mozart para abrir um CD cuja principal característica é a energia, a mescla de ternura e ritmo, alegria e introspecção.

Eine Kleine Nachtmusik de Mozart condensa tudo isso e abre os trabalhos de modo impactante.

O contraste é estabelecido com a melodia calma e as palavras sentidas de Lascia ch’io pianga, da ópera Rinaldo de Händel, na voz da soprano Cintia de los Santos. Como disse Edgar Allan Poe em seu ensaio O princípio poético:  “Certa tonalidade de tristeza liga-se inseparavelmente a todas as mais elevadas manifestações da verdadeira Beleza”.

Lascia ch'io pianga mia cruda sorte, e che sospiri la libertà. Il duolo infranga queste ritorte de' miei martiri sol per pietà. Ou em tradução livre de quem pouco entende italiano: Deixe que eu chore/Minha má sorte/E que eu suspire/Por liberdade!/Que a dor estoure/Grilhões e corte/O meu martírio.../Por piedade! Aqui, a orquestra humildemente se põe a serviço das sublimes cordas vocais da soprano, num dos pontos altos do CD.

A terceira faixa é uma curiosidade, mas também uma afirmação: somos de Carazinho, somos brasileiros. Mas temos sotaque! Somos também gaúchos, da ponta mais austral desta república, falamos “tchê!” e ouvimos música nativista, como este tradicional chamamé argentino. Não só ouvimos, como adaptamos para um arranjo clássico. Sob esse prisma, a adaptação de Km 11, por mais rápida e despretensiosa que seja, é também uma das mais significativas do CD.


Quem brilha na faixa 4, Con te Partiró, de Francesco Sartori, é outra voz, a do tenor Luiz Wiedthauper, na canção gravada por Andrea Boccelli em 1995. Num crescendo, a música de Sartori prepara os ouvidos para Nella Fantasia, ápice orquestral de Ennio Morricone, da trilha sonora do filme A missão. A percussão dá um tom de suspense à peça dominada pela harmonia dos vocais com os múltiplos instrumentos da OSINCA.

Completa a homenagem ao cinema a faixa 6, o solo de violino de A lista de Schindler, do compositor contemporâneo John Williams, num momento de melancolia que serve de interlúdio para o retorno às árias. A faixa 7, Ombra mai fu, da ópera Xerxes, de Händel, enaltece a incomparável sombra de um plátano. Um tema prosaico é o mote para esta que se tornou uma das mais famosas árias händelianas.

A mistura de pop com clássico da OSINCA chega ao auge na faixa 8, talvez a mais emblemática do CD. O maestro Fernando Cordella compôs o arranjo para o sucesso do Alphaville, Forever Young, para sua bem afinada orquestra acompanhar o inspirado dueto de soprano e tenor.

O CD está chegando ao fim. É hora de um allegretto de Beethoven para educar os ouvidos e preparar o grand finale da faixa 10: Aleluia de Händel.

Por sinal, não é à toa que o compositor barroco, com 3 peças, constrói a “coluna vertebral” do CD: a música de Händel, embora ligada a um “movimento”, é cosmopolita e popular, até mesmo pela trajetória do compositor alemão, naturalizado britânico.

Tanto melhor: são nessas faixas barrocas que o ouvinte tem a oportunidade de captar todas as sutis e delicadas sonoridades do cravo, instrumento em que Fernando Cordella é especialista.

Os 44 minutos do No. 1 passam voando e são uma excelente pedida para relaxar numa chuvosa tarde de sábado ou como trilha sonora de um glorioso amanhecer na rodovia.



domingo, maio 07, 2017

Agonia e glória

A história deste filme é curiosa. Após mais de trinta anos de gestação na cabeça de seu realizador, Samuel Fuller, concretizou-se em 1980, quando passou nos cinemas mundo afora na "Theatrical Version", ou seja, a versão original, montagem oficial para o "grande público".
Em 2004, após o falecimento do diretor e o achado de um filme promocional com cenas deletadas da versão do cinema, os produtores remasterizaram, estenderam e lançaram, em pleno Festival de Cannes, a versão "reconstruída" e definitiva.



O relançamento em Cannes insuflou nova vida na obra e despertou o interesse do público do século XXI por este considerado por muitos como o maior filme de guerra já feito.

Agonia e glória (o título original, The Big Red One, é uma referência ao número 1 vermelho, símbolo da Primeira Divisão de Infantaria) acompanha as missões de um sargento e seu pelotão, de 1942 a 1945, em várias situações de combate e em diversos palcos sangrentos. Argélia, Sicília, Normandia, Tchecoslováquia: em cada batalha, em cada desembarque, os soldados têm de enfrentar o medo de se transformar em estatística, de não sobreviver aos horrores da guerra.

No filme, um dos infantes, Zab, romancista ainda não publicado (deixou os originais com a mãe dele), tem o hábito de fumar charutos. Nos extras, vemos Samuel Fuller fumar inveteradamente um charuto após o outro. Noutro "featurette", a filha dele, também com um grosso charuto na boca, explica a gênese dos 5 personagens principais do filme.

Para ela, o sargento e cada um dos 4 recrutas têm algum aspecto da personalidade do pai, que participou da guerra e pôde coletar 'in loco' muitas situações inusitadas que viraram o rico material que dá estofo ao filme.

Um parto realizado dentro de um tanque. Um enfermeiro que assedia o ferido (na versão estendida). Uma criança italiana que só quer dar um enterro digno à mãe. Um momento idílico de alegria antes de ir ao front. Sem falar, é claro, nas inúmeras particularidades das táticas de combate, nas idiossincrasias da caserna que só alguém que foi infante poderia detalhar.

Em especial, é um filme de guerra que escancara as divergências internas de cada exército, que se detém na face humana de cada soldado.

Fuller insere até uma sequência que nos remete a Um estranho no ninho: a cena em que o pelotão precisa invadir uma espécie de manicômio, que estava dominado pelos nazistas.

Talvez seja desnecessário comentar, mas Agonia e glória não é o tipo de filme "fácil" de ser apreciado. É preciso perseverança, é uma questão de se acostumar aos poucos com a aridez da paisagem (mas não de ideias!), com o ritmo pausado, com o estilo fulleriano de contar prosaicamente fatos fabulosos. Depois que a gente se familiariza com esse andamento, então é provável que o filme se torne um vício e que você queira repetir a experiência, vê-lo incansável e repetidamente, como se ele fosse um daqueles charutos que a família Fuller tanto gosta. Sem dúvida, é um filme que "gruda" na gente, que nos deixa impregnados com a poeira e o medo de levar um tiro ou um estilhaço, mas também com a poesia das entrelinhas.

O blu-ray traz as duas versões, recomendo começar pela versão que passou no cinema, para, mais tarde, assistir à versão reconstruída, que passou em Cannes, com 47 minutos extras.

As atuações dos cinco atores principais entraram para o rol das atuações épicas: Lee Marvin na pele do sargento, e os quatro soldados: Mark 'Luke Skywalker' Hamill é o hesitante Griff; Robert Carradine é Zab (autor de um obscuro romance e narrador do filme); Bobby Di Cicco é Vinci, cujo conhecimento do idioma italiano vai ajudar o pelotão na missão na Sicília; e, por fim, Kelly Ward é Johnson, o soldado com origens no meio rural.

Mark Hammil comenta nos extras que havia recusado a participar do filme, mas aceitou reunir-se
com o diretor para explicar os motivos da recusa. Então, mudou de ideia.
Sábia decisão: Griff é um personagem multifacetado, que exigiu bastante do talento do ator.