domingo, dezembro 18, 2005

King Kong


A carreira de Peter Jackson tem raízes na ficção e no horror. Vide Fome animal – um clássico escatológico. O cerne da ‘fase neozelandesa’ é o lisérgico Almas gêmeas (Heavenly Creatures) – que chamou a atenção pela delicadeza e coragem com que tratou o lesbianismo. A ‘fase americana’ começou com o suspense The Frighteners e culminou com a trilogia O Senhor dos Anéis, com Oscar de Melhor Diretor conquistado em 2004. King Kong é seu novo filme.
Conhecer a evolução da carreira do neozelandês Peter Jackson ajuda a entender as decisões por ele tomadas em King Kong. Seria talvez um clichê, mas de forma alguma uma inverdade, afirmar que ele tinha em mente, além de reverenciar e dar roupagem nova ao clássico da década de 30, refilmado na década de 70, revisitado em 2017, realizar a versão ‘definitiva’ da história. Para isso, contou-a com todos os detalhes imagináveis. O problema é que, para entrar nas minúcias, é preciso tempo e película. Felizmente, Peter Jackson tem cacife para evitar cortes e fazer o filme que quer, na metragem que escolher.
Um diretor visionário (Jack Black) alicia uma aspirante a atriz (Naomi Watts) e um autor de peças de teatro (Adrien Brody) a embarcarem num precário navio a fim de rodar um filme numa misteriosa ilha que não está no mapa. O que eles vão encontrar lá? Só posso dizer que Jackson ‘se puxou’ e, para dar verossimilhança interna a esta versão da ‘bela e a fera’, não poupou situações das mais variadas, entre o inacreditável-risível – a corrida de brontossauros no desfiladeiro – ao grotesco-asqueroso – a carnificina perpetrada por sanguessugas, lacraias e gafanhotos gigantes na tripulação do barco Venture.
O nome do navio que leva a troupe à ilha, por sinal, resume o que é King Kong para Peter Jackson: um grande risco. Ao se aventurar numa refilmagem, corre o risco de perder público, pois muitas pessoas não se animam a ir ao cinema para ver uma sessão da tarde de roupagem nova. Ao empreender um filme de três horas de duração, arrisca-se a ser acusado de prolixo e ‘overlong’. Ao não cortar o filme no estúdio, arrisca-se a alguém inventar um intervalo e recomeçar a projeção cortando uma seqüência. Ao escalar atores como Jack Black e Adrien Brody e Naomi Watts, nenhum de ‘grande apelo de bilheteria’, aposta as fichas de seu empreendimento nele, o principal astro – King Kong.
E cá pra nós, Kong é o tipo do herói com carisma suficiente para ‘roubar’ todas cenas em que aparece. O modo com que King Kong se comunica com o objeto de sua paixão é expressivo. O relacionamento entre Kong e atriz passa por todas fases – da predatória à admirativa, do receio à confiança, da dúvida à certeza, do desentendimento à compreensão. Mas – como todo relacionamento em que uma parte ama e a outra sente apenas amizade – uma das partes sairá mais ferida que a outra.
Falando em compreensão e ferimentos, teria muito mais a dizer sobre King Kong, porém, o leitor há de compreender, a última coisa que quero ser acusado é de ferir suscetibilidades e cometer ‘spoiler’. Então só digo mais isso: é crime cortar um minuto sequer de King Kong – não é, seu responsável pela projeção do Cine Bella Citá de Passo Fundo?

4 comentários:

  1. Kia Ora (Hello) from a krazy blogger down under in Jackson country - New Zealand !!! I know where I am, but what country are you from. I cannot understand your language, but I know a big ape when I see one !!!

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  2. This Blog is a brazilan blog , and Portuguese is the language.

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  3. hey! muito legal teu blog!!
    entrei pra te desejar um ótimo natal e ano novo!
    nos encontramos no próximo semestre!
    abraço

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  4. Salve Ique. Acho que faltou sutileza, graça e outras coisas mais ao filme. Se o risco era grande, the director bited off more than he could chew. Grande abraço.

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