sábado, junho 16, 2012

Deus da carnificina

Com roteiro adaptado da peça de Yasmina Reza, encenada pela primeira vez em dezembro de 2006 em Zurique, Deus da carnificina é uma “comédia dramática” (seja lá o que isso quer dizer) com qualidade rara hoje em dia: a metragem de 80 minutos, ideal para quatro atores brilharem com diálogos ácidos sob a direção cirúrgica de Polanski.
Enxuto mas ao mesmo tempo claustrofóbico, afinal Nancy e Alan (Kate Winslet e Christoph Waltz), por mais que tentem, parecem não conseguir escapar da sala de Penelope e Michael (Jodie Foster e John C. Reilly). O motivo do encontro é que, numa briga ocorrida dias antes no parque, o filho dos anfitriões teve dois incisivos fraturados por um golpe de um bastão desferido pelo filho dos visitantes. Penelope deseja que o menino agressor peça desculpas ao filho dela.
A conversa, porém, vai tomando rumos inusitados, em meio a “tramas paralelas”, quais sejam, os celulares a toda hora tocando. Roteiro cortante, direção simples, atuações notáveis: sem dúvida, Deus da carnificina é filme para se ver duas vezes.