O fabuloso destino de Amélie
Poulain (2001) é um filme fácil de ver e gostar. O roteiro é dinâmico e
original. A história é contada de forma leve e bem-humorada. O elenco dá vida
aos personagens. Resultado: o espectador se diverte e se emociona com as
peripécias da jovem Amélie Poulain.
Amélie é filha única de um casal de
professores. Até os seis anos, tudo vai bem em sua vida, quando perde a mãe em
circunstâncias tragicômicas. A atriz mirim Flora foi escolhida depois de
seleção rigorosa. Fala apenas uma frase. Seu olhar expressivo já diz tudo. O
diretor só começava a filmar depois da pequena Flora declarar: “Eu estou pronta”.
Detalhe: ela é filha de pai francês e mãe brasileira.
Um pulo e Amélie aparece já moça. Os
mesmos cabelos e olhos castanhos cheios de expressão, agora representados por
Audrey Tautou. Esta menina hipnotiza o público em sua rotina comum.
É balconista de um café com estranhos clientes. Entre eles, um escritor
fracassado e um namorado rejeitado.
Outros personagens de sua vida são seu gato, com quem divide o
apartamento, e os vizinhos do prédio. Um misterioso pintor com ossos de vidro.
Uma senhora que vive a reler as cartas do esposo morto. Um mal-humorado dono de
fruteira, que vive a humilhar seu empregado de um braço só. Aos fins de semana,
Amélie visita o pai viúvo, aposentado e acomodado. Quanto à vida
"pessoal": o coração de Amélie anda à procura de algo mais, algo que
realmente valha a pena.
Uma série de coincidências leva
Amélie a descobrir uma caixa com itens colecionados por um menino, na década de
50. Amélie encasqueta em localizar o dono da caixa e lhe devolver as relíquias
de sua infância. Daí por
diante, contar seria estragar as muitas surpresas do filme. Amélie atua como
uma catalisadora de emoções. Através de seu modo de ser, transforma todas as
pessoas ao redor, quase esquecendo de si.
Uma das "mensagens" do
filme seria essa. Para isso que servem os amigos, afinal. Dar um toque, um
empurrãozinho. Alguém fará por Amélie o que ela está fazendo pelos outros?
Sobre o diretor Jean Pierre Jeunet:
começou a carreira na publicidade e fazendo videoclipes. Em longa-metragem codirigiu Delicatessen (91), onde predominava o
humor negro. Realizou Ladrões de sonhos (95),
mantendo o estilo esquisito. Um passo para o cinema mais pop foi dado com Alien 4 (97).
Amélie é uma bem-vinda volta às
origens. Um filme com o melhor do cinema francês: o humor, a música, a
linguagem, uma penca de personagens característicos... Um filme merecedor de seu Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Diga-se de passagem: em 2014, Jeunet, cineasta pouco prolífico, mas de estilo bastante especial, voltou a acertar em cheio, com o prodigioso A viagem extraordinária, filmado em 3-D.
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