segunda-feira, novembro 26, 2018

Five Came Back

Caótico documentário em três episódios sobre o trabalho de 5 cineastas estadunidenses na Segunda Guerra Mundial.

Um deles, William Wyler, voltou da guerra com a audição seriamente abalada e pensou inclusive em se aposentar.

A trepidante história contada por Mark Harris em seu livro homônimo transforma-se num caleidoscópio de entrevistas, colagens, trechos dos filmes, tudo costurado pela premiada narração de Meryl Streep.

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O diretor da "série documental", o francês Laurent Bouzereau, é um homem da confiança de Steven Spielberg. É o responsável por registrar os bastidores dos filmes, entrevistar o elenco, etc., para transformar nos extras. Um exemplo é a edição comemorativa dos 4 filmes de Indiana Jones, cuja direção dos extras é assinada por Bouzereau. Ele também realizou em 2017 Steven Spielberg & John Williams: The Adventure Continues.

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Bouzereau era, portanto, o sujeito com as credenciais certas para juntar todo esse rico material e transformar numa série muito interessante, mas não por isso menos caótica.

A ideia de cada diretor antigo ser "apresentado" por um diretor atual é uma das grandes sacadas do documentário. Steven Spielberg, Guillermo Del Toro, Paul Greengrass, Francis Ford Coppola e Lawrence Kasdan contribuem com suas observações para moldar o formato caótico do documentário. O que eu chamo de caótico, Inácio Araújo considerou "irritante" em sua crítica para a Folha de São Paulo. Ele achou desnecessárias as intervenções desses cineastas contemporâneos.
Concordo com ele que as intervenções são desnecessárias para contar a história. Mas em termos de marketing e para "fazer a ponte" entre gerações, foi uma boa ideia. 


Em termos estruturais, o primeiro episódio introduz e contextualiza, o seu segundo episódio traz a parte mais sombria, um retrato de tudo que aconteceu de errado na empreitada de cada um desses diretores, e o terceiro arremata com um quê de otimismo.

Esta reportagem do Independent elogia o serviço de streaming responsável pelo documentário, que também disponibilizou na íntegra os curtas realizados durante a Segunda Guerra Mundial por esses cinco grandes cineastas, dos quais Thunderbolt já foi resenhado aqui. 
O Independent conclui: "Netflix is at its best when it challenges its subscribers, rather than simply spinning out tried-and-tested binge fodder".



Assistir ao três episódios do documentário ajuda a entender como a experiência no front deixou marcas profundas na psique de cada um dos diretores e influenciou o trabalho deles no pós-guerra. Um fato curioso e relevante é que justamente no rescaldo da guerra eles fizeram algumas de suas obras-primas:

William Wyler ==> Os melhores anos de nossas vidas (1946).

John Huston ==> O tesouro de Sierra Madre (1948)

Frank Capra ==> A felicidade não se compra (1946)

George Stevens ==> Um lugar ao sol (1951)

John Ford ==> Rastros de ódio (1956)


 Para abrir horizontes e aprender mais sobre a Segunda Guerra Mundial e Hollywood, Five Came Back é uma imperdível aventura.

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sábado, novembro 24, 2018

Psicose (1960)


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Do livro "Alfred Hitchcock, o mestre do medo" de Inácio Araújo: "Com Psicose Hitch reafirmou mais do que nunca sua marca de "senhor do medo", a maestria em manipular as emoções do público e o talento para a autopromoção".

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Do livro Hitchcock by Truffaut

"François Truffaut: Você diria que Psicose é um filme experimental?

Alfred Hitchcock: Possivelmente. Minha principal satisfação é que o filme exerceu um efeito sobre as plateias, e eu considero isso importantíssimo. Não me importo com o tema. Não me importo com a atuação; mas realmente me importo com os trechos do filme e a fotografia e a trilha sonora e todos os ingredientes técnicos que fazem a plateia gritar."

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Do livro "Afinal, quem faz os filmes", de Peter Bogdanovich (tradução de Henrique Leão):

"Em Psicose, na verdade você dirige o público, mais do que os atores."

"Sim. É o uso do cinema puro, para transmitir emoções à plateia. O filme foi realizado com recursos visuais elaborados de todas as formas possíveis, tendo em vista o público."
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Do livro "Alfred Hitchcock", de Bill Krohn, da coleção Masters of Cinema da Cahiers du Cinema: 

"Pequenas experimentações ajudaram a moldar este filme cruelmente belo, em que a televisão torna-se cinema e a vida cotidiana torna-se uma visão fantástica inspirada em Poe: Psicose deu origem a outro gênero imensamente lucrativo: os filmes slasher."







Do livro "Great Film Directors", de Andy Tuohy e Matt Glasby: "Hitch alcançou uma sequência de brilho tão singular que foi cunhado o adjetivo hitchcockiano. Antigamente o mais elevado elogio cinematográfico, hoje é apenas um lembrete de um legado que paira sobre a história do cinema como aquela silhueta."

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Da obra A magia do cinema, de Roger Ebert (tradução de Miguel Cown):

" O que faz de Psicose um filme imortal, ao contrário de tantos filmes cuja metade esquecemos assim que deixamos o cinema, é que ele se conecta diretamente com os nossos medos."

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Do livro "Dicionário de cinema: os diretores", de Jean Tulard (L&PM, tradução de Moacyr Gomes Jr.):

"François Truffaut explicará, em Le cinema selon Hitchcock, as razões de um tal fascínio: 'Sua obra é ao mesmo tempo comercial e experimental, universal como Ben-Hur de William Wyler e confidencial como Fireworks de Kenneth Anger'."

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Do livro "1001 filmes para ver antes de morrer" (tradução de Carlos Irineu da Costa, Fabiano Morais e Lívia Almeida) : "A reação do público foi assombrosa, com pessoas formando filas que davam volta no quarteirão para garantir seu ingresso. Mais falatório ainda foi gerado pela nova 'política especial' de Hitchcock de não permitir a entrada no cinema depois dos créditos iniciais de Psicose. Claramente, o diretor britânico havia encontrado uma forma de cutucar diretamente a psique coletiva dos norte-americanos."

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Do guia Videohound's Golden Movie Retriever: (classificação: Four bones = Masterful cinematic expression.) "Hitchcock apostou em sua estatura diretorial e quebrou todas as regras nesta história (...). Filmado com orçamento limitado em pouco mais de um mês, Psicose mudou os filmes de horror de Hollywood para sempre."

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Do Variety Movie Guide: "Hitchcock embalou Psicose em gore, na forma de dois esfaqueamentos representados graficamente, uma história repleta de motivações freudianas, e salpicou aqui e ali no enredo pitadas de humor que sugerem que a coisa toda não deve ser levada a sério." 

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sexta-feira, novembro 23, 2018

Deixe-me entrar



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Para quem já viu Deixa ela entrar, é estranho assistir a esta refilmagem. O filme é praticamente o mesmo, com o roteiro vertido ao inglês, elenco ianque e tudo o mais que a indústria hollywoodiana pode proporcionar. 

Sai a musicalidade do idioma sueco e entra a familiaridade com a língua inglesa. O filme perde em sonoridade, mas ganha em visibilidade.

Afinal de contas, tente encontrar o original sueco para assistir ou comprar. Terá muito trabalho.
O filme de Matt Reeves é mais facilmente encontrável e inclusive disponível no... você já sabe onde.

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O elenco de Deixe-me entrar não perde para o do original; as crianças foram muito bem selecionadas e hoje estão estrelando em vários filmes novos.

O australiano Kodi Smit-McPhee (recentemente visto em Alfa) é Owen, o menino introspectivo que sofre bullying na escola, e Chloë Grace Moretz é Abby, a misteriosa garota forasteira que anda de pés descalços, comporta-se de modo incomum e guarda um segredo mortal.

Outras diferenças/similaridades podem ser conferidas neste artigo de um modo mais bem-humorado e neste outro sob um prisma mais sério.


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A pergunta que não quer calar: 
vale a pena conferir Deixe-me entrar?

Sim. Caso você ainda não tenha visto o filme do sueco Tomas Alfredson, este servirá como substituto quase à altura.

Caso você já tenha tido o prazer de ver o original, vale a pena, sim, ver uma outra versão da mesma história. A refilmagem é honesta e respeitosa, mantendo o "clima" do filme sueco e despertando semelhantes sensações.





quinta-feira, novembro 22, 2018

Jack Whitehall: Travels with my Father

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Eu não tinha ideia de quem era "Jack Whitehall" ao selecionar esta "série documental" no mais famigerado serviço de streaming digital em operação no Brasil.

Quero esclarecer que só estou "degustando" essa plataforma e conhecendo seus prós e contras porque um irmão me disponibilizou essa possibilidade sem que eu precisasse gastar um centavo sequer. Obrigado, mano!

Com o sangue assim adocicado, sem precisar "desembolsar", fica fácil de criticar, não é mesmo?



Eis que incluí este seriado na "Minha lista" por instinto, talvez pelo título inusitado, talvez pelo meu interesse em conhecer lugares novos sem precisar viajar.

E a surpresa foi acachapantemente positiva.

Os episódios são curtos, perpassam um humor cada vez mais raro nos dias de hoje (um humor essencialmente britânico, que manda às favas o politicamente correto) e, ao mesmo tempo, mostram a cultura de diferentes países e a dificuldade (e riqueza de nuances) de um relacionamento entre pai e filho.

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Morar no interior tem lá suas vantagens. O tempo que você passaria no trânsito numa cidade grande é o tempo que sobra para assistir a esses breves drops de humor, cultura e geografia.


Uma amostra do tipo de humor que permeia o show pode ser encontrado neste vídeo protagonizado por Jack Whitehall e Michael, seu septuagenário pai. 

Já terminei as duas temporadas disponíveis e descobri nesta reportagem que existe a possibilidade de uma terceira temporada, apesar da agenda cada vez mais lotada dos dois protagonistas. 

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A propósito, em um dos episódios da segunda temporada revisitei a Moldávia, que eu já conhecia do álbum de Tintim, O cetro de Otokar, entre outros. Hergé inclusive criou um país fictício, a Sildávia, híbrido de Transilvânia (região da Romênia) e Moldávia.

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E assim fiquei conhecendo por intermédio de Jack Whitehall talvez uma das bandas mais esquisitas da face da Terra, com a bizarra formação de vocalista, violinista elétrico e saxofonista: o Sunstroke Project.

Vem da Moldávia a trilha sonora ideal para este estranho post:





quarta-feira, novembro 21, 2018

Os Intocáveis

Resultado de imagem para untouchablesO filme realizado por Brian De Palma e que estreou nos EUA em 3 de junho de 1987 é uma aula de cinema.
Em primeiro lugar, o roteiro do dramaturgo David Mamet (autor de Três usos da faca), baseado no livro homônimo, de Oscar Fraley e Eliot Ness. É um script fabuloso, com cenas bem urdidas, diálogos bem costurados, sequências que ficam na retina. Ação, emoção e inspiração transbordam nas páginas do roteiro, que pode ser baixado aqui.
Mamet recentemente participou de uma exibição comemorativa do filme e respondeu a algumas perguntas da plateia. As espirituosas respostas podem ser conferidas neste artigo.
Não é demais bater na tecla. A quantidade de cenas memoráveis deste filme é absurda.
Vou citar apenas uma: a escolha do recruta Stone.




A cena envolve três atores: Kevin Costner, Sean Connery (no papel que lhe rendeu o Oscar de Ator Coadjuvante) e um novato chamado Andy Garcia.
A maneira que Malone, personagem de Connery, "entrevista" Stone, o virtuose atirador, é simplesmente um dos momentos mais empolgantes do cinema de todos os tempos.

E esse é só um exemplo de uma lista que seria infindável e repleta de spoilers.
Não poderia deixar de citar a celebérrima cena da escadaria, uma homenagem a Eisenstein.









Em segundo lugar, a trilha sonora de Enio Morricone. Perfeição é o mínimo para descrever a precisão e a categoria dos movimentos musicais ao longo do filme.

A edição do filme, assinada por Gerald Greenberg (Oscar por Operação França) e Bill Pankow, contribui sobremaneira para o suspense que impregna cada fotograma do filmaço de Brian De Palma. Existe no You Tube uma análise útil sobre a montagem de algumas cenas, em especial, a clássica cena da escadaria. Recomendo só assistir à análise após assistir ao filme.





A direção? Bem, as tomadas feitas por De Palma são proverbiais, em cada cena ele puxa um coelho da cartola e surpreende o espectador com o ângulo de observação, sem esquecer as tomadas clássicas de girar a câmera durante uma conversa de quatro amigos (os Intocáveis) na mesa do bar.

Chegou o momento de falar no elenco. Já citei os principais nomes. O quarto componente do grupo de elite do Ministério do Tesouro é Charles Martin Smith, que interpreta o contador Oscar Wallace. Junto com Elliot Ness (Kevin Costner), Jim Malone (Connery) e George Stone (Andy Garcia), formam o grupo conhecido como Intocáveis para combater a perigosa organização chefiada por ninguém menos que Al Capone (Robert De Niro).

Acrescente a tudo isso o guarda-roupa de Armani e outros detalhes bem cuidados e bingo!
Os Intocáveis é uma aula de cinema.

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sexta-feira, novembro 16, 2018

O Grinch

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Com voz de Lázaro Ramos, O Grinch ganha as telas brasileiras, nos preparativos para as festas natalinas.

O personagem que já foi encarnado por Jim Carrey agora ganha sua versão da Illumination, produtora de animações bem-sucedidas como Meu malvado favorito, Sing, Minions, etc.

A Illumination tem se caracterizado por realizar filmes de bilheterias rentáveis, com apelos para "as massas".
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Sem dúvida, O Grinch foi realizado para atrair um público significativo às salas de cinema.

Lançado semanas antes do Natal, é a opção natural para sessões em família.

O tema é universal e o personagem é famoso, com raízes literárias.

Dr. Seuss criou o personagem no livro How the Grinch Stole Christmas, publicado em 1957.

Em 2000, a história foi adaptada ao cinema com a direção de Ron Howard, com Jim Carrey no papel principal.

A versão 2018 tem a voz de Benedict Cumberbatch no original. A versão tupiniquim é dublada por Lázaro Ramos.


Na entrevista acima o ator fala sobre o desafio de dublar o clássico personagem nesta entrevista.

O Grinch (2018) enfoca a situação de uma garotinha cuja mãe trabalha demais. Ela não quer ganhar um presente, um objeto, algo material. Ela está preocupada com a rotina da mãe e deseja expor suas angústias ao Papai Noel, para que ele torne a família mais harmônica e feliz.

Os diretores Scott Mosier e Yarrow Cheney falam nesta entrevista que seu primeiro contato com a história foi o especial de Chuck Jones, com Boris Karloff dando voz ao verde e peludo rabugento, cujo trailer pode ser conferido abaixo:


O Grinch (2018) tem obtido boas resenhas mundo afora, confirmando o faro comercial da Illumination para escolher temas universais e de escalar jovens e promissores diretores para comandar o show.

Quanto à qualidade artística, a versão 2018 tem recebido avaliações melhores do que a de 2000, mas ambas parecem não ter superado o charme do célebre desenho animado de Chuck Jones, de 1966.

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segunda-feira, novembro 05, 2018

Morrendo e aprendendo

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Bizarro cruzamento entre A felicidade não se compra, de Frank Capra, e Ghost, do outro lado da vida, de Jerry Zucker, Morrendo e aprendendo (Heart and Souls, 1993) é uma inusitada influência para O sexto sentido, de M. Night Shyamalan.

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O filme realizado de forma competente por Ron Underwood (de O ataque dos vermes malditos) é uma boa pedida para quem aprecia uma "comédia romântica fantasmagórica" numa sessão da tarde despretensiosa de um domingo.Resultado de imagem para morrendo e aprendendo

O melhor da película sem dúvida é o elenco, que traz boas atuações de
Robert Downey Jr. como Thomas Reilly, Kyra Sedgwick como Julia, Alfre Woodard como Penny Washington, Tom Sizemore como Milo Peck, Charles Grodin como Harrison Winslow e Elisabeth Shue como Anne, além do onipresente David Paymer como o motorista do bonde que causou o acidente.
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O roteiro utiliza bem as possibilidades tragicômicas da situação que envolve a trajetória de 4 almas penadas que ficam no limbo até terem seus problemas resolvidos.

Se você gosta de uma dose harmoniosa de romance, comédia e até filosofia com direito a um show de interpretação de Robert Homem de Ferro Downey Jr. pode surpreender-se com esse despretensioso e relativamente obscuro Morrendo e aprendendo
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sexta-feira, novembro 02, 2018

Intolerância




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Em 1916 chegou às telas dos cinemas um filme diferente de todos os outros já assistidos até então.




Após o grande sucesso comercial de O nascimento de uma nação, o cineasta David Wark Griffith levou a sua ousadia e sua capacidade às últimas consequências. Representar simultaneamente 4 histórias diferentes, mas unidas por um tema comum: a intolerância.




A queda da Babilônia em 539 a.C. A crucificação de Cristo. O massacre de São Bartolomeu em que os protestantes foram massacrados pelos católicos na França em 1572. No começo do século XX, um inocente condenado à forca. 

As quatro histórias são intercaladas por uma "deixa" cênica: a imagem azulada de uma moça balançando um berço.







O filme tem uma fotografia incrível, um grande dinamismo narrativo e deixa o melhor para o final, quando o ápice de cada uma das histórias se precipita numa sequência de imagens editadas de modo extremamente eficaz.

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Love's Struggle Throughout the Ages


Griffith é "racista"?


O amor pode suplantar a intolerância?


Combater a intolerância com mais intolerância é uma solução viável?


Ser intolerante à intolerância não é também um modo de intolerância?


Rotular uma pessoa para depreciar suas obras passadas e futuras não é uma das piores facetas da intolerância?


A intolerância é o cancro a ser extirpado.

É preciso tolerar.

Tolerância é a palavra de ordem.

Tolerar crônicas encharcadas de intolerância.

Tolerar artistas que incitam a intolerância.

Tolerar quem se acha superior por estar em cima do muro.

Tolerar quem se acha superior por estar em um dos polos.

Tolerar, tolerar, tolerar.



Com um tema cada vez mais atual, Intolerância  revolucionou a arte do cinema e merece ser visto por todo e qualquer ser humano que se considera um "cinéfilo".

Um cinéfilo que se considera tolerante, é claro.