domingo, novembro 13, 2011
O palhaço
Poucas vezes o cenário rural brasileiro foi tão bem filmado quanto em O palhaço, segundo longa-metragem de Selton Mello na direção. O realizador de 38 anos também atua e coassina o roteiro. Não é um roteiro imaculado, impecável, mas bom o suficiente para surprender e emocionar o público, e, de quebra, provocar alguns sorrisos e algumas risadas. Um dos méritos do roteiro é construir um ambiente de circo valorizando todos os personagens e artistas que compõem o mágico universo. É um circo simples, é claro, sem trapezistas ou globo da morte. A empresa, micro, consiste em poucos veículos antigos, uma lona e uma predileção por cidadezinhas do interior, onde as pessoas prestigiam os raros eventos artísticos que têm a sorte de ter ao alcance. Outro mérito do roteiro é surpreender o espectador: a ingenuidade e a pureza de Benjamin (Selton Mello), o palhaço em crise existencial, são tocantes, e é bom de vez em quando assistir filmes que demonstram certa confiança no ser humano. Por fim, outro, mas não menos importante, mérito do roteiro é reservar espaços para participações especialíssimas e enriquecedoras. Um parênteses às citações (influências?) do diretor Selton Mello: Fellini e Lynch. Tem filme brasileiro em cartaz. E dos bons.
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