domingo, março 31, 2013

Monstros vs Alienígenas

O 3-D aguça os sentidos e não os embota. O 3-D colabora para o efeito de um bom filme, mas não conserta um mau filme. O fato de ser 3-D não torna o filme intrinsecamente melhor. Assisti a Monstros vs Alienígenas em 2-D, mas quero muito assisti-lo em 3D.
Há um bom tempo não ria tanto. General coleciona monstros em programa secreto e, quando o presidente dos EUA precisa de ajuda para contra-atacar alienígenas, sugere ao comandante-em-chefe que solte as “feras” contra os invasores. O roteiro bem trabalhado faz as coisas andarem e, ao mesmo tempo, ironiza homens, mulheres, militares e políticos.
 Atores talentosos emprestaram suas vozes às curiosas e interessantes personagens, desde os monstros Ginórmica (Reese Witherspoon ), Dr. Barata (Hugh Laurie) e B.O.B. (Seth Rogen) até o general Monger (Kiefer Sutherland).
É isto que se espera de filmes 3-D: entretenimento de alta qualidade. Em outras palavras, a tecnologia a serviço de bons roteiros e boas histórias.

Os smurfs 3D

Raja Gosnell, diretor de Scooby-Doo, assina Os smurfs 3D. As criaturas azuis de 3 maçãs de altura, chamadas de acordo com suas características/funções (Desastrado, Padeiro, Narrador, etc.),  vivem na floresta numa aldeia de cogumelos gigantes escondida por um mágico campo de força que os protege de seu principal inimigo: o bruxo Gargamel. Porém, Desastrado atrai o pérfido felino do bruxo, que invade o vilarejo, causando um pandemônio. Em meio à balbúrdia, um grupo de smurfs acaba entrando num túnel de água que só se abre na Lua Azul e os conduz a Nova York, onde serão perseguidos pelo arqui-inimigo e, de quebra, participarão de momentos importantes na vida de um jovem casal nova-iorquino. Em Donnie Darko, filme cult do século XXI,  há um diálogo sobre os Smurfs. Isso mostra a popularidade das criaturinhas e sua, digamos, “influência” na cultura, contracultura e anticultura estadunidenses. A legião de smurfãs talvez consiga relevar o fraco roteiro e aproveitar a participação de Tim Gunn, o som do Aerosmith e o smurfuniverso de Os smurfs 3-D.

Space dogs 3D


Animação russa 3-D de 2009. É a face humana, digo, canina da globalização. O roteiro nos remete à ocorrida espacial entre EUA e URSS, mais especificamente ao período do lançamento, em 1960, da Korabl-Sputnik 2 - a primeira a colocar animais em órbita e trazê-los a salvo. São muitas as peripécias das duas cadelinhas, a vira-lata Belka e a artista de circo Strelka, e do rato Leni até o trio ser recrutado para a missão. A propósito, nota-se na primeira parte do filme que se trata de uma “escola” diferente da "ocidental", já que há certa lentidão para engajar os personagens na trama principal, ou seja, o recrutamento, o treinamento e a escolha de cães, ratos e camundongos para participar do histórico momento. E a própria missão encerrará muitos perigos e surpresas. Detalhe: a história é contada pela filha de Strelka, que foi dada de presente à primeira-dama dos EUA, Jackie Kennedy. Da metade em diante o filme engrena, com direito a cenas com as cadelinhas verdadeiras nos créditos.

sexta-feira, março 29, 2013

Alvin e os esquilos 2


Em um show de Alvin e os esquilos, Dave se machuca, precisa ser internado em Paris e deixa as "crianças" sob a tutela de uma tia cadeirante, que também sofre um acidente, restando por fim a Alvin, Simon e Theodore os cuidados de Toby, jovem tímido, atrapalhado e irresponsável, que estudou na mesma escola em que Alvin e os dois irmãos se matriculam e começam a cursar, escola cuja diretora é fã deles e faz questão de inscrevê-los no concurso musical interescolar, a fim de abiscoitar os 25 mil dólares de prêmio e investir na academia de música da escola, mas também entram na escola três esquilinhas, que, manipuladas por um ganancioso agente, querem alcançar a fama, e como ainda não coloquei ponto final nessa resenha, resta dizer que Alvin e os esquilos 2 foi, como seria de se prever, mal recebido pelos críticos e críticas sem filhos e que o filme, apesar disso, ou justamente por isso, arrecadou 443 milhões de dólares.

quarta-feira, março 27, 2013

Bel-ami, o sedutor

Adaptado do romance homônimo de Guy de Maupassant (conhecido por ser autor de alguns dos melhores contos fantásticos da literatura universal), Bel-ami foi filmado em Paris e Budapeste. O elenco conta com três excelentes atrizes: Uma Thurman (a inacessível Madeleine), Christina Ricci (a insaciável Clotilde) e Kristin Scott Thomas (a aparentemente impassível Madame Rousset). O roteiro aproveita bem as peripécias de Georges Duroy, filho de camponeses que tenta entrar na alta sociedade parisiense a qualquer custo, numa espécie de romance de costumes do fim do século XIX. A história transcorre em 1890 e aborda até que ponto alguém se permite ser manipulado para alcançar seus objetivos, até que ponto alguém se deixa contaminar pela hipocrisia reinante no meio, até que ponto uma pessoa vazia consegue virar a cabeça de pessoas de cabeça vazia. Recrutado por Forestier, editor de um jornal com quem servira na Argélia, Georges passa e escrever artigos com a ajuda de Madeleine, a esposa do ex-companheiro de caserna. Madeleine, por sua vez, não demonstra interesse sexual
pelo belo mancebo, mas tem uma estranha amizade com um conde que a visita todas as terças. Madeleine indica a Georges a casada Clotilde, de quem Georges logo se torna amante. O loverboy ainda vai levar outras mulheres para cama no festival de sordidez que grassava na França in those days. Filme com tudo para dar certo, não fosse um porém: o ator principal estremeceu ao contracenar com atrizes tão tarimbadas e talentosas.

domingo, março 17, 2013

Hitchcock


Hitchcock é menos um filme sobre a realização de Psicose (1960) e mais sobre a importância de Alma Reville, a discreta esposa, na vida e na carreira do famoso diretor. Traz menos cenas sobre a filmagem em si e mais sobre como os percalços e acontecimentos da vida do casal influenciaram o andamento das filmagens. Conforme retrata o filme do estreante Sacha Gervasi (roteirista de O terminal, de Spielberg), a amizade de Alma (Helen Mirren) com um roteirista inexpressivo deixou Hitch enciumado, desconcentrado e adoentado, quase colocando a perder as filmagens. Ponto para o diretor/roteirista britânico o fato de Hitch (vivido por Anthony Hopkins) não ser pintado como um crápula em seu relacionamento com Janet Leigh (Scarlett Johansson). Algumas curiosidades contadas no filme: Hitch teve de hipotecar sua casa para levantar os 800 mil dólares necessários para as filmagens. Comprou os direitos do livro de Robert Bloch e recolheu todas as cópias das livrarias, para que ninguém soubesse o fim. Britanicamente sutil, Hitchcock  sustenta-se pelo tema envolvente e pelo prazer de ver dois excelentes atores contracenando.

Abraham Lincoln: caçador de vampiros

A premissa ficcional de que Abraham Lincoln, o mais importante presidente dos Estados Unidos, tenha tido uma vida dupla dedicada ao combate de forças vampirescas encarnadas pelo exército sulista na Guerra da Secessão é, no mínimo, estapafúrdia. Que um escritor chamado Seth Grahame-Smith (vide
http://sethgrahamesmith.com/) tenha estudado a fundo a história da vida do famoso presidente e escrito um livro correlacionando todos os fatos verídicos de vida de Lincoln com a ação de vampiros maléficos e escravagistas é algo, no mínimo, também estapafúrdio (diga-se de passagem, que o livro tenha sido um best-seller é mais estapafúrdio ainda). Que um diretor russo chamado Timur Bekmambetov (o cara que dirigiu Guardiões da noite e O procurado), patrocinado por Tim Burton, tenha transformado o romance num filme 3-D, com direito a machados e balas de prata, é algo superestapafúrdio. No entanto, disparado o mais estapafúrdio em toda essa história é que eu tenha alugado o filme e gostado dele. Como sói acontecer, para que eu goste de um filme, ele deve ter um roteiro não digo bom, não digo perfeito, não digo bem amarrado, não digo exemplar, mas com... algo. E o roteiro de Abraham Lincoln: caçador de vampiros tem realmente algo. O que é que o roteiro de Seth Grahame-Smith tem? Em primeiro lugar, uma despreocupação óbvia com a verossimilhança externa, mas um cuidado extremo com a interna. Em segundo lugar, uma despreocupação com o politicamente correto, por ser nada lisonjeiro para com os sulistas, retratados não só como vilões, mas como horrendos vampiros. Terceiro, uma despreocupação com ser "original" ou coisa que o valha e, ao mesmo tempo, em decorrência dessa própria despreocupação, acabar sendo estapafúrdia e desconcertantemente original.
 

sábado, março 09, 2013

Os três mosqueteiros - 3D

 
Moderna e dinâmica releitura do clássico de Alexandre Dumas dirigida pelo britânico Paul W. S. Anderson, especialista em filmes inspirados em games (vide Mortal Kombat e a série Resident Evil, da qual dirigiu o primeiro, o quarto e quinto filmes). Antes das filmagens, os atores treinaram três meses com uma renomada esgrimista alemã. O resultado se percebe nos duelos coreografados, mas convincentes.
 
 
O roteiro, apesar de certas liberdades científicas, é bem trabalhado no sentido de valorizar o melhor de cada personagem, abrindo margem para o brilho de vários atores, em especial Matthew MacFadyen, que encarna um Athos atormentado pela desilusão amorosa com a perturbadora Milady (a sra. Paul W. S. Anderson, ninguém menos que Milla Jojovich), Christoph Waltz, como o maquiavélico cardeal Richelieu, Logan Lerman, como o impetuoso e adolescente D'Artagnan e, last but not least, Orlando Bloom, impagável na pele do duque de Buckingham. Outro ator com performance engraçadíssima é Freddie Fox, que vive um Luís XIII hilário. Filmado em locações na Alemanha, Os três mosqueteiros, possivelmente o melhor filme de Paul S. W. Anderson, é uma grata surpresa, que, ao mesmo tempo, diverte, inova e surpreende.