segunda-feira, dezembro 07, 2020

Pânico no ano zero!


O grande ator Ray Milland acumula neste clássico da ficção científica o cargo de diretor. 

Mas o grande astro do filme é o roteiro.

Filmado em preto e branco, em plena guerra fria, Pânico no ano zero! (1962) explora o pânico de uma guerra nuclear.


A família Baldwin madruga e pega a estrada com um trailer rumo a uma pescaria de fim de semana.

Harry (Ray Milland) e Ann (Jean Hagen) estão animados, ao contrário dos filhos adolescentes Rick (Frankie Avalon) e Karen (Mary Mitchell), emburrados por ter que acordar cedo com um só objetivo: peixes. 

No caminho rumo às montanhas, estranhas explosões luminosas espocam no horizonte em vários pontos e momentos. 

Os clarões são intensos e a família logo desconfia que algo não está certo.

Quando o pior cenário se confirma (os EUA estão sofrendo ataques nucleares em várias cidades), a família tem um dilema: voltar ou não voltar para tentar resgatar a mãe de Ann. Relutante, Harry dá meia-volta com o carro.



Mas o pânico começa a se instalar na rodovia sinuosa, com uma caravana de carros fugindo de Los Angeles. A família estaciona numa lanchonete de beira de estrada para coletar informações e tomar café.

Então tomam a difícil decisão: a sobrevivência individual de cada membro do núcleo familiar será a prioridade nos próximos dias. 

Será impossível voltar para buscar a vovó.

Agora os seres humanos começam a sentir os efeitos de uma situação desesperadora e anômala.

Medidas extremas podem ser tomadas, a selvageria contida pela civilização aflora...

Ética, civilidade e solidariedade saem de cena.



A lógica do "cada um por si, Deus por todos" está valendo agora, mais do que nunca.

A família esconde o carro e passa a morar numa caverna, evitando ao máximo o contato com outras pessoas.




Mas a perversidade se materializa na forma de uma gangue de marginais que não tem escrúpulos para matar e estuprar.


Como ator não há o que dizer de Ray Milland, que ganhou Oscar de Melhor Ator ao interpretar um alcoólatra em Farrapo humano, em 1945, dirigido por ninguém menos que Billy Wilder.

O seu trabalho na direção é discreto e eficiente, um trabalho de quem aprendeu o ofício observando os mestres.









Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário é bem-vindo!