Hoje está na moda chamar poetisas de poetas, mas teve uma época em que se ensinava na escola que o feminino de poeta é (era) poetisa. Feministas acreditam que poetisa é um termo sexista, talvez por isso a atual popularidade de poeta comum de dois. Só queria dizer uma coisa. Poetisa é uma palavra bonita. Mais bonita até do que poeta. E mais feminina e delicada.
Pois este post tem a intenção de comentar o lançamento do livro da poet(is)a Márcia Knop.
[by the way: poet (is) a Poe tis' a poetiza
poetisa!]
Como ia dizendo, essa moça baiana e cosmopolita morou em Porto Alegre (entre outros e variados lugares) e hoje mora em Washington, D. C., digo, Brasília. A tradução literária nos uniu colegas em duas memoráveis oficinas. Eis que o talento da menina não se limitava à sociologia e a voos tradutórios: por baixo, mansa e subterraneamente, corria um regato que aflorou em água de cristalina poesia: Conta outra, da Editora Livronovo (http://www.livronovo.com.br/).
Finura nos dois sentidos: de um fino moderno (ou seja, à la Manoel de Barros) e de uma finèsse irretocável, uma sensibilidade refinada. Do tipo que fica melhor a cada releitura. Abaixo duas amostras pinçadas dos 38 poemas:
Alta-costura
o meu vestido
indefectível
foi feito à mão
é um romance
de mistério
a trama do tecido
é elaborada
a textura,
sem emenda,
provoca
uma sensação
visual e outra tátil
segredos
somente desvendados
pela alta-costura
abrir seus botões
é um risco
Microplaneta
projeta-se para frente,
mês a mês,
esférica
ao vê-la,
a associação é imediata
globo terrestre
um hábitat
completo,
por longas
40 semanas
(Knop, Márcia. Conta outra. São Paulo: Livronovo, 2009)
Dear friend, thanks a lot!
ResponderExcluirAh, adorei a comparação: Washington D.C. = Brasília!! rs