quarta-feira, outubro 31, 2018

A escuridão de "Han Solo: uma história Star Wars"


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Este fim de semana aluguei o Blu-ray de Han Solo: uma história Star Wars. E, sim, Carazinho ainda tem três a quatro videolocadoras, até quando elas resistirão?

Eu queria terminar de ver o filme, após ter abandonado a sessão de uma sala de Passo Fundo pelo simples fato que eu só enxergava sombras. Sim, isto mesmo: um cinéfilo se obrigou a se retirar da sala por não distinguir o Chewbacca do Han Solo. Não enxergava a expressão dos personagens, não enxergava os detalhes. Reclamei e me reembolsaram o dinheiro da entrada.

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Agora, no conforto do lar, fiz a constatação. O projetor da sala estava com problemas, que maximizaram um problema que existia na origem: a fotografia escura de Bradford Young, que, segundo consta, gosta de fazer experimentações com iluminação mais reduzida.

Após um pouco de pesquisa, constatei que o problema que eu enfrentei também foi detectado mundo afora, com muita gente ficando incomodada durante a projeção.

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Esta reportagem trata do assunto e mata a charada: a visibilidade de "Solo" dependeu dos padrões de projeção da cada sala de cinema, e muitas delas não estavam à altura do desafio.

Outra reportagem afirma: "One of the more surprising criticisms about “Solo: A Star Wars Story” revolves around the cinematography. Over on Twitter, film folks are actively debating the issue, either blaming the projections for being overly dim and dark or actually blaming the director of photography Bradford Young for a subpar effort."Resultado de imagem para solo a star wars story dark chewbacca scene

A julgar pelo aconteceu comigo, não é nada surpreendente. Young tinha boas intenções, mas de boas intenções o inferno está cheio.

Bizarramente o diretor de fotografia pisou na bola. É quase impossível curtir Solo, pois os primeiros 30 minutos do filme são escuros demais.
Sim, é a pura verdade: a "ousadia" de um diretor de fotografia colocou em risco a visibilidade do filme e contribuiu significativamente para o fracasso na bilheteria.

Não quero aqui discutir a competência e a qualidade do trabalho de Bradford Young, cuja fotografia recebeu indicação ao Oscar por "A chegada" de Dennis Villeneuve. Apenas estou dando o meu feedback de como as decisões dele me afetaram. 

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O mínimo que se pode dizer é que Bradford, ao ser escalado para um filme de massa, perdeu a oportunidade de fazer um trabalho discreto, que não chamasse a atenção das pessoas para a má qualidade dos projetores. Não teve a humildade de fazer o arroz com feijão. Quis ser "sofisticado".

Nesta entrevista ele mostra que entende muito de lentes e sabe escolhê-las conforme deseja realçar o ambiente ou as expressões humanas. Mas não explica em sua fala o porquê daquela escuridão toda. 

A função do diretor de fotografia é iluminar. A decisão de Bradford Young de filmar com pouca luz, arriscadamente aprovada pelos produtores, resultou num verdadeiro desastre técnico nas salas de projeção, seja pela má qualidade dos equipamentos, seja pela falta de know-how para fazer regulagens. 

Isso colocou à prova a qualidade dos projetores das salas, resultando em situações patéticas como a que eu descrevi. 
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Quanto ao filme em si, não é dos piores, sabe.

Apesar da direção burocrática de Ron Howard, Han Solo tem um bom elenco, com destaque para a atuação do experiente Woody Harrelson na pele do irreverente Tobias Beckett.

O roteiro dos Kasdan (Lawrence e Jonathan) não chega a ser um suprassumo da originalidade, mas é funcional e acrescenta fatos importantes na linha do tempo desse carismático personagem e seu inseparável amigo.




quinta-feira, outubro 25, 2018

As casas mais extraordinárias do mundo

The World's Most Extraordinary Homes" Review

Em uma outra vida, eu ajudava uma estudante de arquitetura a fazer os seus trabalhos.

Foi assim que me aproximei da obra de Gaudí, o genial arquiteto catalão. Este é um de meus defeitos (ou qualidades?): o meu leque de interesses é bastante amplo.

Por exemplo, tornei-me um compulsivo espectador da série As casas mais extraordinárias do mundo. Reconheci a influência de Gaudí numa das casas (ver acima), que lembra os detalhes da Casa Battló (ver abaixo).

Everything you need to know about Barcelona's Casa Battló

Na série apresentada com bom humor e carisma por Piers Taylor e Caroline Quentin, existem 8 episódios disponíveis no Brasil, e já assisti a todos eles.




São 4 da primeira temporada, com temática ambiental (Subterrâneo, Litoral, Floresta e Montanha) e 4 da segunda temporada, que abordam países (Portugal, Suíça, Japão e EUA).


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Quando o assunto é documentário, a BBC tem uma tradição quase imbatível.

É tudo muito simples, mas agradabilíssimo de assistir.

E as casas são escolhidas a dedo. Realmente incríveis.

Uma das casas visitadas na Nova Zelândia pertence ao diretor de fotografia Michael Seresin.

É uma série altamente recomendável para quem gosta de arquitetura, história, geografia, etc...

Existem 4 episódios da segunda temporada (de um total de 8) que faltam serem lançados no Brasil: Espanha, Índia, Noruega e Israel.

Para os iniciados ou interessados, o guia de episódios da segunda temporada pode ser encontrado aqui.

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terça-feira, outubro 23, 2018

Venom



Tom Hardy (Mad Max 4) dá verossimilhança a este anti-herói dos quadrinhos. Marginalizado nas bandas desenhadas e agora no cinema, Venom passa no teste quando se leva em conta o público-alvo.

E qual é o público-alvo de Venom?

O público descompromissado que aprecia um misto de ficção científica e aventura realizado com liberdade criativa, orçamento classe A e um personagem com certo charme.

E qual é o charme de Venom?Resultado de imagem para venom lobster tank

Venom/Eddie Brock é gente como a gente. 

Perde o emprego, a namorada.

Torna-se um produto simbiótico que tem tudo para ser considerado um vilão, mas um vilão simpático, digamos assim.

A cena em que Hardy, acometido por sérios problemas orgânicos, constrange a ex-mulher Anne (Michelle Willliams) ao entrar no tanque das lagostas num restaurante pode estabelecer um paralelo com outras situações constrangedoras que muitos de nós, reles mortais, enfrentamos ao longo de nossa existência.

A propósito, de acordo com o relato do diretor Ruben Fleischer, foi de Hardy a ideia de entrar no tanque das lagostas.

O diretor Ruben Fleischer, que completa agora 4 filmes no currículo, desta vez me agradou mais do que em Zumbilândia

Nesta entrevista que contém spoilers, ele explica alguns detalhes sobre a realização do filme e declara que o objetivo foi "divertir e agradar a plateia".

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segunda-feira, outubro 22, 2018

Gosto de cereja (com alerta a pessoas spoilers-sensitivas)

A bordo de sua Range Rover P38A, o sr. Badii percorre as vias urbanas em busca de alguém que se disponha a lhe prestar um serviço.

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Primeiro,  ele tenta com o operário de uma construção. O moço se nega a entrar no carro, e, diante da insistência do sr. Badii, ameaça “quebrar a cara dele” se ele não for embora.

Na sequência, o sr. Badii dá carona a um jovem soldado de etnia curda. O moço aceita dar uma volta de carro antes de chegar ao quartel.
À medida que Badii se afasta da urbe e entra no meio rural, o soldado fica inquieto e pede para ser levado de volta. Badii continua e diz que o serviço será muito bem pago, o equivalente a seis meses de soldo por 10 minutos de trabalho.

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Em meio à paisagem árida, estaciona à beira de uma estrada vicinal e tenta convencer o jovem a descer. Ele não concorda. Sr. Badii insiste e explica. Basta o rapaz ir até o local na manhã seguinte e chamar duas vezes pelo nome dele. Se ele não responder, é só jogar 20 pás cheias de terra para tapar a cova.

O soldado diz que não é coveiro e súbito foge espavorido.

O sr. Badii continua a tentativa de aliciar alguém. O próximo da lista é o vigia de uma pedreira, este de origem afegã. Ele tenta convencer o vigia a se ausentar do posto, mas ele não concorda.

Lá vai o sr. Badii de novo em sua Range Rover creme, cor que combina com a vegetação seca ao redor, e logo adiante oferece carona a um senhor que está na beira da estrada.

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E assim por diante.

A busca continua.

Estradas sinuosas e poeirentas serpenteiam em meio à vegetação seca.

Aqui e ali, uma árvore mantém o verdor de suas folhas.

Mas a cor deste filme é a cor de areia, a cor do deserto, em meio à qual a perua avança com seus dois ocupantes.

O motorista troca ideias com seus interlocutores, tentando explicar o seu intento, a sua decisão.

Um deles, um idoso taxidermista, procura demover o suicida de suas ideias, falando sobre as coisas bonitas da vida.

O ponto de vista da câmera ora é o do caroneiro, ora é o do motorista. Mas a câmera raramente sai do interior do veículo. As tomadas são longas, os diálogos espaçados. A câmera se detém nas expressões faciais dos atores, nem sempre decifráveis.

Gosto de cereja é o road movie mais parado da história da cinema.

O destino do sr. Badii não se afasta muito do burburinho da cidade. Um casal de turistas pede para ele tirar uma foto deles.

Quando o taxidermista do Museu de História Natural concorda em cumprir a missão, o sr. Badii terá de tomar uma decisão.

Na noite iluminada por relâmpagos, um táxi conduz o sr. Badii ao local. Ele fica contemplando as luzes da cidade, acende um cigarro.

Os sons da madrugada, o prenúncio da tempestade.

O homem se deita na cova e fita a lua em meio às nuvens negras. Será o fim para o sr. Badii? 

O filme foi covencedor da Palma de Ouro de 1997, junto com A enguia, de Shohei Imamura.

Roger Ebert esteve no Festival e fez uma resenha bastante desfavorável.

A resenha foi respondida por Jonathan Rosenbaum, um ocidental que procura entender a complexa obra de Kiarostami.

Outro crítico, Martin Purvis, em seu blog The Film Sufi, assevera que "In fact the film appears to appeal primarily to those viewers whose experience and appreciation of film is not direct and intuitive, but must always be mediated by intellectual reflection. Indeed to a certain extent the film illustrates the difference between the aesthetic qualities of film and text."
Por sua vez, Rosenbaum,  nesta entrevista, comenta a polêmica entre ele e Ebert, e faz uma análise elogiosa sobre a filmografia do controverso diretor iraniano falecido em 2016.
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Thunderbolt



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Com direção de ninguém menos que William Wyler e John Sturges, Thunderbolt é um documentário de 41 minutos sobre a atuação de um esquadrão de aviões na campanha da Segunda Guerra Mundial.

Os Thunderbolts tiveram uma grande importância para cumprir os objetivos dos aliados na Itália.


O ator James Stewart faz a introdução
 lendo um telegrama.

O roteiro conta o dia a dia de uma
companhia aérea baseada na Córsega, que apoiava a Infantaria em Anzio e Cassino, nos arredores de Roma.

Os ataques aéreos visavam a retaguarda das linhas inimigas, para cortar o suprimento de combustível, alimentos, munições e reforços dos alemães.
Os caças-bombardeiros Thunderbolt decolavam da base, entravam em formação e depois se espalhavam para cumprir as missões.


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As missões incluíam destruir estradas, ferrovias, trens, pontes, viadutos.

O caça-bombardeiro P-47 Thunderbolt tinha um
 homem, um motor, uma bomba em cada asa e combustível extra.

Os diretores instalaram câmeras nas asas, no trem de aterrissagem, na cabine, perto das armas.

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Os aviadores, na faixa dos 20 e poucos
 anos, já tinham patentes como capitão, major, etc.

Antes de partir, cinco minutos protocolares para pensar, meditar. Um tempo de concentração e, quem sabe, uma oração, antes de decolar para aquela que poderia ser a sua última

missão.

Foguetes, armas, bombas de 200 kg,  câmeras, o Thunderbolt é uma aeronave pesada para decolar.

Os aviões decolam de dois em dois.

 A edição das imagens é nada menos
 do que fantástica.

O modo como os aviões cumprem sua
 missão não é menos surpreendente.

O trajeto em perfeita formação, os
 caças seguindo o líder.

 Parece que estamos num videogame de
 primeira pessoa que imita a cabine de um caça-bombardeiro.

 Súbito abaixamos o nariz do avião e
 disparamos a metralhadora, os foguetes. nivelamos, soltamos as bombas.

O documentário assinado por dois grandes
 cineastas revela que a rotina desses aviadores era
 trabalhosa, mas eles dispunham de condições de trabalho.

 Tinham tempo de lazer, direito à
 higiene.

 Coisa que os soldados da Primeira
 Guerra Mundial não tiveram, ao menos na campanha de Gallipoli.

Os aviões decolavam e quase sempre
 retornavam.

Um deles sofre uma queda a 200 metros
 da base.

O piloto morre carbonizado.

 Thunderbolt é um filme rápido
que vale a pensa ser visto por sua importância histórica, tanto sob o prisma do cinema quanto da Segunda Guerra.

A propósito, existe disponível em serviço de streaming um interessante minisseriado chamado Five Came Back, que trata justamente do trabalho de cinco renomados diretores (John Ford, Frank Capra, John Huston, George Stevens e William Wyler) durante a Segunda Guerra Mundial. Aguarde post sobre o assunto.

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segunda-feira, outubro 08, 2018

Okja

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Bong Joon-ho é o nome dele. Bong é o sobrenome, pois se trata de um diretor coreano. Está construindo uma filmografia respeitável e interessante. Em O Hospedeiro (2006), abordou as consequências de mutações genéticas que transformaram um bagre numa criatura perigosa, em uma cidade banhada por um rio. Em 2009, lançou Mother - a busca pela verdade, um drama que virou cult. Expresso do amanhã (Snowpiercer, 2013) mostra um trem futurista com divisões sociais e é seu primeiro filme falado em inglês. 

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Okja (2017) é uma inventiva fábula sobre a amizade de uma menina e sua porca-gigante. O animal faz parte de uma experiência científica da Mirando, empresa que enviou 26 espécimes para fazendas do mundo todo. Okja tem DNA suíno, mas cresceu para ficar do tamanho de um hipopótamo tamanho família. O inteligente e vivaz animal é criado pelo avô de Mikha, com quem a menina vive porque se tornou órfã. Sem irmãos, Mikha tem em Okja sua principal companhia na rotina diária da montanhosa fazenda. Mas a empresa vai escolher o melhor espécime e levá-lo a Nova York para promover seu novo produto alimentício. Quando Okja é escolhida e a separação é inevitável, Mikha viverá uma saga na desesperada tentativa de resgatar a amiga.

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À primeira vista, não parece uma ideia muito original a do roteiro de Bong. Mas ao longo do filme são muitas as surpresas. Paul Dano, Tilda Swinton e Jake Gyllenhaal estão muito bem, mas quem rouba a cena é a menina Ahn Seo-hyun, que contracena com a criatura muito bem desenvolvida pela equipe de efeitos especiais.



Assisti ao filme na companhia de meus dois filhos, de 11 e 6 anos de idade, e os dois curtiram as várias cenas de ação, como a que Mikha vai cair no penhasco, o resgate rodoviário de Okja pela FLA (Frente de Libertação dos Animais) e a contundente sequência final, entre outras.

Com um elenco de primeira categoria e boas ideias, Okja entretém e, de quebra, provoca discussões filosóficas e ambientais.

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terça-feira, outubro 02, 2018

Eu não sou um homem fácil (com spoilers)

Em 2014, Eléonore Pourriat realizou um curta-metragem chamado Maioria oprimida. Nesta entrevista, a diretora francesa explica as reações que o curta provocou, culminando com sua contratação pela Netflix. O curta-metragem está disponível no YouTube, com legendas em inglês:




O longa-metragem Eu não sou um homem fácil aprofunda as ideias lançadas no curta-metragem e tenta dar umas pitadas de humor na premissa. 

É um filme que está sendo promovido na base do "boca a boca", ou seja, está sendo muito comentado por radialistas e usuários de plataformas digitais.

Disso resulta a necessidade de "conferir" para ver se é muito barulho por nada ou se existe algo diferente ali.

A brincadeira de Eu não sou um homem fácil é fazer uma bem-humorada crítica ao machismo, coisa que o curta-metragem havia conseguido com bastante contundência. Apenas o tom do curta é mais sério, e o humor fica em segundo plano.  
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A diretora-roteirista Eléonore Pourriat (que interpreta a psicanalista no filme) teve de enfrentar o desafio de inserir humor e drama nesse universo de troca de papéis.

Após bater a cabeça num poste e perder a consciência, um solteiro que dá em cima de muitas mulheres desperta num mundo em que os homens são oprimidos sexualmente pelas mulheres.

Essa é outra diferença em relação ao curta, que provoca perplexidade justamente por não explicar a "causa" da inversão de papéis na sociedade.

Nesse mundo alternativo, são as mulheres que correm sem camisa, os homens que são obrigados a transar em posição passiva sem alcançar o orgasmo e engolir tudo que é tipo de sapo para "agradar" as mulheres.

A premissa é a genialidade da coisa, mas será que uma boa premissa resulta em um bom filme de 98 minutos? That's the question.

Sei que é complicado e arriscado criticar este filme. Por isso, antes de eu fazer o meu comentário, vou citar o de Fernanda Brito do Beco LiterárioEu não sou um homem fácil traz o choque para iniciar essa reflexão e nos proporciona momentos de riso com a tão clichê dificuldade masculina de se adaptar ao mundo feminino, porém, não pode ser levado como uma cartilha, pois, em um mundo igualitário, nenhum dos lados deve ser oprimido.

E agora, uma das razões pelas quais ele não funcionou completamente para mim, é a de que

SPOILER SPOILER

SPOILER SPOILER

SPOILER SPOILER

SPOILER QUE AS FEMINISTAS

PODERÃO TACHAR

DE

MACHISTA,

MASCULISTA E

ANTIFEMINISTA

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o romance dos dois protagonistas não passou naturalidade.

Em outras palavras, eu não consegui desenvolver uma empatia com os personagens (nem com o homem dominado, nem a com a mulher dominadora), não me identifiquei com nenhuma dessas pessoas estereotipadas ao contrário, não fiquei torcendo para elas "ficarem juntas". Em suma, o amor do casal não me convenceu.

E, no fim das contas, Eu não sou um homem fácil é uma história de amor, apenas com os papéis invertidos. 

Claro que a crítica social eleva a categoria do filme e permeia todas as situações.

Um detalhe que considerei espirituoso foi a tomada da estante, em que até os clássicos da literatura mudaram de nome: Ratos e mulheres, Monsieur Bovary.

Por outro lado, acredito que a experiência de assistir ao longa-metragem de Eléonore Pourriat foi válida para mim, como cinéfilo inveterado e ortodoxo.

Foi um exercício de humildade, de dar o braço a torcer aos sinais dos novos tempos. 

Um modo de reconhecer a qualidade e a importância dos filmes realizados por iniciativa criativa das plataformas digitais, para o consumo fora das salas escuras do cinema.

Por mais que eu tenha soltado um profundo suspiro ao escrever a frase anterior, é preciso acompanhar as mudanças e tentar aproveitar o que há de artístico nesse processo.