segunda-feira, maio 27, 2013

Outback - uma galera animal

 
As qualidades de Outback, uma galera animal não são poucas. Primeira: nos transporta a um país maravilhoso, com fauna e flora exóticas e endêmicas, de paisagens inigualáveis e típicas, de utensílios famosos como o bumerangue e poços de água profunda conhecidos como billabong. Um dos locais mais atraentes da Terra, que nos deu bandas como Men at Work e Midnight Oil e cineastas como Peter Weir: down under, em outra palavra, Austrália. Segunda: cria um universo ficcional tendo como personagens justamente representantes de várias espécies australianas, como o diabo-da-tasmânia, o dingo, o wombat, o canguru e, é claro, o coala. Terceira: homenageia o mundo dos parques e circos, tão adorado por crianças de todas as idades, e ao mesmo tempo nos conduz por uma história cujo leitmotiv é a busca pela aceitação e o enfrentamento das discriminações. Johnny, o coala albino transformado em atração no "show de aberrações" de um circo itinerante no sertão australiano, tem a oportunidade de ajudar um grupo de animais que tem seu habitát ameaçado por um crocodilo gigante. A quarta qualidade é não ser uma produção de mainstream e revelar o potencial da animação sul-coreana. O diretor Kyung Ho Lee faz um bom trabalho que só não fez mais sucesso porque as vozes dos protagonistas não foram dubladas por astros de Hollywood, mas sim por ilustres desconhecidos. Já a dublagem nacional é um caso à parte. Acho que poucas pessoas reconhecem a extrema qualidade das nossas dublagens. Filme após filme, cada vez mais me dou conta do talento das muitas pessoas envolvidas na indústria da dublagem nacional, de tradutores a dubladores, de músicos a produtores, que, com pouco tempo e muito profissionalismo, adaptam trabalhos de diversas origens e transformam nosso planeta numa verdadeira aldeia. Outback é apenas mais um exemplo disso.

A viagem 2: a ilha misteriosa (3-D)

 Filme dirigido por Brad Peyton e estrelado por Dwayne Johnson, que encarna Hank, fortão de alma delicada que deseja conquistar o respeito e a amizade do enteado Sean. Para isso, embarca numa aventura rumo à Palau, na Polinésia, em busca da "ilha misteriosa" citada no livro homônimo de Júlio Verne. O roteiro tenta amarrar uma possível ligação entre três ilhas de três obras clássicas da literatura universal: A ilha do tesouro (Robert Louis Stevenson), A ilha misteriosa (Júlio Verne) e a ilha de As viagens de Gulliver (Jonathan Swift). A boa notícia é que Michael Caine está na ativa (e cavalgando mamangavas gigantes, diga-se de passagem!). O clássico ator é Alexander Anderson, avô de Sean (Josh Hutcherson, o menino de A viagem ao centro da terra, de 2008, agora adolescente), que supostamente estaria na suposta ilha e teria enviado uma suposta mensagem cifrada ao neto. Completam o elenco o conhecido rosto de Luis Guzman (como Gabato, um piloto de helicóptero um tanto não confiável) e a garota Vanessa Hudgens, que interpreta Kailani, a filha de Gabato e alvo das atenções amorosas do incauto Sean. A viagem 2: a ilha misteriosa, sucesso de bilheteria no mundo todo, é uma colagem que mescla soluções fáceis com momentos inteligentes.

sábado, maio 18, 2013

O corvo

John Cusack encarna Edgar Allan Poe em O corvo (2012), escrito por Hannah Shakespeare e dirigido por James McTeigue. A ideia é boa: sobre os últimos dias da vida de Poe (Boston, 1809-1849, Baltimore) ainda pairam muitos enigmas que os mais dedicados biógrafos ainda não deslindaram. "Alagado de suor, com os membros trementes, pálido e falando sem cessar, num 'delírio continuado mas não violento ou ativo, todo o quarto para ele estava agitado e, numa conversação lacunosa, falava aos espectros, que se sumiam e apareciam nas paredes". Assim foi encontrado Edgar Poe poucos dias antes de morrer, nas palavras de Oscar Mendes, tradutor de Israfel, Vida e Época de Edgar Allan Poe, de Hervey Allen. Eis que alguém (com imaginação fértil que faz jus ao sobrenome Shakespeare, diga-se de passagem) resolveu explorar essa brecha e criar um universo ficcional que reconstrói os últimos dias da vida do autor, lançando mão de recursos como mortes escabrosas e engenhocas horripilantes extraídas, nada mais, nada menos, dos próprios contos de Poe. Com a ajuda do detetive vivido por Luke Evans, Poe/Cusack tenta antecipar os passos de um serial killer que conhece sua macabra obra de cabo a rabo. Fãs de Poe vão identificar e se deleitar com o verdadeiro liquidificador de referências, desde o poema mais conhecido de Poe, que dá título ao filme, até algumas das histórias mais tensas e densas da literatura fantástica. Contos do grotesco e do arabesco, como O poço e o pêndulo, O enterramento prematuro, O barril de Amontillado, A máscara da morte escarlate, O coração revelador, O mistério de Marie RogêtO estranho caso do Sr. Valdemar, entre outros. Cusack consegue dar à Poe certa credibilidade e um pouco da angústia inerente a esse autor imprescindível em qualquer biblioteca de literatura universal.
 O que aconteceu nas últimas semanas de vida de Poe, ninguém sabe, mas sobre sua morte, uma coisa é certa: "Um demônio pior do que todos os que ele tinha imaginado atormentava-o num longo e violento delírio. (....) Nada mais comovente pode verdadeiramente dizer-se que afirmar tenha sido a morte de Edgar Allan Poe mais penosa que sua vida".

Cowboys e aliens


Cowboys e aliens, com Harrison Ford e Daniel Craig liderando o elenco, sob a direção de Jon Favreau (Um duende em Nova York, Homem de Ferro, Homem de Ferro 2), é o tipo do filme cujo roteiro não tem qualquer outro compromisso além de fazer a coisa andar e inserir clichês e citações a granel. Até a clássica cena em que, na hora de acender o pavio, sem fósforos, o mocinho recorre ao cigarro aceso. Esse tipo de coisa se repete de minuto a minuto em Cowboys e aliens. Por isso mesmo, é um prato cheio para aficionados tanto de ficção científica quanto de faroestes.