quinta-feira, janeiro 23, 2014

Argo

ARGO

Argo recria, com elogiável distanciamento, um importante episódio histórico: a invasão da Embaixada dos EUA no Irã por uma feroz facção de manifestantes que fez 52 reféns, a fuga de fininho de seis funcionários, o refúgio clandestino na residência do embaixador canadense e, por fim, a exfiltração de Teerã forjando a produção falsa de um filme de ficção fake (aff, quanto "f" nesta frase, não é Ben Affleck?). A operação no mínimo ousada e corajosa foi levada a cabo pelo agente da CIA Tony Mendez. Claro que o roteiro embeleza um pouquinho e acrescenta e omite. Mas o maior mérito de Argo é não ser maniqueísta. Chama a atenção para o jogo político, para como as decisões de Relações Exteriores afetam o país e como a pressão da mídia afeta as decisões das cúpulas. Dirigido por Ben Affleck, que também interpreta o protagonista, Argo revela uma incomensurável paixão pelo cinema, mas essa paixão não ofusca nem cega: pelo contrário, serve como ponto de partida e como fonte de comentários ácidos e irônicos sobre a indústria cinematográfica. O filme vencedor do Oscar não tem nada de extraordinário, mas é um filme honesto, bem realizado e cuidadoso com os detalhes.  


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