quinta-feira, janeiro 12, 2006

Querida Wendy


Com locações na Dinamarca e Suécia, produzido na Alemanha, Querida Wendy tem estreia nacional nesta sexta-feira. Conta o relacionamento entre Dick (Jamie Bell, de Billy Elliot) e sua amiga Wendy. A delicada, bonita e sensual Wendy. O filme começa numa situação quase final (Dick escrevendo uma carta para Wendy), explica o que aconteceu para tudo chegar naquele ponto, para então desembocar na desconcertante seqüência desenlace.
Assustados com a violência crescente na cidade, adolescentes pacifistas de Etherslope, pequena cidade do sudeste americano, sem o conhecimento do xerife da cidade (Bill Pullman), criam grupo de encontro semanal numa indústria abandonada com o paradoxal objetivo de estudar armas de fogo. Autodenominam-se ‘Dândis’, treinam tiro-ao-alvo, assistem a vídeos de medicina forense, fazem manutenção dos revólveres e pistolas e fortificam suas individualidades, prometendo nunca brandir as companheiras em público. Quando um integrante novato do grupo comenta que a avó Clarabelle quer visitar a tia, mas não o faz por medo e insegurança, os Dândis resolvem fazer um esquema de segurança para ajudar Clarabelle.
O roteiro distingue-se pela lentidão, ou falta de pressa, em fazer engrenar a história; o modo com que as coisas que se esperam acontecer não acontecem; o modo com que a realidade acaba se sobrepondo à fantasia; o modo com que a violência e o uso de armas são abordados e a maneira como é dada importância à trilha sonora, que inclui a canção de 1968, Time of the Season, dos Zombies.
Dirigido por Thomas Vinterberg e escrito por Lars Von Trier, dinamarqueses integrantes do Dogma 95, movimento que, pela autenticidade e despojamento, agitou o cinema underground nos anos 90, Querida Wendy pode ser visto ou como um faroeste – os Dândis podem ser um moderno contraponto do bando selvagem retratado em Meu Ódio Será Sua Herança, ou uma nova versão dos ‘mocinhos’ do clássico de John Sturges, Sete Homens e Um Destino (com a diferença que os Dândis são cinco caras e uma guria), ou ainda um drama de adolescentes desajustados, na linha de Vidas Sem Rumo e O Selvagem da Motocicleta. Seja sob qual o prisma, quer você imagine que o filme é uma ‘fábula’ ou uma crítica ao comportamento americano em relação às armas, quer não, Dear Wendy parece ter sido concebido – e tem estofo - para se tornar um pequeno cult.

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