Com Dwayne The Rock Johnson no papel principal, Adão Negro lidera os filmes mais assistidos na plataforma Prime Video. Sobre o que penso dessa história da banalização do entretenimento e pulverização por múltiplas plataformas de streaming, acredito que o(a) leitor(a) já tenha percebido que encaro isso de modo cético. Sou por natureza um moviegoer, frequentador de cinema. Mas por ironia do destino, a cidade onde moro não tem uma sala de cinema sequer.
Assim, acabo deixando de ver muitos filmes no cinema, e confesso que este filme entrou em cartaz em Passo Fundo, a 40 km daqui. Mas o interesse para ver não justificava uma viagem.
Isso é outro problema, a programação das salas do Laser e do Arcoplex, as duas redes que dominam os cinemas de Passo Fundo. Rarissimamente colocam filmes de arte em cartaz, filmes internacionais ou alternativos. Reina a redundância e a falta de imaginação na programação. Filmes como Zona de interesse ou afins acabam não vindo para o interior. Ou o sujeito passa uns dias na capital e faz uma imersão cultural ou tem que esperar entrar numa plataforma, mas assinar todas as plataformas é inviável.
Então acaba que o acesso a alguns filmes fica muito prejudicado por esse sistema capenga, no qual a mídia física praticamente inexiste mais.
Mesmo que a pessoa queira ver, não consegue.
Voltando à vaca fria, Adão Negro lidera os mais vistos no Prime Video. E por que lidera?
Fácil de responder. Uma parcela substancial dos assinantes provavelmente não teve oportunidade de conferir no cinema ou passou batido quando o filme estava em cartaz. Agora, para valorizar os suados reais gastos na assinatura, o assinante precisa ter algum tipo de retorno, nem que seja assistindo a um filme malhado pela crítica.
E por que Adão Negro é malhado pela crítica?
Por que a crítica adora malhar, faz parte de sua natureza ser arrogante e elitista. Tudo que as massas adoram, a crítica não pode gostar. O ditado "A voz do povo é a voz de Deus" é uma aberração para os críticos. Mas tem crítico que gostou.
O meu filho de 11 anos, que vai completar 12 no dia 5 de abril, assistiu comigo.
Ele reclamou que o roteiro é muito rápido, não dá tempo da pessoa respirar, faz a história andar de modo vertiginoso.
Um comentário interessante, que eu levo como elogio à inteligência dele, e aos outros filmes que ele tem visto comigo ultimamente, entre eles os do diretor Sergio Corbucci, em que cada cena é aproveitada ao máximo e o roteiro praticamente inexiste.
Engano meu ou já usei o verbo inexistir vezes demais neste post?
Sei que se eu disser que inexiste algum leitor que não sabe responder a essa pergunta, estarei mentindo, pois tem leitores(as) deste blog muito atentos(as).
Bem, o número de palavras de um post tem que ser limitado, não pode exceder um número específico, e eis que já escrevi o número de palavras do post sem praticamente uma linha sequer sobre o filme em si.
Se eu disser que inexistem regras para escrever uma resenha, estarei mentindo, assim, confesso que este texto não pode ser classificado como resenha, muito menos como uma resenha de Adão Negro, um filme de ritmo vertiginoso, como bem apontou o Antônio, mas tem uma coisa que preciso comentar, nem que seja em homenagem à minha finada mãe.
O filme tem a participação de um dos atores que ela amava, o Pierce Brosnan, em um papel bastante importante, o Senhor Destino, que o veterano interpreta com humor e elegância, como é de seu costume. O ex-007 está em plena forma quando o assunto é dar charme a um personagem.