terça-feira, dezembro 02, 2014

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Você vai conhecer o homem de seus sonhos (+1000);
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Spielberg: Shallow or Substantial? (824);

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Serpentes a bordo (666);
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Dos quadrinhos para as telas (660);
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Morus nigra (648);
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David Lean's British Literature (466);
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Molina's Ferozz (422);

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Daisy Miller (375);
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Mangue negro (362);
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Horror gráfico sexual (357);
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Dentro da casa (310);
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Dos quadrinhos para as telas: Sin City (294);
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A Serbian Film (247);
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David Lynch (230);
http://olharcinefilo.blogspot.com.br/2011/08/masters-of-cinema-david-lynch.html

Piranha 3-D (197);
http://olharcinefilo.blogspot.com.br/2010/10/piranha-3-d.html

Senha 1 para Eraserhead (196);
http://olharcinefilo.blogspot.com.br/2011/08/senha-1-para-eraserhead.html

O Romance da Inglaterra (193);
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Tommy & Tuppence: sempre aventureiros (186);
http://olharcinefilo.blogspot.com.br/2010/02/tommy-tuppence-sempre-aventureiros.html

domingo, julho 20, 2014

12 anos de escravidão

Os incautos devem pensar que a Academia "mudou o perfil" e, de uns anos para cá (leia-se, a partir de Crash) tem premiado filmes de produtoras menores, mais "artísticos" e menos "comerciais". Essa é a percepção de quem não tem conhecimento da história do Oscar, o mais importante prêmio do cinema mundial. Afinal, SEMPRE a Academia premiou filmes independentemente de seu orçamento, SEMPRE a Academia chamou a atenção para filmes que valem a pena serem vistos, SEMPRE a Academia serviu ao público de baliza do melhor que se faz do cinema num ano, numa década. E 12 anos de escravidão só confirma a tradição da Academia em acertar em cheio. O filme de Steve Mcqueen abiscoitou três Oscars: Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Atriz Coadjuvante. O roteiro bem alinhavado de John Ridley baseia-se no livro 12 years a slave, narrativa verídica publicada em 1853, e conta a assustadora situação de Solomon Northrup (Chiwetel Ejiofor), violinista nova-iorquino que é raptado e vendido para trabalhar como escravo nas fazendas de algodão, no sul dos EUA. De fazenda em fazenda, Solomon vivencia vários dramas e conhece a realidade de outros escravos, como a tímida Patsey (Lupita Nyong'o), assediada pelo fazendeiro Edwin Epps (Michael Fassbender, indicado para o Oscar de coadjuvante). A saga de Solomon é contada com um supremo cuidado com todos os detalhes, desde o figurino até a maquiagem, e, é claro, a fotografia e a direção. Com um elenco de apoio bastante expressivo (Paul Dano, Sarah Paulson, Paul Giamatti, Benedict Cumberbatch e Brad Pitt, entre outros), 12 anos de escravidão mostra com uma fotografia deslumbrante a contundente beleza das paisagens sulistas, contrastando ainda mais com os horrores humanos que ali aconteceram. Nos extras, o diretor Steve Mcqueen explica como concebeu e foi realizada a cena do açoite de Patsey, uma das mais impactantes do filme. E também o ator Chiwetel Ejiofor lê trechos do livro, permeados com cenas e depoimentos dos atores e profissionais que participaram da produção.

Olho nu

O grupo Secos e molhados fez um sucesso meteórico na década de 1970 no Brasil, musicando poemas e teatralizando nas apresentações. Foi um dos momentos mais significativos da carreira do cantor Ney Matogrosso, camaleônico intérprete da MPB. Essa fase e outras tantas aparecem no documentário Olho nu, de Joel Pizzini. A película mostra o background do cantor, sua relação conturbada com o pai militar (mas que no fim aceita o fato de o filho ser artista), sua dificuldade em se resignar com as imposições do "mercado fonográfico", sua versatilidade de repertório, suas muitas e férteis parcerias com outros cantores e compositores. Prato cheio para quem deseja conhecer mais sobre a história não só de um importante cantor nacional, mas de nossa música.

Oslo, 31 de agosto

Com direção de Joachim Trier, Oslo, 31 de agosto é um filme que nos desperta sensações ambíguas. Ou melhor, nada a ver usar plural majestático num blog de cinema. E sobre suas próprias sensações, aliás, cada um deve tentar identificar e saber reconhecer. Portanto, vou falar das minhas. Ora, quem é que vai numa sala de cinema alternativa em plena manhã dominical para assistir a um filme norueguês cuja resenha já indica que é do tipo “de cortar os pulsos”? No mínimo, nenhum desavisado. No mínimo, alguém que já sabe que o filme remete a Trinta anos esta noite, realizado por Louis Malle em 1960, adaptação do livro Fogo fátuo, de Pierre Drieu La Rochelle, inspirado na vida do poeta francês Jacques Rigaut. Mesmo assim, não consigo negar que o filme me provocou, a princípio, uma profunda irritação. Mais um filme tedioso composto sob a égide do dogma 95, mais uma película sobre vazio existencial, sucessão de diálogos cotidianos e enfadonhos cujo interlocutor sempre é o mesmo e enfadonho protagonista. Pausa. Respire fundo. Tente ir além. Observe o rigor formal. A arte que involucra a história. A música que não toca, exceto quando há música de verdade, A-ha tocando no rádio do táxi, um piano melancólico tocado em uma casa prestes a ser vendida. Cena após cena, a irritação começa a dar espaço à admiração. Em especial, a cena em que Anders senta sozinho num café e passa a prestar atenção quase involuntariamente nas conversas das mesas ao redor. Identifiquei-me com esta cena. Anders (Anders Danielsen Lie) é meio assim, parece que mesmo sem querer, nada lhe escapa, tem uma audição panorâmica e um radar até meio paranoico, tipo, que nota quando alguém lhe observa ou comenta algo sobre ele. Começo a tentar entender Anders e a me identificar com ele, e não é difícil para ninguém se identificar com um perdedor com QI alto habitante de um país nórdico. Ah, a bela sonoridade das línguas escandinavas! Para desfrutar de Oslo, 31 de agosto, basta isso: baixar a guarda. Entregar-se ao filme e à arte cinematográfica como um suicida imola a alma.

Getúlio

O livro Passado imperfeito: a história no cinema (Record, 1997), organizado por Mark C. Carnes, traz uma série de artigos em que historiadores analisam o vínculo entre produções cinematográficas e o registro histórico. Nesse sentido, seria no mínimo interessante reunir uma mesa-redonda de biógrafos de Getulio Vargas para debater o que, no filme Getúlio, existe de idealização, confirmação e deturpação dos fatos. Quanto ao filme em si, poderia ser chamado de Beco sem saída ou Crônica de um suicídio anunciado. Enfocando os últimos dias da vida do presidente brasileiro, o filme de João Jardim (especialista em documentários como Pro dia nascer feliz) dá uma ideia da atmosfera sufocante respirada por Vargas naquele difícil período e dos motivos que o levaram a tomar a extrema medida. Sem entrar no mérito da questão histórica, que, como ressaltei, exigiria a opinião de quem estudou profundamente a matéria, Getúlio destaca-se pelas soberbas atuações de Toni Ramos, Alexandre Borges (no papel de Carlos Lacerda) e, principalmente, de Drica Moraes, que encarna a discreta Alzira Vargas, filha do presidente, dessas personagens que, à primeira vista, “não fedem, nem cheiram”, mas que exercem seu poder silencioso de modo sutil e eficaz.

sábado, abril 05, 2014

Trem noturno para Lisboa



 Certos filmes ficam na cabeça da gente.
 Por duas semanas a fio, ruminei as belas e pausadas cenas do filme de Bille August. 


O cineasta dinamarquês venceu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e a Palma de Ouro em Cannes com Pelle, o conquistador, em 1988. Em 1992, levou de novo a Palma de Ouro com As melhores intenções

Ruminei as belas e pausadas cenas na tentativa de descobrir o tema principal da obra, adaptada do livro homônimo de Pascal Mercier. Após muito meditar, cheguei à conclusão: o encontro de almas gêmeas.



 Em Trem noturno para Lisboa, um professor suíço, Raimond Gregorius, impede o suicídio de uma misteriosa moça prestes a se jogar de uma ponte, em Berna. Transtornada, a moça o acompanha até o colégio onde o professor leciona e é convidada a assistir à aula. O professor pendura o trench coat vermelho da moça no cabideiro. Súbito ela se retira da sala, deixando para trás o trench coat, e, no bolso, o livreto de um autor português: Amadeo Garcia. Intrigado, o professor leva o pequeno volume a um livreiro amigo seu. Ele conta que vendeu um livro a uma moça que vestia um casaco vermelho. Ao folhear o livro, uma passagem noturna para Lisboa cai do meio das páginas. Esse é apenas o começo de uma saga que levará o ensimesmado professor a abandonar sua rotina de décadas e partir em uma incessante busca para desvendar o mistério por trás da moça quase suicida e do autor português. Com um olhar sobre o período da história portuguesa que antecedeu a Revolução dos Cravos, alguém poderia ressaltar que Trem noturno para Lisboa na verdade é um filme sobre tortura, repressão, resistência e política. 



Por outro lado, as personagens vão formando vínculos invisíveis, mas intensos, que explicam suas às vezes desesperadas atitudes. O vínculo intelectual do professor com as palavras escritas por Amadeo Garcia. O vínculo obsessivo entre irmã e irmão. O vínculo entre dois amigos do peito. O vínculo entre uma mulher atraente e o melhor amigo do namorado. Por fim, o vínculo entre um professor divorciado e uma oftalmologista. Com brilhantes atuações do inglês Jeremy Irons, na pele do professor; da alemã Martina Gedeck (como Mariana, a oftalmologista); da eterna musa britânica Charlotte Rampling (como a irmã de Amadeo); de Christopher Lee, como o padre; da sueca Lena Olin, como a Stefânia madura; e de um bom elenco de jovens atores inclusive portugueses, Trem noturno para Lisboa é um filme delicado sobre o encontro de almas – às vezes, inusitadamente - gêmeas.
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quinta-feira, janeiro 23, 2014

Argo

ARGO

Argo recria, com elogiável distanciamento, um importante episódio histórico: a invasão da Embaixada dos EUA no Irã por uma feroz facção de manifestantes que fez 52 reféns, a fuga de fininho de seis funcionários, o refúgio clandestino na residência do embaixador canadense e, por fim, a exfiltração de Teerã forjando a produção falsa de um filme de ficção fake (aff, quanto "f" nesta frase, não é Ben Affleck?). A operação no mínimo ousada e corajosa foi levada a cabo pelo agente da CIA Tony Mendez. Claro que o roteiro embeleza um pouquinho e acrescenta e omite. Mas o maior mérito de Argo é não ser maniqueísta. Chama a atenção para o jogo político, para como as decisões de Relações Exteriores afetam o país e como a pressão da mídia afeta as decisões das cúpulas. Dirigido por Ben Affleck, que também interpreta o protagonista, Argo revela uma incomensurável paixão pelo cinema, mas essa paixão não ofusca nem cega: pelo contrário, serve como ponto de partida e como fonte de comentários ácidos e irônicos sobre a indústria cinematográfica. O filme vencedor do Oscar não tem nada de extraordinário, mas é um filme honesto, bem realizado e cuidadoso com os detalhes.  


sábado, janeiro 04, 2014

Minhocas

Com apoio tecnológico da UFSC, os realizadores Paolo Conti e Arthur Nunes retrabalharam as ideias do premiado curta-metragem homônimo, e o resultado é o primeiro longa-metragem de stop-motion tupiniquim. O tratamento técnico é esmerado, mas o trunfo de Minhocas é a ponderada construção dos personagens: o inseguro Júnior, o nerd Nico e a bad girl Linda, trio que vai combater um lunático tatu-bola e sua gangue e descobrir a importância da amizade, da perseverança e do trabalho em equipe. Famosos emprestam suas vozes a coadjuvantes: Rita Lee é Marta, a mãe de Júnior, Daniel Boaventura é Big Wig (o tatu-bola vilão) e Mister Jumping (super-herói mascarado nos dois sentidos) e Anderson Silva é Cabelo, um dos capangas de Big Wig. Com custo de 10 milhões de reais, Minhocas é stop-motion made in Brazil com áudio em inglês, prontinho para o mercado global (o roteiro tem a colaboração do canadense Thomas LaPierre, da série O mundo encantado de Richard Scarry).