A premissa ficcional de que Abraham Lincoln, o mais importante presidente dos Estados Unidos, tenha tido uma vida dupla dedicada ao combate de forças vampirescas encarnadas pelo exército sulista na Guerra da Secessão é, no mínimo, estapafúrdia. Que um escritor chamado Seth Grahame-Smith (vide
http://sethgrahamesmith.com/) tenha estudado a fundo a história da vida do famoso presidente e escrito um livro correlacionando todos os fatos verídicos de vida de Lincoln com a ação de vampiros maléficos e escravagistas é algo, no mínimo, também estapafúrdio (diga-se de passagem, que o livro tenha sido um best-seller é mais estapafúrdio ainda). Que um diretor russo chamado Timur Bekmambetov (o cara que dirigiu Guardiões da noite e O procurado), patrocinado por Tim Burton, tenha transformado o romance num filme 3-D, com direito a machados e balas de prata, é algo superestapafúrdio. No entanto, disparado o mais estapafúrdio em toda essa história é que eu tenha alugado o filme e gostado dele. Como sói acontecer, para que eu goste de um filme, ele deve ter um roteiro não digo bom, não digo perfeito, não digo bem amarrado, não digo exemplar, mas com... algo. E o roteiro de Abraham Lincoln: caçador de vampiros tem realmente algo. O que é que o roteiro de Seth Grahame-Smith tem? Em primeiro lugar, uma despreocupação óbvia com a verossimilhança externa, mas um cuidado extremo com a interna. Em segundo lugar, uma despreocupação com o politicamente correto, por ser nada lisonjeiro para com os sulistas, retratados não só como vilões, mas como horrendos vampiros. Terceiro, uma despreocupação com ser "original" ou coisa que o valha e, ao mesmo tempo, em decorrência dessa própria despreocupação, acabar sendo estapafúrdia e desconcertantemente original.
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