Volta e meia chega às telonas um filme que parece caça-níqueis, mas que na verdade tem uma história bem interessante por trás. É o caso de Megatubarão, cuja produção,
depois de ser engavetada e ficar no "limbo" por um bom tempo, enfim foi realizada, sob a direção do versátil cineasta Jon Turteltaub.
Versátil aqui parece um elogio, mas na verdade é um eufemismo para "aparentemente sem personalidade", ou seja, um cara cuja filmografia não parece ter um foco ou um "quê" de autoria. Mas tem força na indústria? Ah, isso ninguém pode negar, E desta vez teve o bom faro de escolher uma boa história para contar, e a perseverança para transformá-la em filme.
O material original é a série de livros de Steve Alten, que foi iniciada por The Meg. O livro de 1997 investiga a estranha suspeita de que um animal pré-histórico ainda vive em nossos dias. E eis que o animal em questão é o megalodonte, um tubarão-branco de tamanho avantajado, que predou os oceanos primevos.
Formado em Educação Física, Mestre em Medicina Esportiva e Doutor em Educação, Steve Alten trabalhava como gerente-geral de uma empresa da indústria das carnes quando foi despedido, numa sexta-feira 13, em 1996. Vendeu o carro para publicar um livro que escrevera aos fins de semana e a altas horas da noite, após anos de trabalho: THE MEG, a novel of deep terror.
Quatro dias depois de ser demitido, seu agente literário trouxe a ele uma proposta de uma Editora. A casa editorial Bantam Doubleday oferecia sete dígitos por dois livros. Essa é a história de sucesso de mais este "self-made man" do circuito literário norte-americano. O livro atraiu fãs no mundo todo e possibilitou ao autor desenvolver sua carreira.
Na versão do cinema, o roteiro ficou a cargo do trio Dean Georgaris, Jon Hoeber e Erich Hoeber.
Os destaques do elenco são Jason Statham, mergulhador especializado em resgates, que encarna o herói Jonas Taylor, e Li Bingbing, a oceanógrafa Suyin Zhang, cujo pai, Dr. Minway, é o braço direito do bilionário Jack Morris, financiador de uma ousada missão que investiga a existência de uma seção mais profunda da Fossa das Marianas. Também marca presença a megatatuada modelo australiana Ruby Rose.
A ideia de ter um núcleo "chinês" no filme foi uma boa jogada de marketing, levando em conta o grande mercado que representa a China.
Do ponto de vista de ação e aventura, Megatubarão é um filme que tem ritmo e cumpre suas funções. No quesito "criatura x homem", apenas a sequência final, em que o megalodonte se aproxima de uma praia lotada, reserva algumas sensações do tipo de pavor que se esperaria de um filme assim.
Em outras palavras, o filme é mais bem-sucedido em sua parte de resgates submarinos. Quando o assunto é evocar medo de uma fera, bem, o bicho é tão grande que vai engolir um humano antes de a pessoa perceber o que está acontecendo. Além disso, o bicho é puro efeito digital, não há um tubarão mecânico como houve em Tubarão (1975). Para fazer o contraponto, deixo aqui o link da entrevista do supervisor dos efeitos especiais de Megatubarão, tentando (literalmente) vender o seu peixe.
Seja como for, o "terror" evocado pelo filme de Turteltaub não se
compara ao terror que até hoje sentimos ao ver Tubarão de Spielberg, ou até mesmo ao assistir a algum documentário da Nat Geo Wild nas "quintas-feras", do tipo "Quando os tubarões atacam".
Ainda assim, Megatubarão tem o mérito de trazer a ideia de Steve Alten às telonas e de chamar a atenção para a importância do equilíbrio nos mais diversos ecossistemas de nosso planeta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é bem-vindo!