domingo, setembro 30, 2018

Gallipoli (2005)

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Este post é sobre o documentário realizado pelo turco Tolga Örnek e lançado em 2005. Existe um filme homônimo do diretor australiano Peter Weir, lançado em 1981.

Por considerar o segundo um dos melhores filmes de todos os tempos, naturalmente fui atraído a colocar o primeiro em "Minha lista", e você deve saber de qual serviço de streaming eu estou falando.


É um serviço de streaming que após você ver o filme, tem duas opções para classificar. Você se sente um imperador romano na arena: polegar para baixo, ou polegar para cima.

Isso já é um bom demonstrativo do tipo de mentalidade das pessoas que comandam esse serviço.

Maniqueisticamente tentam obter "dados" simplórios sobre as preferências dos usuários. Consideram-se sábios administradores dos "Big Data" coletados pelas estatísticas de seus desavisados assinantes, felizes em classificar simploriamente os filmes como "gostei" e "não gostei".


Voltarei a tratar sobre esse assunto na resenha de "What the Waters Left Behind", um trash argentino a que assisti recentemente.

O documentário de Örnek baseia-se principalmente em correspondências dos soldados e oficiais que participaram da campanha de Gallipoli.



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O mais interessante é que os dois "lados" da guerra são igualmente representados. Os turcos, que apoiam a Alemanha, têm o seu território invadido pelas forças aliadas. Australianos e neozelandeses, aliados dos britânicos, são expostos a batalhas insensatas em um país de terreno inóspito.

A pesquisa sobre as condições insalubres das trincheiras é estarrecedora. Fotos dos combatentes e dos campos de batalha são utilizadas como fio condutor, trabalhadas em tecnologia tridimensional. Algumas situações são recriadas e filmagens dos locais completam as imagens narradas por Sam Neill, Jeremy Irons, Zafer Ergin e Demetri Goritsas.
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A grande qualidade do filme turco é "não puxar a brasa para o seu assado". Uma das provas da imparcialidade é que o documentário Gallipoli recebeu uma honraria, a Medalha da Ordem da Austrália, na categoria divisão geral, por serviços dignos de reconhecimento especial.

Um drink no inferno (From Dusk Till Dawn, 1996)

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No post anterior, você ficou sabendo que Tom Savini é um especialista em efeitos especiais que colaborou nos filmes de George Romero. E também que ele dirigiu a refilmagem de A noite dos mortos-vivos. Pois bem, agora, mais um acréscimo para a sua cultura zumbi-vampiresca: Tom Savini atua no elenco de From Dusk Till Dawn, o cult de 1996 dirigido por Robert Rodriguez.


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Tom Savini é Sex Machine, personagem de Um drink no inferno


Savini é Sex Machine, um dos frequentadores do Titty Twister, "o meu tipo de lugar", nas palavras de Seth Gecko. Ou seja, o inferninho onde se passa a segunda parte do filme.

A primeira parte de Um drink no inferno é um road movie em que dois irmãos fogem da polícia. O destino deles se cruza com uma família que viaja num motor-home. Os bandidos sequestram a família para tentar passar a fronteira e entrar no México, onde têm um encontro marcado.
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Harvey Keitel, Fred Williamson, George Clooney e Tom Savini














                                                                                 
 A segunda parte é uma espécie de O anjo exterminador versão vampiresca. Explico. No clássico de Buñuel, um grupo de burgueses não consegue sair de uma casa. No cult de Rodriguez, as pessoas também não conseguem sair do Titty Twister. Claro que a sensação de claustrofobia é maior no filme do espanhol. Rodriguez é bem mais visual e menos psicológico.


A diversão de Um drink no inferno está nos diálogos cortantes de Tarantino e no humor negro das situações. O texano Robert Rodriguez dirige o roteiro de Quentin Tarantino com um elenco que fez a diferença: George Clooney (o ladrão de bancos Seth Gecko), Harvey Keitel (o ex-pastor Jacob Fuller) e Juliette Lewis (Katherine Fuller) sustentam os personagens principais.


Danny Trejo, o protagonista de Machete

Entre os coadjuvantes, temos Quentin Tarantino (na pele de Richie Gecko, o perturbado irmão de Seth), Salma Hayek (Santanico Pandemonium), Danny Trejo (Razor Charlie) e Tom Savini (o motociclista Sex Machine).

A filmografia de Rodriguez talvez seja uma das mais irregulares e "ecléticas" do cinema. Mescla filmes com baixo orçamento, como El Mariachi;  infantojuvenis (a série Pequenos espiões, entre outros); ficção científica (Prova final); filmes trash (os dois Machete); parcerias com Frank Miller (os dois Sin City) e parcerias com Quentin Tarantino (Grindhouse).

Como já dissemos, From Dusk Till Dawn entra nesta última categoria, pois Tarantino, além de escrever o roteiro, contribuiu (?) como ator, interpretando o demente facínora Richie Gecko.

Um drink no inferno é mais um filme disponível nos serviços de streaming e que "vale a pena ver de novo", em especial para mostrar a alguém que ainda não viu.




sábado, setembro 29, 2018

A noite dos mortos-vivos (1990)


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Este post é uma homenagem póstuma ao legado de George Romero (1940-2017), o diretor estadunidense que sofreu críticas severas ao lançar, em 1968, um filme em preto e branco com uma temática mórbida: um surto inexplicável provoca a reanimação de cadáveres humanos.

A noite dos mortos-vivos (1968) tornou-se um filme cult por delinear as regras de um universo que seria muito explorado nas décadas seguintes. Algumas dessas regras (zumbis são seres lentos apenas detidos com uma bala ou uma estocada na cabeça) foram sendo desafiadas com o tempo, mas todos que abordaram esse mundo tiveram de beber na fonte e dar o braço a torcer: Romero foi o precursor. O sucesso no meio underground possibilitou que Romero realizasse a sua famosa trilogia:

A noite dos mortos-vivos (1968)
Madrugada dos mortos (1978)
Dia dos mortos (1985)

que se transformou em quadrilogia em 2005 com

Terra dos mortos.

Este post faz uma homenagem à trajetória de George Romero focalizando a refilmagem A noite dos mortos-vivos, lançada em 1990.

Com a intenção de dar uma nova roupagem ao filme de 1968, a refilmagem foi dirigida por Tom Savini e teve produção e roteiro de George Romero.

Até nisso Romero era um visionário: era um homem de negócios.

Não abria mão de fazer um comentário social em seus filmes de terror, mas sem perder de vista a lucratividade.

As produções eram relativamente baratas, tendo como principal investimento os efeitos especiais de Tom Savini.

Assim, quando decidiu refilmar seu clássico, Romero, na condição de produtor, tomou a decisão pragmática de autorizar Savini a acumular funções e receber o crédito de diretor.
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Elenco? Ninguém famoso. Atores e atrizes relativamente desconhecidos. A noite dos mortos-vivos (1990) traz como dupla principal Tony Todd (que depois encarnaria Candy Man) e Patricia Tallman, que trabalhou na série Jornada nas Estrelas como atriz e dublê.

Roteiro? Custo praticamente zero. Só pegou o seu próprio roteiro de 1968 e deu uma atualizada, aumentando a importância da heroína Barbara. A linha narrativa é basicamente a mesma.

Algumas cenas são idênticas.

Os cenários evocam aqueles do filme do final da década de 1960, apenas com a diferença que, 22 anos depois, estão coloridos, afinal de contas, as novas gerações geralmente abominam filmes em P&B.

Assistir novamente à refilmagem permite chegar a algumas conclusões.
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O roteiro tem uns probleminhas na primeira parte, pecando pela opção de "contar" em vez de "mostrar", em especial, quando Ben começa a narrar os fatos ocorridos antes de ele se refugiar na emblemática casa.

No terço final o filme engrena e a refilmagem traz algumas inovações, principalmente na conclusão.

Em suma, A noite dos mortos-vivos (1990), dirigido por Tom Savini e estrelado por Tony Todd, é um bom complemento à quadrilogia de George Romero
.

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sábado, setembro 15, 2018

Raw



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Raw é um filme sobre laços, distúrbios e repressões. Filmes são resultados do esforço de muita gente, mas quem leva o mérito artístico são os diretores. Diretores são seres que dominam a arte de escrever roteiros e transformá-los em produtos para serem veiculados em festivais e no circuito comercial. Por circuito comercial entende-se um leque de mídias que incluem salas de cinema, dvds, blu-rays e serviços de streaming. Serviços de streaming são uma espécie de locadora de filmes que cobra uma mensalidade para oferecer títulos escolhidos sem critério aparente. 


Raw é um filme sobre transes, compulsões e transtornos. Filmes são uma mistura de arte com entretenimento que cada pessoa consome por motivos próprios. Motivos são tudo aquilo que levam algo a acontecer ou uma pessoa a cometer os seus atos. Atos são tudo aquilo que as pessoas fazem com ou sem motivo aparente.  





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Raw é um filme dirigido pela francesa Julia Ducournau, uma loira articulada que gosta de humor negro e afirma que Raw não é um filme de terror no sentido de assustar, mas uma mescla de drama, comédia e "body horror". Um dos clássicos de body horror para Julia Ducournau é Fome animal de Peter Jackson. Fome é uma sensação corporal comandada por uma série de substâncias químicas que provocam a vontade de ingerir alimentos. Vontade é aquilo que nos move a querer assistir a um filme com sinopse interessante.

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Sinopse é um texto técnico feito para resumir um filme contando elementos do roteiro, mas sem cometer spoilers. Spoilers são informações colocadas em sinopses, resenhas ou críticas escritas por pessoas loucas para cometerem spoilers. Eu não me considero uma pessoa louca para cometer spoiler. Considerar-se é um verbo meio relativo que depende de como a pessoa se enxerga perante o mundo, e, portanto, carrega uma boa dose de subjetividade. 

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Uma boa dose de subjetividade é o que os críticos de cinema tentam esconder com textos técnicos que contêm uma sinopse e uma análise sobre a qualidade geral do filme. Uma análise sobre a qualidade geral de Raw poderia ser a de que é um filme que provoca reações sensoriais da plateia passíveis de serem classificadas na categoria de repulsa e incompreensão.

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Em se tratando de cinema, incompreensão é algo muito fácil de acontecer, pois existe um descompasso entre a intenção do diretor e a intenção do espectador. Até mesmo quando a pessoa que se acha inteligente declara ter "gostado" do filme, ao formular perguntas para o(a) cineasta revela não ter entendido as intenções dele(a), ou ter entendido de forma diametralmente oposta. É o que mostra esta entrevista com Julia Ducournau:



A propósito, loiras são seres humanos do sexo feminino cuja cabeleira tem fios claros ou dourados. Nenhum cientista comprovou que a coloração dos fios de cabelo tem relação com o QI da pessoa, apesar de no Brasil existir um rótulo que discrimina as loiras. Discriminar é algo típico de quem não tem uma característica e quer sentir-se superior em relação às pessoas que têm aquela característica.

Características são qualidades inerentes ou adquiridas, atribuídas a seres inanimados ou vivos, a produtos ou obras de arte. A característica mais proeminente de Raw é suscitar uma série de pensamentos aparentemente desconexos conhecida como fluxo de consciência. O romance Ulysses supostamente seria um exemplo desse jorro incessante de ideias que se encadeiam de modo não linear.

Linear é quando a história tem começo, meio e fim, mas o fim pode ser aberto, ou seja, deixar elementos sem resolução. Nesse sentido Raw é um filme linear. Tem começo, meio e fim. 

Fim é quando você percebe que um filme ou um texto está prestes a acabar. Fim também pode ser sinônimo de finalidade. Mas se tudo aquilo que você viu naqueles 90 minutos terminar no fim do filme, o filme realmente não teve uma finalidade. 

Filmes com finalidade não têm fim.

Textos sem finalidade, sim.

quinta-feira, setembro 13, 2018

Ilha dos cachorros


O novo filme de Wes Anderson foi realizado com a técnica de stop-motion. No Brasil, foi veiculado nos cinemas em cópias legendadas. Como diz Beatriz Fialho na Folha, não se trata de uma animação infantil, e sim de uma "alegoria bem-humorada de problemas sociopolíticos".

Nas férias de julho, eu fui assistir ao filme em companhia de meu filho de 10 anos. Ele é um menino que gosta de comer sushi e de ler mangás do Yokai-Watch, por isso, tem um apreço especial pela cultura do Japão.



A história de Ilha dos cachorros se passa em 2038 na terra do sol nascente. Todos os cachorros de uma cidade são exilados em uma ilha, inclusive Spots, o cãozinho de Atari.

O garoto decide resgatar o seu fiel amigo e vai até a ilha a bordo de um avião roubado. Lá conhece o rosnador Chefe, que passa a ajudá-lo na tarefa de procurar Spots.

Wes Anderson é um cineasta da estirpe de David Lynch e outros, que realizam poucos, mas significativos filmes. Ilha dos cachorros é apenas seu nono longa-metragem de uma carreira que inclui Os excêntricos Tenembaum, Viagem a Darjeeling e Moonrise Kingdom.

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Um dos temas preferidos de Anderson é a família, com seus valores e percalços. O diretor gosta de abordar e investigar os problemas familiares, ou esmiuçar grupos que se transformam numa "grande família". Vide Grande Hotel Budapeste e O fantástico Sr. Raposo. Em Ilha dos cachorros, as relações entre os cães da ilha e o menino Atari acabam se desenvolvendo para criar laços.

Ilha dos cachorros tem uma acidez permanente que impede o espectador de achar algo "cute" ou "bonitinho". O cinema de Anderson não é condescendente com a plateia. Assim, eu espero que meu filho sem se dar conta tenha dado um passo para moldar um olhar cinéfilo capaz de apreciar diferentes e ousadas manifestações artísticas.

Um intertexto inusitado: o gaúcho Jorge Furtado realizou em 1989 Ilha das flores. Aqui você encontra o texto do curta-metragem, que você pode conferir abaixo:



quarta-feira, setembro 12, 2018

O Babadook

O segundo filme de Jennifer Kent, The Nightingale (2018), acaba de receber dois prêmios no Festival de Veneza: o Special Jury Prize e o Marcello Mastroianni Award for Young Performer (pela atuação do jovem Baykali Ganambarr). Durante uma das sessões, um jornalista insultou a diretora.

Mas o assunto deste texto é o primeiro filme da australiana que aprendeu com Lars von Trier a importância de ser teimosa: The Babadook (2014).


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Reza a lenda que, após desiludir-se com a carreira de atriz, Jennifer Kent ofereceu-se para participar do staff do diretor dinamarquês nas filmagens de Dogville, e conquistou o cargo de assistente do diretor. Reza a lenda que o principal aprendizado de Jennifer no estágio foi a importância da teimosia.

E depois de muita persistência, conseguiu realizar o primeiro longa-metragem, inspirado num curta de sua autoria. The Babadook, produzido pela Causeway Films, foi divulgado em mais de 70 festivais e aclamado em muitos deles, como Sitges e Sundance.

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Com um elenco mínimo e cenários intimistas (nada a ver com o estereótipo dos filmes australianos), Jennifer Kent faz o espectador se embrenhar na assustadora história de Samuel (Noah Wiseman), menino de 6 anos que carrega consigo a culpa de ter nascido no dia da morte do pai, falecido enquanto levava a esposa à maternidade.

A mãe de Samuel, Amelia (Essie Davis), isolou-se no luto pela perda do marido, concentrando-se na rotina diária de criar o filho e trabalhar na casa geriátrica, praticamente sem vida social, e uma vida sexual (?) típica de uma pessoa solitária.

O cachorrinho de Samuel, a vizinha Gracie Roach (Barbara West), simpática anciã que às vezes cuida do garoto, a irmã de Amelia, a priminha de Samuel, o colega de Amelia na casa geriátrica e Oscar Vanek, o pai de Samuel que morreu há 6 anos e cujos pertences são guardados no porão da casa, completam o quadro de personagens deste horror gótico.

O roteiro é muito bem construído e na parte inicial apresenta Amelia como uma mãe dedicada e abnegada, que abriu mão da vida pessoal em prol de criar o filho. Apesar dos esforços da mãe, o menino Samuel, por sua vez, é problemático, obcecado em armas e violento na escola e na interação com outras crianças.

Amelia enfrenta a situação com estoicismo até que o filho começa a enxergar uma criatura chamada Babadook, personagem de um livro que surge misteriosamente em meio aos demais.

A história progride até em torno da metade do filme como um drama sobre perda, dificuldades para criar os filhos, medos inerentes à infância, etc.

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Daí em diante há uma reviravolta de tom e o foco no menino dá espaço para o foco na mãe. O filme de Jennifer Kent se torna um terror hardcore, daqueles de "scare the shit out of" até do mais corajoso espectador.

O forte de O Babadook é explorar ao máximo o tênue limite entre o que é delírio e o que é sobrenatural. À medida que a transformação de Amelia vai se consolidando, a fragilidade da situação de Samuel se escancara, e caberá ao espectador avaliar quem são os verdadeiros monstros da história.

Ridiculamente o filme não foi lançado nos cinemas e inexiste no Brasil em dvd e Blu-ray. Para ter acesso a algumas preciosidades assim, a alternativa do cinéfilo relutante é engolir em seco e aceitar as limitações patéticas dos serviços de streaming


terça-feira, setembro 11, 2018

O ataque dos vermes malditos

O diretor Ron Underwood começou na tevê e estreou no cinema com Tremors (1990), que em Portugal recebeu o título de Palpitações.  Misto de filme B, trash e terrir, O ataque dos vermes malditos atraiu um séquito de fãs que alimentou uma demanda por 5 continuações em longa-metragens e mais uma série televisiva. Disso tudo resultou que o filme foi alçado à inesperada condição de "cult".Resultado de imagem para o ataque dos vermes malditos

O ataque dos vermes malditos atualmente está disponível no catálogo da Netflix. Traz Fred Ward e Kevin Bacon como Earl e Val, a dupla de faz-tudos do pequeno vilarejo  de Perfection, Nevada. De alambradores a manejadores do lixo, incluindo a função menos nobre de drenar poços negros, os nossos heróis sobrevivem de um biscate em outro na inóspita paisagem do novo Oeste.

Rhonda (Finn Carter), uma estudante universitária, faz uma pesquisa sismográfica nas terras locais, e pergunta aos dois se sabem de algo que pode estar causando registros de tremores sísmicos nas redondezas.

As coisas começam a ficar bizarras quando um morador local é encontrado morto por desidratação no alto de um poste de luz. 

Logo tudo se precipita e ataques sangrentos começam a se intensificar, deixando os poucos moradores em polvorosa.

Alguns fatos são descobertos: as criaturas assassinas locomovem-se no subsolo, são cegas e se orientam pelas vibrações e sons das vítimas em potencial.

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Uma das coisas legais de Tremors é que as criaturas (batizadas de "graboids" por Walter Chang, o dono da mercearia onde o grupo de sobreviventes se refugia) são feitas em escala real, de um tipo de espuma. 

O ataque dos vermes malditos mescla ação, humor e ironia com efeitos especiais um tanto toscos, mas eficazes. Uma penca de personagens divertidos, incluindo os Gummer, um casal viciado em armas, completa a lista de ingredientes que explica por que o sucesso de O ataque dos vermes malditos resiste ao tempo.

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Uma palavrinha sobre a trajetória de Ron Underwood, o diretor: o auge de sua carreira no cinema aconteceu nos anos 90, em que realizou também Amigos, sempre amigos (1993) e Poderoso Joe (1998). Gradativamente foi perdendo o fôlego nessa competitiva indústria e retornou às origens, firmando-se como diretor de episódios para múltiplos seriados de tevê. 

domingo, setembro 09, 2018

Alfa

Com a fotografia esplendorosa ideal para IMAX 3-D, Alfa conta a história de Keda (Kodi Smit-McPhee), que durante uma caçada da tribo é dado como morto após ser jogado num penhasco por um bisão.
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Relutante, o chefe Tau (Jóhannes Haukur Jóhannesson), pai do adolescente, volta à tribo com a difícil missão de contar a tragédia para Rho (Natassia Malthe), a mãe do rapaz. O filme acompanha a saga do jovem em sua tentativa de voltar para casa em meio a perigos e intempéries.
           Com direção de Albert Hughes, que junto com o irmão gêmeo Allen assinou filmes importantes como Menace II Society e From Hell, Alfa pertence à estirpe de filmes sobre a relação ser humano e natureza, como, por exemplo, O urso, de Jean-Jacques Annaud. Outra característica que Alfa compartilha com O urso (1988) é o número de tomadas com pontos de vista originais e surpreendentes.

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Alfa também nos remete obviamente a outros filmes com foco na pré-história, como Guerra do fogo (1981, também de Annaud) e 10.000 a.C.
Alguém poderia afirmar que Alfa também estabelece um intertexto com Dirkie, perdido no deserto. Nos dois filmes, hienas perseguem os respectivos protagonistas. Dirkie fica perdido sob o sol escaldante do deserto, com a companhia de seu cãozinho, e vaga pelas dunas intermináveis na esperança de reencontrar o seu pai. O objetivo de Keda também é rever o pai, apenas o cenário é o gelo, e o bicho que o acompanha não é um cachorro. 
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Ao retratar a amizade de Keda e um lobo, Alfa se enquadra em mais uma ampla categoria ou “gênero” de filmes: aqueles que abordam esse estranho e forte vínculo que une seres humanos e alguns animais.

Por fim, o filme também me fez recordar uma canção do U2, A sort of homecoming, que seria uma boa trilha sonora para a saga de Keda em busca do retorno ao lar:

Uma curiosidade: Alfa, o fiel amigo de Keda, é interpretado por Chuck, que pertence a uma raça nova híbrida, o cão lobo checoslovaco, desenvolvida por meio do cruzamento de pastor-alemão com lobos.
Com todos esses ingredientes, não é à toa que Alfa mereceu três estrelas no site do Roger Ebert e torna-se um programa interessante para fazer com a família. Conferir as aventuras de Keda e sua amizade com Alfa pode ser um ponto de partida para discussões sobre história e respeito à natureza.