Quando a pessoa vai ao cinema para ver o quinto filme de Darren Aronofsky, supondo que tenha assistido os quatro primeiros, já sabe de antemão o que lhe espera: um cinema profundamente autoral, com certas obsessões recorrentes, como a drogadição com todas as suas vertentes, os meandros da psique humana, a tênue linha entre o saudável e o doentio na relação pais/filhos, o corpo humano e as metamorfoses. Tudo isso se confirma em Cisne negro (2010), filme que possibilita várias leituras e que merece ser visto mais de uma vez.
A favorita ao Oscar de Melhor Atriz Natalie Portman (que estreou em 1994 com O profissional e no próximo 9 de junho completa 30 anos) dá vida à Nina Sayers, a bailarina que sonha em ser a Rainha Cisne na nova temporada de O lago dos cisnes, o balé em quatro atos de Tchaikovski que estreou em 1877. A moça, dona de uma técnica perfeita, é também a profissional mais dedicada da companhia. Mas talvez não seja escolhida porque não consegue "se soltar", ou "let it go", nas palavras do diretor Thomas (Vincent Cassel). Para aumentar a concorrência, uma nova bailarina é contratada, a misteriosa Lily (Mila Kunis), que procura fazer amizade com a relutante e sempre tensa Nina.
Quais os motivos da tensão da moça? A mãe psicopata-dominadora (Barbara Hershey)? A fixação por Beth (Winona Ryder), a bailarina em fim de carreira? Repulsa ao sexo? Entre outras coisas, o filme tenta responder essa pergunta e investigar a essência da personagem, descobrir quem ela é. E, ao mesmo tempo, retratar sua metamorfose na busca do sucesso e da perfeição profissionais.
Cisne negro, como a sublime performance de uma bailarina, consegue ser ao mesmo tempo puro movimento e pura introspecção. O ritmo das cenas é ágil e sem firulas, mas de modo a criar na cabeça do espectador uma sensação de insólita dúvida sobre o que é realidade ou ilusão. Nina é uma personagem catártica ao extremo. Inspira na plateia um misto de compaixão, ternura e medo. O cinema de Aronofski é assim: visceral e perturbador.
A favorita ao Oscar de Melhor Atriz Natalie Portman (que estreou em 1994 com O profissional e no próximo 9 de junho completa 30 anos) dá vida à Nina Sayers, a bailarina que sonha em ser a Rainha Cisne na nova temporada de O lago dos cisnes, o balé em quatro atos de Tchaikovski que estreou em 1877. A moça, dona de uma técnica perfeita, é também a profissional mais dedicada da companhia. Mas talvez não seja escolhida porque não consegue "se soltar", ou "let it go", nas palavras do diretor Thomas (Vincent Cassel). Para aumentar a concorrência, uma nova bailarina é contratada, a misteriosa Lily (Mila Kunis), que procura fazer amizade com a relutante e sempre tensa Nina.
Quais os motivos da tensão da moça? A mãe psicopata-dominadora (Barbara Hershey)? A fixação por Beth (Winona Ryder), a bailarina em fim de carreira? Repulsa ao sexo? Entre outras coisas, o filme tenta responder essa pergunta e investigar a essência da personagem, descobrir quem ela é. E, ao mesmo tempo, retratar sua metamorfose na busca do sucesso e da perfeição profissionais.
Cisne negro, como a sublime performance de uma bailarina, consegue ser ao mesmo tempo puro movimento e pura introspecção. O ritmo das cenas é ágil e sem firulas, mas de modo a criar na cabeça do espectador uma sensação de insólita dúvida sobre o que é realidade ou ilusão. Nina é uma personagem catártica ao extremo. Inspira na plateia um misto de compaixão, ternura e medo. O cinema de Aronofski é assim: visceral e perturbador.
Só pra saber: a frase interrogativa do seu texto "Repulsa ao sexo?" foi inserida propositalmente para fazer referência a Roman Polanski? Ontem, enquanto eu assistia a "Cisne Negro", lembrei algumas vezes de "Repulsa ao sexo". Cisne negro é tenso e desfaz, em alguma medida, o glamour do ballet.
ResponderExcluirhi, Márcia, pois é, acho que tivemos a mesma intuição/percepção sobre o intertexto Black swan e Repulsion. os dois filmes têm um clima meio sufocante, e Nina em certa medida lembra a exasperação e a frustração da personagem de Repulsion.
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