sexta-feira, abril 20, 2018

Adeus à linguagem 3D


Assistir ao filme Adeus à linguagem de Jean-Luc Godard é como entrar num museu de arte moderna.


A gente nunca sabe se o artista é um gênio ou um doido, ou simplesmente um enganador.

O quanto há de arte por trás desse estilo "experimental"?

O som entrecortado no começo do filme dá uma sensação inquietante, será que o Blu-ray veio com problema?

Pelo menos o 3-D é forte mesmo.

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Não sei que câmeras Godard utilizou, parece que foram câmeras pequenas, sem parafernálias e gruas.

Eis que o resultado é de um 3D de fato, não de um 3D convertido.

Também não sei o que dizer sobre este filme. Não que ele provoque um vazio, um monte de pontos de interrogação; não, apenas, como eu disse, não sei se o Godard está senil ou se cada vez melhor.



Na entrevista que veio como extra, Godard, um senhorzinho muito arguto, porém de fala meio titubeante ou trêmula, tartamudeia respostas a perguntas ininteligíveis.

A entrevista foi feita em francês, mas as legendas em inglês permitiram-me anotar alguns trechos.

Então, o que você ler entre aspas a seguir são palavras de Godard que foram legendadas e agora vertidas livremente ao português.

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SOBRE A HISTÓRIA DO FILME

"A história é simples. Entre os personagens, tem um homem e uma mulher, e, a certa altura, quando eles estão se desentendendo, aparece um cachorro, e o cão restabelece o equilíbrio."

MENÇÃO A HITCHCOCK

"Apliquei a teoria de Hitchcock: para que as pessoas entendam, fale duas vezes. Por isso, são dois casais."

ROTEIRO

"O roteiro não vem antes da filmagem, mas sim após a montagem."

MENSAGEM DO FILME

"A mensagem é a ausência de mensagem."

3D

"O 3D me permite estar nesta área, nesta paisagem."

O Blu-ray traz também um ensaio sobre o filme, de autoria de David Bordwell. O ensaio é um bom auxílio para tentar entender a arte por trás de Adeus à linguagem.

Bordwell nos informa que o nome do cachorro é Roxy e usa a interessante terminologia Couple 1 e Couple 2 para se referir aos dois casais.

O ensaio é dividido em 3 partes: Desmantelando a cena; Agressão e digressão; Planos e volumes.

Em Planos e volumes, a função e a estética do 3D no filme são esmiuçadas.

É um ensaio bastante útil.

Mas, afinal, que tipo de filme traz junto um ensaio escrito por um intelectual?

Por si só, isso já diz bastante sobre o filme.

Ah, e agora enfim já sei o que dizer sobre o filme!

É o tipo de filme que é preciso ver mais de uma vez para que tudo fique mais claro.

O problema é que ver uma vez já foi difícil.

Então, ver de novo não está exatamente na pauta urgente.

Será que eu fui claro?

Claro, "difícil" não é necessariamente sinônimo de ruim.

Denso, hermético, são aproximações no campo semântico.

Semanticamente, é um filme difícil. 

E se a mensagem é a ausência de mensagem,

que tal uma resenha que é a ausência de resenha?



sábado, abril 14, 2018

Os amores de uma loira


Este post é dedicado à memória de Milos Forman. Texto inédito no blog,
sobre um filme da "fase tcheca" do diretor, que depois migrou para os EUA.

           
Andula trabalha numa fábrica de roupas e calçados do interior da Tchecoslováquia. A oferta de homens no mercado anda baixa – a proporção é de 16 mulheres por mancebo. A cidade comemora a visita de uma companhia de reservistas com um baile. As adolescentes lamentam a idade e a aparência da mercadoria – mas quem não tem cão, caça com gato. Três reservistas “velhos e fedorentos” oferecem uma garrafa de vinho a Andula e suas amigas. Andula, entretanto, está de olho no carinha mais interessante do pedaço: o jovem pianista. Fim de baile. O pianista atrai Andula a seu quarto, sob o pretexto de “ler sua mão”.

            Os amores de uma loira é um título enganoso. A loira em questão não é promíscua ou devassa. Simplesmente uma adolescente sedenta de paixão. Uma semana depois do encontro, Andula vai de mala e cuia para Praga, atrás do pianista. O interrogatório a que é submetida pela mãe do pianista é hilário.



            Misturando desilusão com risadas em rápidos 85 minutos, Os amores de uma loira concorreu a Melhor Filme Estrangeiro em 1966. Chamou a atenção de Hollywood para o seu diretor. Milos Forman é um bom exemplo de cineasta europeu que se adaptou à indústria sem perder a alma. Continuou fazendo filmes de seu interesse e de grande qualidade.  Levou o Oscar de Melhor Diretor em duas oportunidades: Um estranho no ninho e Amadeus. Realizou o ótimo O mundo de Andy, com Jim Carrey. Para o cinema não se perder como arte necessita de cineastas íntegros como Milos Forman.

            Alguém aí pode se perguntar: por que se importar com filmes tchecos preto & branco da década de sessenta?  Qual o propósito de assistir e, pior, resenhar um filme "velho"? Demonstrar cultura, ser diferente?

            A resposta, meu amigo, o vento está soprando. Hoje, o cinema é consumido quase completamente na sala de projeção. Pouco ou nada do que se vê sobra para comentar ou debater.
            Cineastas como Milos Forman desconstroem uma frase que já esteve em voga: "É um bom entretenimento se você desligar o cérebro”. Os filmes de Forman entretêm e ao mesmo tempo deixam o cérebro ainda mais ligado. E outra maneira de manter o “cérebro sempre ligado” é conhecer um pouco da história do cinema.



domingo, abril 01, 2018

THE BAND OF HOLY JOY

Este é o segundo de uma série de posts com textos dos fanzines Wall of Sound e Planet of Sound.

Os textos eram produzidos, enviados via correio, depois datilografados e montados na cópia máster. Em seguida, cópias eram feitas com xerox.

Esta é capa do Wall of Sound #1, no qual foram publicados os textos do Throwing Muses e também o reproduzido abaixo, sobre a Band of Holy Joy.





The Band of Holy Joy continua ativa, mais informações no site oficial da banda. As faixas do inesquecível álbum manic, magic, majestic hoje podem ser compradas digitalmente no site Bandcamp.









ESTA PÁGINA FOI ESCANEADA DO 1º NÚMERO DO ZINE
WALL OF SOUND,
EDITORA-CHEFE: JUSSARA MARIA ROCHA DAS NEVES