No mundo em que o "politicamente correto" está se tornando uma obsessão levada às últimas consequências, é sempre gratificante revisitar personagens concebidos em outras décadas, por artistas não patrulhados por exacerbados paranoicos de plantão. Goscinny & Uderzo produziram seus 24 álbuns entre 1961 e 1977, mas a irreverência de Asterix, Obelix e Ideiafix permanece viva como nunca. Desta feita, os dois amigos recebem a difícil missão de transformar o medroso Goudurix, o sobrinho de Abracurcix, em um gaulês destemido e exemplar. Paralelamente, os vikings desejam capturar o "campeão do medo", para que o covarde jovem lhes ensine a natureza desse sentimento desconhecido pelo povo nórdico. Os vikings acreditam que o medo lhes dará asas para voar, conforme vaticinou o druida da tribo viking.
Mas Abba, a filha do chefe viking vai se apaixonar pelo mancebo, complicando a situação. Para quem
tem filhos em idade pré-escolar (ou seja, ainda não oficialmente alfabetizados), Asterix e os Vikings (2006) é uma boa iniciação ao encantador mundo dos gauleses mais famosos da banda desenhada. Os diretores Jesper Moller e Stefan Fieldmark são bons expoentes da escola de animação dinamarquesa; o primeiro depois realizou Sandman and the Lost Sand of Dreams (2010), e o segundo havia codirigido o sucesso Mamãe, virei um peixe (Help, I'm a Fish, 2000).
Cada vez mais, é revigorante revisitar os personagens cujo mote é "Esses romanos são uns neuróticos!" e que têm uma especial predileção para afundar o navio dos pobres e inofensivos piratas. Mas Asterix e Obelix não ensinam apenas a ironia e o sarcasmo: também são exemplos de humildade, camaradagem, honradez e outras muitas qualidades dos intrépidos gauleses que nunca cedem aos invasores, sejam eles romanos ou até mesmo vikings.