segunda-feira, janeiro 31, 2011

Inverno da alma

Inverno da alma (Winter's bones, 2010) é apenas a terceira realização da diretora Debra Granik, nascida em 1962. A diretora, embora tenha começado relativamente tarde, não demonstra a mínima pressa de lançar um filme por ano. Senão, vejamos. O primeiro foi o curta Snake Feed (1998), ainda como estudante da New York University. Depois em 2004 veio Down to the bone, com Vera Farmiga. Os dois receberam prêmios no Festival de Sundance. Agora a cineasta bostoniana tem a oportunidade de atingir um público maior e ver o seu trabalho não só reconhecido pela crítica, mas também divulgado em âmbito mundial. Tal é a força de 4 indicações ao Oscar.
O roteiro, adaptado da obra Winter's bones, de Daniel Woodrell, narra a história de Ree Dolly (Jennifer Lawrence, que encarnará Mystique no filme X-Men: First Class), uma garota de 17 anos com muitas responsabilidades. Cuidar da mãe doente, do irmão Sonny (Isaiah Stone), de 12 anos, e da irmãzinha Ashlee (Ashlee Thompson), de 6, e da propriedade rural localizada nas Montanhas Ozark, no Arkansas, cuja única riqueza é a madeira. Quando o pai dela deixa de comparecer a uma audiência na justiça, a propriedade, que havia sido listada como garantia para a fiança, fica a perigo. A situação que já era crítica torna-se periclitante. Por isso, Ree, com a ajuda do tio Teardrop (John Hawkes) tem que localizar o pai a qualquer custo, vivo ou morto, para conseguir manter a casa e a família unida.
Em suma é essa a trama, contada por Debra Granik com economia absoluta de recursos técnicos e floreios dramáticos. Enxuto até o tutano dos ossos. E um poeta já disse que boa linguagem é aquela que fica só no osso. A fratura exposta por Granik é a de um microuniverso prestes a entrar em colapso, engolfado por uma rede de intrigas familiar com vendettas e personagens misteriosas. Contribui para a verossimilhança do filme o retrato sem glamour da fauna e flora locais, e cenas como a de Ree no parque de remates de gado bovino e dos irmãos dela brincando de pular nos rolos de feno. Mas a maior estrela é a diretora Debra Granik, cuja câmera realça as interpretações surpreendentes de Jennifer Lawrence e John Hawkes. Por sinal, ela concorre a Oscar de Melhor Atriz e ele de Melhor Ator Coadjuvante. O filme, que conta com uma ponta de Sheryl Laura Palmer Lee, concorre ainda a Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado.

sexta-feira, janeiro 07, 2011

Machete


Robert Rodriguez perdeu total a noção, se é que algum dia ele teve. A moda agora é fazer filmes que "não se levam a sério", e para estar na moda, o cineasta de El Mariachi (1992) realiza (?) este Machete (2010). O filme se inspira no trailer falso homônimo que passa antes de Grindhouse. Ou seja, o que era para ser uma grande brincadeira acabou se tornando um filme, talvez com o mesmo espírito. Com as participações patéticas de Steven Seagal, Jeff Fahey e Robert De Niro, e mais as presenças magnéticas de Jessica Alba e Michelle Rodriguez, o filme mostra as peripécias de um ex-federal de codinome Machete (Danny Trejo, o bartender da boate que anuncia uma grande diversidade de tipos de "pussies" em Um drinque no inferno). O feioso personagem traça todas as lindas do filme e destrói todos os obstáculos que surgem. Machete, o trailer, era melhor que Machete, o filme.