Terceiro, e até então, melhor filme de Elvis Presley.
(Diga-se de passagem, o segundo tinha sido melhor que o primeiro.)
E tudo em O prisioneiro do rock (Jailhouse Rock, 1957) é melhor que os dois primeiros.
A intuitiva e convincente atuação de Elvis.
A música visceral.
O roteiro espirituoso.
A direção cirúrgica e sem firulas de Richard Thorpe.
A primeira sequência filmada foi o "videoclipe" para Jailhouse Rock, de Jerry Leiber/Mike Stoller, compositores de outras três canções do filme. Quais sejam:"I Want to Be Free", "Treat Me Nice" e "(You're So Square) Baby, I Don't Care". Eles compuseram as 4 faixas em 4 horas, praticamente "trancados" no quarto de um hotel por um dos produtores.
Leiber e Stoller (também compositores da clássica "Hound Dog") desdenhavam Elvis mas aprenderam a respeitá-lo depois que o conheceram durante as gravações.
Por sua vez, o coreógrafo Alex Romero foi inteligente o bastante para adaptar uma coreografia aos movimentos aos quais Elvis já estava acostumado.
Russ Tamblyn, um novo amigo, um ator que entendia de dança, deu também umas dicas.
O resultado é que esta cena realmente rouba o filme e hoje em dia se tornou um show à parte.
Uma curiosidade é que Elvis durante a gravação desta cena em que canta Jailhouse Rock tem que descer pelo poste de escorregar, aquele do tipo que os bombeiros usam.
Numa das tomadas ele engoliu a jaqueta dentária de porcelana do dente da frente!
A princípio ninguém acreditou mas depois todos ouviram o chiado no peito dele.
Foi levado a um hospital por onde passou por uma broncoscopia, talvez a mais bem-sucedida e importante de todos os tempos, porque teve de passar por entre cordas vocais muito valiosas.
O roteiro conta a história de Vince Everett, que é preso e na cadeia tem como companheiro de cela Hunk (Mickey Shaughnessey), um musicista de country. Na cadeia Vince faz trabalho braçal carregando carvão com uma pá.
Um dia se envolve numa confusão no refeitório e é punido com chibatadas.
Alguns prisioneiros músicos participam de um show que é transmitido pela tevê, e Vince se apresenta cantando a balada "Young and Beautiful". O resultado: muitas fãs escrevem à penitenciária, mas as cartas nunca chegam a Vince.
Ele sai da cadeia (não sem antes ser induzido pelo esperto companheiro de cela a assinar um contrato de parceria) e conhece Peggy (Judy Tyler, que morreu logo após o término das filmagens em decorrência de um acidente automobilístico).
Com a nova amiga é levado ao estrelato da indústria fonográfica, não sem antes ter que superar muitas "puxadas de tapete" e outros contratempos.
Há algo no roteiro que evita que o filme descambe para o lugar-comum, algumas tiradas, algumas ironias, e a própria relação dele com Peggy se desenvolve com uma certa sensação de amor não consumado.
Bill Black, D. J. Fontana e Scotty Moore aparecem em várias cenas, acredito que este é o filme em que eles aparecem mais vezes. Primeiro, na cena do bar que Elvis, digo, Vince, quebra o violão. Segundo, nas cenas do estúdio gravando "Treat Me Nice". No show no gazebo à beira da piscina. E na sequência final ouvindo Elvis, digo, Vince, testando a voz após ter uma lesão na faringe.
Em tempo:
O dvd que eu tive a honra de assistir pertence ao rico acervo da E o vídeo levou e tem um curta-metragem nos extras, intitulado
"The Scene That Stole Jailhouse Rock", com depoimentos de gente importante em se tratando de Elvis Presley, como Peter Guralnick, o autor de Last Train to Memphis (ainda inédito no Brasil); George Klein, amigo e autor, etc. Esse "extra" está disponível no YouTube:
Para quem gosta de assistir ao filme com comentários, Steve Pond, autor de Elvis in Hollywood, é o companheiro dessa jornada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é bem-vindo!