Para quem é tradutor e/ou apaixonado por Letras, a cena protagonizada por Tom Hanks e Helena Zengel (será a nova Anna Paquin, que ganhou o Oscar de Atriz Coadjuvante aos 11 anos?) atravessando o velho Oeste numa carroça e conversando sobre linguística é simplesmente tocante.
Um sol de ofuscar iluminou a sequência em que a menina (Johanna, ou, no nome indígena, Cigarra) ensina palavras do povo indígena Kiowa para o capitão Kidd, que, por sua vez, ensina palavras em inglês para a menina.
Relatos do mundo é um road movie, um filme que conta uma jornada significativa, uma dura jornada de 650 km através das pradarias, a jornada de um homem obstinado para devolver a menina, que cresceu no meio dos índios Kiowa, à família original, de origem alemã, os Leonberger.
Estamos em 1870, e o capitão Kidd tem como meio de sustento a contação de histórias e a leitura de jornais para as comunidades por onde passa. Sim, no velho Oeste, quem tem um olho é rei, e saber ler e se comunicar é uma habilidade rara. Nessas andanças o capitão Kidd vê o seu destino entrelaçar-se com o de Johanna.
No percurso rumo à fazenda dos tios dela, os dois enfrentam inúmeras situações em que a cooperação mútua será necessária. Percalços, contratempos e, é claro, muitos perigos.
Qual é a grande razão para o sucesso de Relatos do mundo na plataforma de streaming?
Simples: é um filme sobre choque de culturas e luta pela sobrevivência, mas também sobre formação de vínculos, empatia e amizade.
O Pequeno Príncipe no velho Oeste.
Sim, uma frase de Antoine de Saint-Exupéry lampejou em meu cérebro durante a sessão.
Uma história singela mostrada com o olhar delicado do diretor Paul Greengrass, também corroteirista do filme, inspirado no romance publicado em 2016, de Paulette Jiles.
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