Filme de 1974 estrelado por Warren Oates e Isela Vega (que fez uma canção para o filme), com direção de Sam Peckinpah, Tragam-me a cabeça de Alfredo Garcia pode ser descrito como "estudo de um personagem".
No caso, Bennie (Warren Oates), um pianista de bar que descobre que a sua bela namorada, Elita (Isela Vega), foi uma das últimas pessoas a ver com vida um procurado moço que agrada as mulheres, e, por isso mesmo, acaba tendo a sua cabeça a prêmio.
E que prêmio! El Jefe, ao descobrir que sua filha foi engravidada pelo aventureiro Alfredo Garcia, sem pestanejar promete um milhão de dólares a quem trouxer a cabeça do dito cujo.
Sam Peckinpah não tem pressa de mostrar sangue ou tiroteios.
A pressa dele é nenhuma.
Antes de mais nada, as preliminares.
A construção dos personagens.
Os meandros da personalidade de Bennie. O que motiva a sua ambição/ganância?
A relação fora dos padrões de Bennie com Elita.
A pressa de mostrar tiroteios é nenhuma.
Mas quando a matança começa...
O bom é que a violência em Peckinpah não é um fim, e sim um meio para mostrar a natureza humana, nua e crua.
O conturbado Bennie, seus sentimentos contraditórios, seu comportamento surpreendente.
Peckinpah quer entender o que motiva Bennie.
Eu entendo Sam Peckinpah?
Em sua resenha de 1974, concedeu nota máxima ao contestado filme e o revisitou mais tarde, em 2001, em sua coluna "Great movies".
Jean Tulard escreveu no Dicionário de cinema: os cineastas, da Editora L&PM: "Os cadáveres se acumulam em Alfredo Garcia, que acaba com um massacre. Mas Peckinpah poupou-se de fazer a apologia da violência". (Tradução: Moacyr Gomes Jr.; Atualização e complementação para a edição brasileira: Goida)
Tragam-me a cabeça de Alfredo Garcia desvela a alma de Bennie, um homem à beira do colapso, disposto a tudo para mudar de vida, e qual a maneira de fazer isso? Transformar-se num dos mais angustiados e controversos caçadores de recompensas do cinema.