Lily James vive a personagem sem nome eternizada por Joan Fontaine no clássico Rebecca, Oscar de Melhor Filme em 1940, filme que marcou o início da trajetória hitchcockiana em Hollywood.
Aliás, é quase impossível falar do filme de Ben Wheatley sem falar no de Hitchcock.
Tudo nos leva a comparar ou tecer intertextos entre o filme de 1940 e o de 2020.
80 anos separam os dois filmes. Hitchcock viveu 80 anos bem-vividos.
Aos 40 fez Rebecca...
Os dois filmes se inspiram na obra Rebecca, da britânica Daphne Du Maurier, sobre a qual recai uma forte suspeita de plágio do livro A sucessora, da brasileira Carolina Nabuco.
O mérito do primeiro filme era justamente conseguir criar uma atmosfera de mistério sobre uma pessoa que nunca entra em cena, nem em flashbacks ou recursos quejandos. Apenas uma presença que mais está na cabeça da nova sra. de Winter do que por meio de alguma ocorrência fantasmagórica ou algo do tipo.
Para Ben Wheatley deve ter sido um desafio revisitar Hitchcock, mas, para a delicada sra. de Winter (Joan Fontaine ou Lily James), é um fardo quase insuportável tentar competir com uma personalidade tão forte quanto Rebecca de Winter, a primeira mulher de Maxim, sobre cuja existência paira uma aura de mistério.
É sobre essa aura que se desenvolve o plot, sempre pelo ponto de vista da bonitinha, mas quase vazia nova sra. de Winter.
Falando em Maxim, uma nova e inevitável comparação: Armie Hammer tenta igualar a classe de Laurence Olivier por meio de uma característica bastante física: do alto de seus 1,96 m, o ator mostra o seu talento na célebre cena em que a nova e ingênua sra. de Winter irrompe no salão para o baile à fantasia.
A governanta sra. Danny Danvers é um caso à parte.
Talvez este seja o trunfo de Rebecca 2020.
É o único caso em que o remake supera o original em termos de atuação.
Kristin Scott-Thomas entrega uma performance à altura da de Judith Anderson.
Personagem das mais conturbadas e complexas, a sra. Danvers tem uma conexão sinistra com a personagem paradoxalmente mais interessante da história, a falecida e inesquecível patroa.
No frigir dos ovos, Rebecca versão 2020 é uma boa introdução ao assunto, mas se você quiser conhecer o tópico a fundo, e conhecer a história sob outros prismas, com mais verossimilhança e suspense, assista ao filme de Hitchcock.
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