Harold Crick (Will Ferrell) é um metódico e solitário auditor da Receita Federal que conta as escovadas nos dentes e os passos até pegar o ônibus. Passa os dias a investigar contribuintes pegos na malha fina. Seu único amigo é o colega de trabalho Dave (Tony Hale), a quem confidencia estar ouvindo uma voz feminina que narra em vocabulário cheio de metáforas e figuras de linguagem a sua previsível rotina, cujo próximo trabalho é auditar as contas de uma confeitaria. Harold consulta o Dr. Cayly (Tom Hulce), que lhe aconselha férias, e depois a psiquiatra Dra. Mittag-Leffler (numa pontinha da oscarizada Linda Hunt de O Ano em que Vivemos em Perigo) que, ao tomar conhecimento do problema narrativo de Harold, o recomenda a procurar alguém que entenda de literatura. É assim que Harold chega ao professor de teoria literária Jules Hilbert (Dustin Hoffman). In the meantime, Harold apaixona-se por Ana Pascal (Maggie Gyllenhaal), a rebelde dona da confeitaria. Paralelamente, a escritora Karen Eiffell (Emma Thompson), com a ajuda da assistente Penny Escher (Queen Latifah), luta para superar um bloqueio criativo.
Essas são as curiosas premissas de Stranger than Fiction (2006), o filme do realizador Marc Forster (cujo projeto para 2007 é O Caçador de Pipas). A filmografia do suíço formado em cinema na NYU inclui A Passagem (2005), Em Busca da Terra do Nunca (2004) e A Última Ceia (2001). Se em Mais estranho que a ficcção os temas soturnos e a obsessão com o suicídio e a morte permanecem, dão espaço para uma certa leveza e comicidade, elementos de um roteiro recheado de detalhes literários. O modo com que o Professor Hilbert intercede no intrigante caso de Harold vai deliciar quem aprecia uma boa narrativa e - mais ainda - quem tem a referência de um (a) professor (a) de teoria literária. Mais estranho que a ficção lembra - pelo lirismo, estofo literário e estilo 'filme-cabeça' - Adaptação (2002), dirigido por Spike Jonze e co-roteirizado por Charlie Kaufman.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é bem-vindo!