sábado, agosto 25, 2012

Além da liberdade

Um filme é um filme é um filme, como diria Gertrude Stein. Ao que eu acrescentaria: um filme de Luc Besson é um filme de Luc Besson é um filme de Luc Besson. O cara que levou Jean Reno ao estrelato (mais ou menos como Almodóvar fez com Banderas) e deixou atônitas plateias de filmes como, entre outros, Imensidão azul (1988), Nikita (1990), O profissional (1994, que lançou ninguém menos que Natalie Portman), O quinto elemento (1997) e Joana d'Arc (1999) agora focaliza com sua câmera a Birmânia.
The Lady (Além da liberdade, 2012) conta a trajetória de Aung San Suu Kyi (Michelle Yeoh), a guinada em sua vida, passando dos afazeres domésticos e literários, exercidos na Inglaterra, para a atuação política no país natal. O fator desencadeador é o derrame sofrido pela mãe de Suu Kyi, o que leva a filha a retornar ao país, governado com mão de ferro por uma ditadura militar. Sendo a filha do herói birmanês assassinado pelas mesmas pessoas que agora detêm o poder, desde o momento em que ela pisa em solo birmanês, seus passos são vigiados pelo regime. Casada com Michael Aris (David Thewlis), professor de História, e com dois filhos, ela subitamente se vê num dilema: escolher entre família ou nação. A situação encrudesce e Suu Kyi acaba em prisão domiciliar. Para chamar a atenção do mundo para a situação birmanesa, Michael Aris encaminha a candidatura da esposa para o Prêmio Nobel da Paz de 1991. Destaque para a presença do U2 na trilha (e na camiseta do Joshua Tree que um dos filhos da protagonista usa numa cena). O roteiro procura involucrar muita coisa num tempo relativamente exíguo: política, liberdade, relações familiares, amor e distância entre marido e mulher. Cabe ao espectador avaliar o quão bem Luc Besson se desincumbiu da tarefa.