Talvez sem querer, o diretor Kenneth Branagh, por seu sólido background shakesperiano, tenha impregnado cada cena de Thor (2011) com um peso dramático que contribui sobremaneira à contundência e à eficácia da obra. O ator Chris Hemsworth precisa dar a seu personagem mais do que músculos, cabelos loiros e olhos azuis. A fachada de Thor é importante, e fica ainda mais convincente com sua armadura e a capa vermelha, mas o principal nesse aspirante a super-herói são as emoções. Primeiro, a arrogância de um guerreiro que se considera imbatível. Depois, a dor de ser exilado num planeta como a Terra, longe de Asgard, seu lar ameaçado por uma guerra iminente, e a angústia de não ser merecedor da confiança do pai. Em seguida, os sentimentos ambíguos em relação ao irmão Loki: misto de amor fraterno com rivalidade. E o que dizer de outro e mais profundo sentimento, despertado pela terráquea Jane (ninguém menos que Natalie Portman)? Enfim, Thor precisa equalizar tudo isso e provar que é digno de ser, realmente, um super-herói. Não sei se os dramas existenciais dos personagens atraíram Branagh para esse projeto. Sei que ele aproveitou com maestria as oportunidades para dar estofo a Thor, personagem e filme. Contribuem para a qualidade do filme as atuações competentes de Anthony Hopkins, como Odin, o rei de Asgard, e da sempre linda Rene Russo, como Frigga, sua cara metade e rainha.
Se Thor tem Natalie Portman, Os vingadores (2012) não deixa por menos: a estonteante Scarlet Johansson encarna (um tanto caricaturalmente, diga-se de passagem) a anti-heroína Natasha Romanoff/Viúva negra, uma das agentes recrutadas por Nick Fury (Samuel L. Jackson) para livrar o mundo da ameaça desencadeada por Loki, o maligno irmão adotivo de Thor. O elenco estelar e quasiestelar (Robert Downey Jr. como Tony Stark/Homem de ferro; Chris Evans como Steve Rogers/Capitão América; Mark Ruffalo como Bruce Banner/Hulk; o já citado Chris Hemsworth como Thor e Jeremy Renner como Clint Barton/Gavião arqueiro, sem falar na oscarizada Gwyneth Paltrow como Pepper, a assistente de Mr. Stark) tenta dar credibilidade ao roteiro do diretor Joss Whedon, mais conhecido por ser o criador e roteirista da série televisiva Buffy, a caçadora de vampiros.
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