Os incautos devem pensar que a Academia "mudou o perfil" e, de uns anos para cá (leia-se, a partir de Crash) tem premiado filmes de produtoras menores, mais "artísticos" e menos "comerciais". Essa é a percepção de quem não tem conhecimento da história do Oscar, o mais importante prêmio do cinema mundial. Afinal, SEMPRE a Academia premiou filmes independentemente de seu orçamento, SEMPRE a Academia chamou a atenção para filmes que valem a pena serem vistos, SEMPRE a Academia serviu ao público de baliza do melhor que se faz do cinema num ano, numa década. E 12 anos de escravidão só confirma a tradição da Academia em acertar em cheio. O filme de Steve Mcqueen abiscoitou três Oscars: Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Atriz Coadjuvante. O roteiro bem alinhavado de John Ridley baseia-se no livro 12 years a slave, narrativa verídica publicada em 1853, e conta a assustadora situação de Solomon Northrup (Chiwetel Ejiofor), violinista nova-iorquino que é raptado e vendido para trabalhar como escravo nas fazendas de algodão, no sul dos EUA. De fazenda em fazenda, Solomon vivencia vários dramas e conhece a realidade de outros escravos, como a tímida Patsey (Lupita Nyong'o), assediada pelo fazendeiro Edwin Epps (Michael Fassbender, indicado para o Oscar de coadjuvante). A saga de Solomon é contada com um supremo cuidado com todos os detalhes, desde o figurino até a maquiagem, e, é claro, a fotografia e a direção. Com um elenco de apoio bastante expressivo (Paul Dano, Sarah Paulson, Paul Giamatti, Benedict Cumberbatch e Brad Pitt, entre outros), 12 anos de escravidão mostra com uma fotografia deslumbrante a contundente beleza das paisagens sulistas, contrastando ainda mais com os horrores humanos que ali aconteceram. Nos extras, o diretor Steve Mcqueen explica como concebeu e foi realizada a cena do açoite de Patsey, uma das mais impactantes do filme. E também o ator Chiwetel Ejiofor lê trechos do livro, permeados com cenas e depoimentos dos atores e profissionais que participaram da produção.
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