quinta-feira, fevereiro 10, 2011

O discurso do rei

David Seidler, que teve problemas de fala na juventude, é o favorito para abiscoitar o Oscar de Melhor Roteiro Original, pelo roteiro de O discurso do rei. Numa interessante jogada de marketing, acaba de ser lançado o livro The King's Speech: How One Man Saved the British Monarchy, coescrito por Mark Logue, o neto de Lionel Logue, o terapeuta de fala de


Albert Frederick Arthur George, Bertie para os mais íntimos, mais conhecido como rei George VI. Bertie (1895–1952) foi monarca a partir de 1936, quando seu irmão abdicou do trono para se casar com uma mulher divorciada.

O discurso do rei aborda o esforço de Bertie, gago desde os 4 anos, para se tornar não um orador vocacionado, mas pelo menos alguém capaz de ler um discurso, coisa que todo rei que se preze deve ser capaz. E Bertie no fundo sabia que a batata quente (o trono) ia acabar caindo na sua mão (ou melhor...). Por isso, depois de um fiasco em um discurso ainda príncipe em 1925, decidiu procurar ajuda profissional. No caso, a de um especialista da Harley Street, o australiano Lionel Logue. Apesar de ter consultório na famosa rua, Logue não era médico, mas um ex-ator shakespeariano que criou uma técnica para ajudar soldados com problema de fala devido ao shell shock.

Além do magnífico roteiro, a película tem outros trunfos óbvios, como a dupla de atores Colin Firth (favorito para o Oscar) como o rei e Geoffrey Rush (que já tem Oscar de Melhor Ator por Shine, 1996) como Logue. Na maior parte do tempo os dois contracenam, em cenas que vão do hilário ao pungente. Durante o tratamento, Logue aconselha ao futuro rei treinar com tongue-twisters, aquelas frasezinhas difíceis de pronunciar, como “Let’s go gathering healthy heather with the gay brigade of grand dragoons” ou “She sifted seven thick-stalked thistles through a strong thick sieve”. O príncipe, enquanto aprende que cantar e falar palavrões são boas estratégias para superar os problemas de fala, tem na mulher Elizabeth (Helena Bonham Carter) uma grande e fiel incentivadora. Mas o filme tem também lá seus equívocos. O mais óbvio é de miscasting: escalar Guy Pearce (nascido em 1967) como irmão mais velho de Colin Firth (nascido em 1960) não contribuiu para a verossimilhança interna.

É bom frisar que esse detalhe não chega a comprometer o resultado deste filme inesquecível. O diretor Tom Hooper, nascido em 1972 e formado em Oxford, traz no currículo várias minisséries para a TV e firma-se com O discurso do rei como um dos talentos de sua geração.

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