Getúlio
O livro Passado imperfeito: a história no cinema (Record, 1997), organizado por Mark C. Carnes, traz uma série de artigos em que historiadores analisam o vínculo entre produções cinematográficas e o registro histórico. Nesse sentido, seria no mínimo interessante reunir uma mesa-redonda de biógrafos de Getulio Vargas para debater o que, no filme Getúlio, existe de idealização, confirmação e deturpação dos fatos. Quanto ao filme em si, poderia ser chamado de Beco sem saída ou Crônica de um suicídio anunciado. Enfocando os últimos dias da vida do presidente brasileiro, o filme de João Jardim (especialista em documentários como Pro dia nascer feliz) dá uma ideia da atmosfera sufocante respirada por Vargas naquele difícil período e dos motivos que o levaram a tomar a extrema medida. Sem entrar no mérito da questão histórica, que, como ressaltei, exigiria a opinião de quem estudou profundamente a matéria, Getúlio destaca-se pelas soberbas atuações de Toni Ramos, Alexandre Borges (no papel de Carlos Lacerda) e, principalmente, de Drica Moraes, que encarna a discreta Alzira Vargas, filha do presidente, dessas personagens que, à primeira vista, “não fedem, nem cheiram”, mas que exercem seu poder silencioso de modo sutil e eficaz.
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