domingo, março 05, 2017

JOHN STURGES: Sete homens e um destino

Este é o segundo post de uma série de três sobre a obra do diretor estadunidense John Sturges.


Uma das inesquecíveis sequências de Sete homens e um destino (1960) envolve um impasse. O dono da funerária está se negando a enterrar um homem, apesar das despesas terem sido pagas por um caixeiro-viajante, que, aliás, nem conhecia o falecido. O motivo? O senhor que faleceu era afrodescendente. O empresário fúnebre alega que sofreu ameaças e que o cocheiro também está com medo das represálias.
     Escutando a conversa, um forasteiro vestido todo de preto se oferece para conduzir a carruagem rumo ao cemitério local. Chris Adams sobe à boleia, enquanto outro corajoso vaqueiro, Vin, também se voluntaria para ajudar, fazendo a escolta. Ele se coloca ao lado de Chris, e o cortejo fúnebre enfim parte, seguido por muitos curiosos, ansiosos para ver o circo pegar fogo, ou seja, presenciar o inadiável e inevitável confronto entre os dois destemidos forasteiros e o grupo de preconceituosos moradores.

Por mais singela que pareça essa premissa, resultou numa das cenas mais emblemáticas e antirracistas da história do cinema.

E também uma das mais trepidantes.

Assistem à cena embasbacados três camponeses mexicanos que vieram à cidade à procura de armas para se livrarem da perseguição do temido Calvera e seu bando de quarenta ladrões.

Mais tarde, o trio pede ajuda a Chris, que sugere: é mais barato contratar pistoleiros do que comprar armas. O resto dessa história você já deve saber, ou, se não souber, tem plenas condições de imaginar.

O dvd traz como extra um documentário com depoimentos de diretores que cultuam o filme, como John Carpenter e Lawrence Kasdan, além das viúvas de Yul Brynner e Steve McQueen. A atriz Rosenda Monteros, que deu vida à encantadora Petra, fala sobre a importância de o filme ter sido realizado no México. Outras presenças no documentário são Brad Dexter, que interpreta o sonhador Harry Luck, e Robert Vaughn, que encarna o ambíguo Lee.
Nessa espécie de 'making-of a posteriori', o cinéfilo vai descobrir muitas curiosidades sobre este clássico que também teve no elenco James Coburn (no papel de Britt, especialista no arremesso do punhal) e Charles Bronson (como Bernardo, que faz uma bonita amizade com três garotos do vilarejo). Também são entrevistados Eli Wallach, o vilão Calvera, e Horst Buchholz, o ator alemão que interpreta o conturbado Chico, o sétimo a ser recrutado, num papel coadjuvante que, reza a lenda, Steve McQueen gostaria de ter feito.


Na verdade, McQueen caiu como uma luva no papel de Vin, o braço direito de Chris na dura empreitada de tentar espantar o feroz bando de Calvera.




Este post não poderia terminar sem mencionar Elmer Bernstein, o compositor da famosa trilha que se tornou inspiração para muitos. E, é claro, realçar a importância de Yul Brynner, o imponente ator que comprou os direitos de Os sete samurais, de Akira Kurosawa, para protagonizar este remake que se tornou um dos mais icônicos e divertidos westerns da história.
A propósito, aguarde em breve o post sobre o remake do remake, ou seja, a nova versão de Sete homens e um destino (2016) dirigida por Antoine Fuqua e cujo elenco é encabeçado por Denzel Washington.

Um comentário:

  1. ...excelente as 2 versões. Respeitando as diferenças de épocas das produções e tb.seus protagonistas. 10.

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