Consta que o diretor Jia Zhang-ke era pintor antes de dedicar-se ao cinema. Em busca da vida pinta com tintas soturnas uma China em literal demolição. Prédios demolidos em locais em breve inundados por uma barragem. Vidas demolidas pela incompreensão e pelo desamor. Uma sociedade desarticulada em processo de desconstrução, face às exigências do "mundo globalizado". Uma China na corda bamba (como os demais países do BRIC, grupo de países emergentes que inclui também o Brasil, a Rússia e a Índia), oscilando entre a revolução tecnológica e o uso de métodos que privilegiam a mão de obra barata.
Pois é como trabalhador no ramo das demolições que Han (Han Sanming) consegue emprego enquanto procura localizar a esposa e a filha que não vê há dezesseis anos. História inserida dentro da história principal é a de Shen (Zhao Tao), outra pessoa em busca de alguém, no caso o marido que a deixou numa província para trabalhar num centro maior e parou de mandar notícias. Sempre bebericando água de uma garrafa plástica, não sossega até encontrar o marido. Mas o filme centra-se mesmo na saga de Han. Na jornada em busca da filha, conhece pessoas como o dono da pensão desalojado devido às demolições e o simpático colega de trabalho que acaba soterrado no meio dos entulhos.
Com fotografia opressiva, toques non-sense e falta de pressa em contar a (?) história, Jia Zhang-ke ostenta o posto de um dos "mais importantes cineastas mundiais". Talvez o mais correto fosse rotulá-lo como um dos "mais engajados cineastas mundiais". Que os recursos artísticos utilizados pelo diretor (lentidão, poucas cores, escuridão, ausência de fatos relevantes no enredo) atingem seus objetivos não há dúvida.
A China pintada por ele é uma China de prédios em demolição, vales inundados, pessoas enganadas, trabalhadores explorados com baixos salários e sem o mínimo de segurança, esposas compradas. Uma China em que prevalecem sentimentos como o desamor e a intolerância. Uma China sem esperança. Uma China cuja globalização parece faltar a "face humana", apregoada pelo indiano Jagdish Bhagwati na obra Em defesa da globalização.
Pois é como trabalhador no ramo das demolições que Han (Han Sanming) consegue emprego enquanto procura localizar a esposa e a filha que não vê há dezesseis anos. História inserida dentro da história principal é a de Shen (Zhao Tao), outra pessoa em busca de alguém, no caso o marido que a deixou numa província para trabalhar num centro maior e parou de mandar notícias. Sempre bebericando água de uma garrafa plástica, não sossega até encontrar o marido. Mas o filme centra-se mesmo na saga de Han. Na jornada em busca da filha, conhece pessoas como o dono da pensão desalojado devido às demolições e o simpático colega de trabalho que acaba soterrado no meio dos entulhos.
Com fotografia opressiva, toques non-sense e falta de pressa em contar a (?) história, Jia Zhang-ke ostenta o posto de um dos "mais importantes cineastas mundiais". Talvez o mais correto fosse rotulá-lo como um dos "mais engajados cineastas mundiais". Que os recursos artísticos utilizados pelo diretor (lentidão, poucas cores, escuridão, ausência de fatos relevantes no enredo) atingem seus objetivos não há dúvida.
A China pintada por ele é uma China de prédios em demolição, vales inundados, pessoas enganadas, trabalhadores explorados com baixos salários e sem o mínimo de segurança, esposas compradas. Uma China em que prevalecem sentimentos como o desamor e a intolerância. Uma China sem esperança. Uma China cuja globalização parece faltar a "face humana", apregoada pelo indiano Jagdish Bhagwati na obra Em defesa da globalização.
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