No dia 7 de outubro, pontualmente às 20 h, no Teatro do Sesc, na Capital da Hospitalidade (ou, de acordo com a nova nomenclatura, a Capital do Galeto com Massa, como queiram), aconteceu o evento do ano para os beatlemaníacos de plantão: o show dos Beetles.
Os Fab Four portenhos realizaram uma apresentação consistente.
Alguém que não gosta de adjetivos um tanto vagos poder-se-ia perguntar
“Mas em que consiste, afinal de contas, 'uma apresentação consistente'?"
Se a intenção é elogiar, por que não definir a apresentação como belíssima, magnífica, encantadora, mágica?
Aí que está: “consistente” é o elogio mais, digamos, consistente para uma banda de rock cover.
“Consistente” significa, em primeiro lugar, que a banda agradou ao público que lotou os mais de 300 lugares do Teatro. Ao mesmo tempo, que essa satisfação da audiência não teve a ver apenas com o ato de celebrar a música dos Beatles, mas também com a precisão e a qualidade das performances individuais e da banda. Em outras palavras, os quatro músicos dominam com perícia seus respectivos instrumentos e, quando começam a tocar juntos, demonstram entrosamento e afinação. Por último, mas não menos importante, a consistência envolve a escolha do repertório.
Sim, este foi o maior trunfo dos The Beetles no show: souberam dosar as mais populares com surpresas escolhidas a dedo, verdadeiras raridades, que os fãs puderam degustar enquanto enriqueciam seus conhecimentos liverpudlianos.
Antes de analisarmos o setlist, porém, vale mencionar o aspecto da “imitação”. Na verdade, eu tive a a impressão de que cada um dos membros da banda estudou tanto os trejeitos e a postura de seus alter-egos que isso “incorporou” neles, que se tornou algo orgânico, quase natural. Assim, por exemplo, Marcos Gonzatto dedilha suavemente sua plangente guitarra com uma das pernas dobradas, como fazia George Harrison;
Jack Bendik balança a cabeça, faz o backing vocals (e o leading vocals também, por supuesto) e se ergue ao fim das canções, como fazia Ringo Starr;
Francisco Desalvo empina o nariz e mostra a personalidade forte e discreta de John Lennon;
e Nino Zalazar é o showman que Paul McCartney sempre foi e continua sendo, o mais comunicativo, capaz de sustentar o show sozinho em duas vezes para os outros trocarem de figurino. No quesito “semelhança”, só falta uma coisa para Nino: precisa aprender a tocar com a canhota!
Posto isso, vamos ao que interessa, comentar algumas das 33 canções entoadas pelos simpáticos hermanos, que iam trocando de figurino conforme a “fase” dos Beatles que exploravam.
O primeiro figurino abordou a fase mais “madura” dos Beatles, com algumas canções do White Album. Logo de cara, o público percebeu que, se aquilo fosse uma aula, seria uma aula em nível “avançado”.
Senão, vejamos: após um início com as densas Come together, Don't let me down e Get back (as duas últimas, tocadas no famoso concerto no terraço, de 30 de janeiro de 1969), vem a primeira surpresinha da noite.
A banda avisa que vai tocar uma do George Harrison. Fico esperando a clássica, mas um tanto óbvia, Here comes the sun. E a banda dispara nada menos que a lendária While my guitar gently weeps.
Em seguida, outra canção não tão conhecida: Go to get you into my life, do álbum Revolver (ver setlist abaixo).
Os quatro moços de Buenos Aires continuaram a mostrar seu virtuosismo e seu domínio do repertório dos Beatles com a pouco conhecida e tocada Yer blues, do Álbum Branco.
O experimental Álbum Branco continua dando a tônica com Back in the USSR e Revolution. Fecham a primeira parte do show Hey Jude e uma da carreira solo do Lennon, Imagine, para, segundo a banda, sacramentar a união entre os povos brasileiro e argentino.
Ah, cabe aqui um comentário sobre a estratégia da banda para “trocar de figurino”. Durante Imagine, Nino sai de cena, deixando os outros três tocando.
Pouco depois ele volta com novo ‘outfit’ para tocar duas acústicas (Blackbird e And I love her), enquanto os demais se retiram.
Assim, a música nunca parava, e tudo acontecia de maneira harmônica.
(Falando em harmônica: uma das coisas que senti falta foi a utilização de uma harmônica, ou gaita de boca, tocada com suporte, como em I should have know better. Fica a sugestão para uma próxima!)
A segunda parte do show, com um traje escuro de golas verdes, como o usado pelos Beatles no Japão em 1966, enfocou as canções dos anos 64/65.
A que eu mais curti nessa parte foi, é claro, Ticket to ride, uma de minhas preferidas.Nova troca de roupa para a reta final, com as dançantes canções da primeira fase.
Foi uma tática interessante inverter a cronologia, começando com as mais maduras e culminando com as rápidas e leves músicas dos primeiros discos.
A descontração toma conta e a plateia se levanta.
E ainda tempo para um bis, em um show memorável.
Setlist (atenciosamente
enviado por e-mail por Francisco/Lennon)
(a pesquisa dos álbuns das músicas é de minha autoria, assumo os eventuais lapsos)
Come together – Abbey Road
(1969)
Don't let me down – Single Get back/Don’t let me down (1969)
Get back – Let It Be (1970)
While my guitar gently weeps – The Beatles (Álbum Branco, 1968)
Got to get you into my life – Revolver (1966)
Let it Be – Let It Be (1970)
Don't let me down – Single Get back/Don’t let me down (1969)
Get back – Let It Be (1970)
While my guitar gently weeps – The Beatles (Álbum Branco, 1968)
Got to get you into my life – Revolver (1966)
Let it Be – Let It Be (1970)
Yer blues – The Beatles
(Álbum Branco, 1968)
Back in the USSR – The
Beatles (Álbum Branco, 1968)
Revolution – The Beatles
(Álbum Branco, 1968)
Hey Jude – Single Hey Jude/Revolution (1968)
Imagine – Imagine, segundo álbum solo de Lennon (1971)
-------- acústico-------
Blackbird – The Beatles (Álbum Branco, 1968)
And I love her – A Hard Day’s Night (1964)
------------------------------
Day tripper – Single Day Tripper/ We can work it out (1965)
Hey Jude – Single Hey Jude/Revolution (1968)
Imagine – Imagine, segundo álbum solo de Lennon (1971)
-------- acústico-------
Blackbird – The Beatles (Álbum Branco, 1968)
And I love her – A Hard Day’s Night (1964)
------------------------------
Day tripper – Single Day Tripper/ We can work it out (1965)
Baby's in black – Beatles
for Sale (1964)
Eight day's a week – Beatles for Sale (1964)
I feel fine – The Beatles (Beatles 65, 1965)
Everybody's trying to be my baby – Beatles for Sale (1964)
Ticket to ride – Help! (1965)
Help! – Help! (1965)
------acustico 2--------
Piada Armandinho
Norwegian wood – Rubber Soul (1965)
Eight day's a week – Beatles for Sale (1964)
I feel fine – The Beatles (Beatles 65, 1965)
Everybody's trying to be my baby – Beatles for Sale (1964)
Ticket to ride – Help! (1965)
Help! – Help! (1965)
------acustico 2--------
Piada Armandinho
Norwegian wood – Rubber Soul (1965)
Yesterday – Help! (1965)
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A hard day's night – A Hard Day’s Night (Os reis do iê-iê-iê, 1964)
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A hard day's night – A Hard Day’s Night (Os reis do iê-iê-iê, 1964)
Can't buy me love – A Hard Day’s Night (Os reis do iê-iê-iê, 1964)
From me to you – Twist
and Shout (1964)
All my loving – With the Beatles (1963)
I wanna be your man – With the Beatles (1964)
Piada whisky a go go
Rock & roll music – Beatles for Sale (1964)
I saw her standing there – Please Please Me (1963)
Roll over Beethoven – With the Beatles (1963)
I want to hold your hand – Single (1963) / Meet the Beatles (1964)
------bis------
She loves you – Twist and Shout (1964)
Twist & Shout – Please Please Me (1963) / Twist and Shout (1964)
All my loving – With the Beatles (1963)
I wanna be your man – With the Beatles (1964)
Piada whisky a go go
Rock & roll music – Beatles for Sale (1964)
I saw her standing there – Please Please Me (1963)
Roll over Beethoven – With the Beatles (1963)
I want to hold your hand – Single (1963) / Meet the Beatles (1964)
------bis------
She loves you – Twist and Shout (1964)
Twist & Shout – Please Please Me (1963) / Twist and Shout (1964)
Site oficial da banda:
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