Este post é dedicado à memória de Milos Forman. Texto inédito no blog,
sobre um filme da "fase tcheca" do diretor, que depois migrou para os EUA.
Os amores de uma loira é um título
enganoso. A loira em questão não é promíscua ou devassa. Simplesmente uma
adolescente sedenta de paixão. Uma semana depois do encontro, Andula vai de
mala e cuia para Praga, atrás do pianista. O interrogatório a que é submetida
pela mãe do pianista é hilário.
Misturando desilusão com risadas em
rápidos 85 minutos, Os amores de uma loira concorreu a Melhor Filme Estrangeiro em
1966. Chamou a atenção de Hollywood para o seu diretor. Milos Forman é um bom
exemplo de cineasta europeu que se adaptou à indústria sem perder a alma. Continuou
fazendo filmes de seu interesse e de grande qualidade. Levou o Oscar de Melhor Diretor em duas
oportunidades: Um estranho no ninho e Amadeus. Realizou o ótimo O mundo de Andy, com Jim Carrey. Para o
cinema não se perder como arte necessita de cineastas íntegros como Milos
Forman.
Alguém aí pode se perguntar: por que
se importar com filmes tchecos preto & branco da década de sessenta? Qual o propósito de assistir e, pior,
resenhar um filme "velho"? Demonstrar cultura, ser diferente?
A resposta, meu amigo, o vento está
soprando. Hoje, o cinema é consumido quase completamente na sala de projeção. Pouco ou
nada do que se vê sobra para comentar ou debater.
Cineastas como Milos Forman desconstroem uma frase que já esteve em voga: "É um bom entretenimento se você desligar o cérebro”. Os filmes de Forman entretêm e ao mesmo tempo deixam o cérebro ainda mais ligado. E outra maneira de manter o “cérebro sempre ligado” é conhecer um pouco da história do
cinema.
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