O zumbi globalizado é também multimídia, vem numa onda irresistível criada no país oriental símbolo do capitalismo, da tecnologia digital e das modernas malhas ferroviárias: a Coreia do Sul. O diretor coreano Yeon Sang-ho, formado em Pintura Ocidental, capricha no gore e compõe um quadro assustador, desenvolvendo personagens marcados pelo individualismo e a incompreensão. A ação acompanha o insensível gerente de um fundo de ações, que promete levar a filha a Busan, onde mora a mãe dela, de quem está separado. Mas o dia escolhido para a jornada de trem é justamente o dia em que uma inexplicável convulsão está tomando conta da cidade.
Uma estranha e violenta onda começa a se espalhar rapidamente por toda a região. E a julgar por sua incontrolável avidez, tudo indica que, em breve, vai se espalhar por todo o país.
Filme pipoca para ser curtido em pré-estreia com sala semilotada (e emudecida de pavor) às 22h10 ou análise sobre o inescapável medo da morte? Bizarro acréscimo à mitologia dos desmortos ou lufada de ar fresco em clássicos sobre rodas de ferro, da estirpe de A dama oculta (Alfred Hitchcock, 1938), Assassinato no Expresso Oriente (Sidney Lumet, 1974), Expresso para o inferno (Andrei Konchalovski, 1985) e Trem da vida (Radu Mihaileanu, 1999), entre outros? Mera curiosidade de um subgênero de um subgênero, ou o filme imperdível da virada de um ano tumultuado? Talvez mais intencionalmente que pareça, Invasão zumbi (Train to Busan) serve de metáfora perfeita para um mundo em desarmonia.
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