sábado, outubro 13, 2012

Linkin Park em Porto Alegre

12 de outubro de 2012. Dia do agrônomo, da criança e da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. E de Linkin Park no Gigantinho.

Desde já, faço um pacto com o leitor.
Este texto não terá adjetivos além dos que Chaz, um dos vocalistas do Linkin Park, usou para classificar a plateia: amazing, awesome e wild.

A recíproca vale aqui. O público que lotou o Gigantinho pensa o mesmo dos seis californianos, atrasos à parte.
Após o show de abertura da Reação em cadeia, um roadie ameaçou estender, defronte a uma das plataformas com teclados, uma bandeira do Brasil com o símbolo do Inter no meio.

 A tentativa provocou protestos de parte do público, o que obrigou o técnico a retirá-la. Em seguida apareceu uma bandeira do Estado do Rio Grande do Sul, para a ovação e, enfim, unanimidade da plateia, com direito inclusive ao hino do Rio Grande entoado por 15 mil vozes. Um pouco de bairrismo não faz mal a ninguém.
Em seguida um atraso que só aumentou o suspense e a vontade do público de conferir ao vivo o hibridismo e a inovação dos hits dos cinco álbuns da banda.

Por mais rótulos que se deem ao “estilo” do grupo, e apesar das camadas de som que involucram suas canções, o Linkin Park é, antes de tudo, uma banda pop.
Letras pop. Melodias pop.

Se você considerar que “pop” vem de popular, foi-se ao brejo minha disposição de poupar adjetivos.
Mas “pop” é o mínimo que se pode dizer desses caras. Hibridez, inovação, loucura.

 Dois vocalistas se digladiando com precisão e química, uma cozinha (baixo e bateria) que prima pela discrição e pela competência, e um DJ que se apresenta descontraidamente de... chinelos!
Faltou falar do guitarrista, um pândego que toca de bermuda e não tá nem aí para se exibir, quem quiser escutar a guitarra sob a massa de acordes que escute.

O show, ou melhor, a sucessão de sucessos, fez o velho ginásio trepidar como poucas vezes antes, talvez rivalizando com os 17 mil insanos que em 1987 impressionaram o The Cure.
Não tem jeito, entra geração sai geração, no sangue de Porto Alegre (ops, olha mais um adjetivo aí!) pulsa o rock, não importa a jazida, o filão ou o veio.

O Linkin Park não vai esquecer a noite de 12 de outubro de 2012!
 Foto extraída de
 http://www.blog-br.com/uploads/a/AdemirPeixoto/122366.png

domingo, outubro 07, 2012

Hotel Transilvânia

 
O primeiro filme 3-D do Félix, às vésperas de completar cinco anos, foi Hotel Transilvânia. A escolha não podia ter sido melhor: o filme passa rápido e apresenta personagens clássicos da literatura, como Drácula, Frankenstein e o homem invisível. Não é todo filme infantil que cita numa tacada só Bram Stoker, Mary Shelley e H. G. Wells. E, de quebra, também critica a pseudoliteratura vampiresca atual: ao ver uma cena de um filme atual sobre vampiros, o dono do Hotel Transilvânia e pai da vampirinha Mavis comenta, pesaroso: "Então é assim que somos retratados hoje em dia".
O enredo: às vésperas de completar 118 anos, Mavis sonha em sair do castelo-hotel em que mora e conhecer o mundo (leia-se, humanos). Sim, pois seu pai superprotetor criou um lugar onde só monstros são permitidos. Tudo seria perfeito, não fosse um visitante inesperado: Johnny Stein, o adolescente humano que chega para tumultuar (ou turbinar?) a festa de aniversário da linda Mavis. Apesar do final à la Um lugar chamado Notting Hill, o diretor Genndy Tartakovsky (que tem no currículo a animação Star Wars: Guerras clônicas) fez um bom trabalho, homenageando personagens imortais e introduzindo as crianças ao maravilhoso (e tenebroso) mundo dos monstros!

Os infiéis

A prova de que existe gente sem um pingo de senso de humor é o fato de o filme Les infidèles (lançado na França no começo de 2012) ter provocado censuras e protestos em vários países, começando pela própria França, onde os cartazes originais foram proibidos. Protagonizado por ninguém menos que Jean Dujardin (vencedor do Oscar de melhor ator por O artista) e Gilles Lellouche, o filme consiste numa série de episódios cujo tema é (ou deveria ser) a infidelidade, mas acaba sendo um retrato de quanto certos seres humanos (leia-se, seres humanos do sexo masculino na "idade do lobo") são patéticos.
Personagens da primeira historieta voltam na última e confirmam que o filme não pode ser levado a sério. Neste meio-tempo, os dois atores interpretam personagens diferentes ao longo de cada episódio ou vinheta. Numa delas, o peripatético participante de uma convenção (Jean Dujardin) tenta de todas as formas conseguir uma parceira eventual entre as colegas hospedadas no hotel. Noutra, o ortodontista interpretado por Lellouche aventura-se com uma lolita de quem corrigira os dentes. A infidelidade feminina surge também no conto que aborda a conversa de um casal, em que ambos resolvem revelar suas "puladas de cerca". Outra personagem feminina é a terapeuta tenta curar um grupo de viciados em traição em encontros em que cada um conta suas experiências. Apesar de frívolos e hiperbólicos (ou talvez por isso mesmo), os episódios de Os infiéis têm um mérito: podem ser lidos como apologia ou crítica. Traçam uma caricatura crível e até simpática dos/as traidores/as. A certa altura, até a feminista mais radical é capaz de se compadecer do comportamento irremediável do homem que trai. A propósito, o filme não é indicado para feministas ortodoxas (só aquelas com um pouquinho de senso de humor).