Guillermo Del Toro, eu te perdoo.
Quem já viu o filme sabe por que essa frase é um spoiler, quem não viu ainda, bem, peço perdão pelo spoiler, mas não foi por falta de aviso.
Também não é culpa minha que Del Toro transformou o seu filme em uma parábola sobre a importância da capacidade de perdoar.
A cena final do Frankenstein (2025) da Netflix é um misto de pieguice com ternura, conforme o nível de rigor de quem assiste.
A minha história com Del Toro partiu da admiração à decepção.
Admiração pelos tempos de O labirinto do fauno e A colina escarlate, decepção com a acusação de plágio de A forma da água e a megalomania de Pinóquio de Guillermo del Toro.
Já que o tema principal de Frankenstein acaba sendo o perdão, nada mais adequado que eu aproveite o cavalo que passa encilhado e suba no lombo dessa onda de forgiveness.
Guillermo Del Toro, estás perdoado.
Não que um cineasta ególatra precise do perdão de um cinéfilo obscuro, mas fica registrado aqui, este filme que você fez no ano de 2025 com dinheiro da Netflix é uma visão "bonitinha" da história, uma visão pró-monstro.
A criatura é a vítima da ganância e da megalomania de seus criadores.
A criatura interpretada pelo ator australiano Jacob Elordi, do alto de seus 1,96 m, é talvez o "Frankenstein" mais frágil de todos os tempos. A fragilidade no sentido de vitimização, de um ser que não pediu para ser como é, mas sofre na pele e na alma a maldição de estar vivo e enfrentar a rejeição de quem não compreende a sua essência.
Por abordar e explorar esses temas com mais apuro que outras adaptações, Guillermo Del Toro realiza um trabalho importante em preservar a lenda e insuflar nela um novo sopro vital, o sopro de quem consegue transformar o desdém e a raiva em perdão.