quarta-feira, janeiro 04, 2017

Tripla chatura


           Enquanto  Triplo X Reativado, o retorno de Xander Cage não é lançado, que tal esquentar as turbinas relembrando as ambíguas sensações obtidas no primeiro e saudoso filme com o herói?

Fui ver Triplo X na melhor das intenções. O objetivo era conferir os pontos positivos do filme de Rob Cohen, se porventura eles existissem.
            As baixas expectativas não me auxiliaram. O herói Xander Cage é pachorrento, escrachado e acachapante; a heroína Yelena (Asia Argento), excitante, luxuriante e sexy; mas o roteiro é xenófobo, desapaixonado e sem êxtases.
            Russos anarquistas conspiram planos terroristas na República Tcheca. Os americanos não sabem mais em que agentes confiarem. Xander Cage é produtor e ator de vídeos de esportes radicais, recrutado pelo agente da NSA, o sabichão Augustus Eugene Gibbons (ninguém menos que o sempiterno Samuel L. Jackson) por meio de chantagem.
            As cenas de ação pretendem-se de tirar o fôlego. Realmente, se o espectador respirar apenas quando coisas verossímeis acontecem na tela, morrerá asfixiado. Xander salta de pontes em carros roubados, desafia a gravidade em uma moto, usa uma bandeja como skate, escapa de uma avalanche em um snowboarding, explode com tudo e com todos, tudo ao som de uma trilha maneira, entendeu a parada?
            Mais incrível que o conjunto de patacoadas de Vin Diesel é a tentativa de comparar seu personagem com 007. A comparação é um triplo vexame. Bond é chique. Xander é xucro. Bond é charmoso. Xander, xaroposo. Bond usa a cachola. Xander, a cara de tacho.
            A melhor frase do filme é “As coisas que faço pelo meu país”, que Vin Diesel, em uma interpretação digna do Xander Frota, murmura ao entrar no quarto e se deparar com uma muchacha em trajes sumários, surgida do nada especialmente para passar a noite com ele.
            O que nos dá mais saudade de Bond, que precisava usar inteligência e classe para seduzir as (até a metade do filme) difíceis espiãs.


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