sexta-feira, fevereiro 15, 2019

Westworld: onde ninguém tem alma

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Em 1973, Michael Crichton realizou este filme que na segunda década do século XXI inspiraria a série homônima produzida por Jonathan Nolan.

Yul Brynner encarna (?) um androide numa espécie de Ilha da Fantasia, um lugar em que os turistas e visitantes vão para saciar sua sede de aventura.

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O romancista fez com este filme sua estreia como cineasta. Eis que o resultado foi bastante satisfatório.

O filme começa com entrevistas de pessoas recém-chegadas dos parques temáticos.

Além do mundo do Oeste, o parque também apresenta o mundo medieval e o mundo romano. 

Quem acompanha a série Westworld sabe a dinâmica do parque.

Humanos sedentos por experiências viscerais desembarcam e se misturam aos habitantes androides para vivenciar uma imersão em outra época, com outros códigos de conduta e honra.

A emoção de poder realizar fatos que no "mundo real" seriam considerados ilegais ou crimes é um dos elementos atrativos desses locais.

Em seguida, Crichton apresenta seus heróis (?), ou melhor, quase anti-heróis. 

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Em quase nenhum momento é criada uma empatia entre o espectador e os protagonistas desta história, os amigos Peter Martin e John Blane (James Brolin, pai de Josh Brolin).

Talvez a empatia criada possa ser justamente com o pistoleiro robô, interpretado com maestria por ninguém menos que Yul Brynner, o astro de Sete homens e um destino.

Ao vê-lo em cena é impossível não pensar que essa atuação não tenha inspirado atores que tiveram de viver androides, como Arnold Schwarznegger, Robert Patrick (o T-1000 de O exterminador do futuro 2), entre outros.

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A parte em que Yul Brynner está perseguindo Peter Martin (Richard Benjamin) em passos lentos e paulatinamente começa a correr é citada por James Cameron em uma das cenas da saga Exterminador do Futuro.

As maiores diferenças deste filme em relação à série é que aqui existe uma importante divisão de foco entre o mundo do oeste e o mundo medieval. Isso porque na subtrama outro "visitante" ou "guest" é acompanhado em sua trajetória, e esse convidado está se divertindo no mundo das
justas medievais.

Abaixo serão feitos comentários que para almas sensíveis poderiam ser enquadrados como "spoiler", embora seja um pouco patético alguém não imaginar que isso iria inevitavelmente acontecer.

AVISO DE SPOILER

PESSOAS QUE ACREDITAM QUE
TUDO SEMPRE VAI FUNCIONAR ÀS MIL MARAVILHAS DEVEM INTERROMPER
A LEITURA AQUI.

NÃO DIGAM QUE NÃO FORAM AVISADOS(AS).

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A proverbial hora em que os robôs apresentam mau funcionamento é quando Westworld começa a aumentar o interesse.

As falhas se precipitam e os "controladores" perdem completamente o controle.

Crichton deita e rola com as possibilidades do roteiro e torna Westworld: onde ninguém tem alma um libelo irônico contra o endeusamento da tecnologia e também uma pitada de sátira aos turistas inveterados e escapistas.

No filme existe um clímax bastante nítido que na série é diluído em meio a considerações filosóficas e por conta da própria natureza de uma série, que permite mais tempo para divagações.


Sobre a primeira temporada de Westworld tenho a dizer que a abertura do seriado é uma obra de arte, com a música e as imagens combinando à perfeição. 




Ao longo da série, os personagens são bem construídos e tudo no final se encaixa, com direito a algumas surpresinhas.


O irmão mais novo de Chris Nolan acertou em sua abordagem. Westworld, a série, é um produto com
valor agregado em relação a Westworld, o filme.

Não estou dizendo que a série é melhor, muito antes pelo contrário.

Estou dizendo que o fã da série vai se beneficiar da experiência de assistir ao filme e vice-versa.

São duas experiências que se completam.

E o ideal acredito que é fazê-las na seguinte ordem: primeiro, assista aos dez episódios da primeira temporada.

Depois, assista ao filme.

E pense se vale a pena enfrentar a segunda temporada, que está sendo muito criticada por ser muito "cerebral".

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