quinta-feira, maio 25, 2023

Homenagem a Nádia Polidori (10/6/31-25/5/23)

 Faleceu hoje a Professora de Piano Nádia Barbosa Polidori, no município de Porto Alegre. Ela atuou décadas no ensino dos primeiros passos no instrumento. D. Nádia tinha um carinho especial pelos(as) aprendizes e bordava o nome de cada um(a) no feltro verde que usava para proteger as teclas. 

Uma senhora culta que adorava ler Seleções Reader's Digest, ouvir óperas, desfrutar da companhia das filhas Inara e Thais, andar de bicicleta na praia com a neta Andrea (que lhe deu a alegria de ter 2 bisnetos), ir ao cinema com a irmã Namir e reunir as amigas para um chá.

Abaixo ilustro esta pequena homenagem com fotos das 5 seções do citado feltro.















quinta-feira, maio 11, 2023

A montanha dos sete abutres

 Ace in the Hole movie review & film summary (1951) | Roger Ebert 

Filme que deveria ser passado no primeiro semestre de Jornalismo.

Billy Wilder dirige Kirk Douglas num papel de um repórter sem escrúpulos, Chuck Tatum.

Ele é obrigado a sair dos grandes centros e busca refúgio num jornal do interior.

Quando surge a oportunidade de fazer uma grande cobertura de um fato digno de nota, um homem preso numa mina de uma montanha chamada pelos índios d' A Montanha dos 7 abutres, Tatum a agarra com a mesma avidez que aves necrófagas consomem uma carcaça.

 Leo Minosa (Richard Benedict) acredita que tudo é culpa dos espíritos que não gostavam de suas pilhagens de artefatos, que ele vendia em seu estabelecimento jogado às moscas.

Mas com a publicidade que os artigos de Tatum trazem ao acontecimento, tudo vai mudar.

 O título brasileiro é evocativo e resume bem a história... Até poderíamos citar quem seriam os 7 abutres no filme. 

Ace in the Hole (1951) - Turner Classic Movies

Uma delas com certeza é Lorraine (Jan Sterling, estupenda), a esposa inconfiável de Leo, que se torna cúmplice de Tatum num plano maquiavélico: retardar o socorro para conseguir mais sensacionalismo, mais atenção midiática. 


Ace in the Hole (1951) - A Review - HaphazardStuff

Daí o título original, o ás na manga, Ace in the Hole (a.k.a. The Big Carnival).

O segundo título com o qual foi lançado enfatiza o "circo" que é formado. O drama do homem preso na mina se transforma uma "mina" de dinheiro, em que até uma roda-gigante é montada para distrair os visitantes que chegam aos milhares.

 

Ace in the Hole

 Em tempos de fake news, em que a ética e a verdade no jornalismo adquirem cada vez mais importância, assistir a um filme assim nos ajuda a fortalecer o respeito por uma imprensa livre, honesta e isenta.

sexta-feira, maio 05, 2023

O sol é para todos


 To Kill a Mockingbird (1962) valeu o Oscar de Melhor Ator a Gregory Peck. É o tipo de filme para ver e rever, um filme modelar em todos os sentidos.

Do roteiro às atuações, do desenvolvimento ao desenlace, tudo no filme é bem realizado e consumado.

Além de Melhor Ator, o filme abiscoitou também Melhor Direção de Arte em P&B e Melhor Roteiro Adaptado.

No caso, Horton Foote, o responsável por adaptar o romance homônimo de Harper Lee, que venceu o Pulitzer em 1961.



Todos os personagens são significativos, mas claro que tudo gira em torno de Atticus Finch, o viúvo pai da caçula Scout (Mary Badham) e do menino Jem (Philip Alford). A família vive numa cidade do interior no Alabama.

O filme não é um filme de tribunal, muito embora uma de suas sequências mais famosas seja a do tribunal.

Com isso quero dizer que o filme aborda outros temas e outras tramas paralelas, como a de Boo Radley, um morador da cidade que nunca aparece na rua e que as crianças da vizinhança temem.

O ponto de vista do filme é sempre o das crianças. 

A narradora é Scout, que, em idade adulta, relembra as aventuras da infância. 

Muitas vezes o roteiro do filme passa o protagonismo a Jem, quando o menino acompanha o pai numa visita à família do réu de um chocante caso que está mexendo com a sociedade local.

Um negro está sendo acusado de estuprar uma jovem branca.

Atticus Finch é o único advogado capaz de defendê-lo, e vai fazer isso com unhas, dentes e muita perspicácia.

O ator Gregory Peck afirmou que raramente passou um dia sem pensar em quanto foi afortunado em ser escalado para fazer este filme. 

O astro de Os canhões de Navarone, Os bravos morrem de pé e A conquista do Oeste encarnou o personagem com uma naturalidade tamanha que muitos afirmam ter apenas sido ele mesmo, já que Gregory também diz que o roteiro o lembrou de seu background, um menino nascido em cidade pequena.



O post que eu fiz sobre Os bravos morrem de pé traz um texto extra, que escrevi em 2003, há 20 anos portanto, por ocasião do falecimento de Gregory Peck.

O texto, intitulado Poderosa, nua e imortal, refere-se a um dos recursos mais característicos do ator: a sua voz inconfundível.

O júri formado por homens brancos terá que decidir o futuro do rapaz afroamericano.

O dvd tem um extenso making of, um verdadeiro longa-metragem que aborda vários aspectos da realização do filme. 

Uma coisa que só notei nessa revisita foi que o ator Robert Duvall faz parte do elenco, num papel surpreendente.

Tocante e singelo, O sol é para todos é um eterno libelo contra as injustiças.