To Kill a Mockingbird (1962) valeu o Oscar de Melhor Ator a Gregory Peck. É o tipo de filme para ver e rever, um filme modelar em todos os sentidos.
Do roteiro às atuações, do desenvolvimento ao desenlace, tudo no filme é bem realizado e consumado.
Além de Melhor Ator, o filme abiscoitou também Melhor Direção de Arte em P&B e Melhor Roteiro Adaptado.
No caso, Horton Foote, o responsável por adaptar o romance homônimo de Harper Lee, que venceu o Pulitzer em 1961.
Todos os personagens são significativos, mas claro que tudo gira em torno de Atticus Finch, o viúvo pai da caçula Scout (Mary Badham) e do menino Jem (Philip Alford). A família vive numa cidade do interior no Alabama.
O filme não é um filme de tribunal, muito embora uma de suas sequências mais famosas seja a do tribunal.
Com isso quero dizer que o filme aborda outros temas e outras tramas paralelas, como a de Boo Radley, um morador da cidade que nunca aparece na rua e que as crianças da vizinhança temem.
O ponto de vista do filme é sempre o das crianças.
A narradora é Scout, que, em idade adulta, relembra as aventuras da infância.
Muitas vezes o roteiro do filme passa o protagonismo a Jem, quando o menino acompanha o pai numa visita à família do réu de um chocante caso que está mexendo com a sociedade local.
Um negro está sendo acusado de estuprar uma jovem branca.
Atticus Finch é o único advogado capaz de defendê-lo, e vai fazer isso com unhas, dentes e muita perspicácia.
O ator Gregory Peck afirmou que raramente passou um dia sem pensar em quanto foi afortunado em ser escalado para fazer este filme.
O astro de Os canhões de Navarone, Os bravos morrem de pé e A conquista do Oeste encarnou o personagem com uma naturalidade tamanha que muitos afirmam ter apenas sido ele mesmo, já que Gregory também diz que o roteiro o lembrou de seu background, um menino nascido em cidade pequena.
O post que eu fiz sobre Os bravos morrem de pé traz um texto extra, que escrevi em 2003, há 20 anos portanto, por ocasião do falecimento de Gregory Peck.
O texto, intitulado Poderosa, nua e imortal, refere-se a um dos recursos mais característicos do ator: a sua voz inconfundível.
O júri formado por homens brancos terá que decidir o futuro do rapaz afroamericano.
O dvd tem um extenso making of, um verdadeiro longa-metragem que aborda vários aspectos da realização do filme.
Uma coisa que só notei nessa revisita foi que o ator Robert Duvall faz parte do elenco, num papel surpreendente.
Tocante e singelo, O sol é para todos é um eterno libelo contra as injustiças.