Após estrear com a
comédia dramática Os reis do verão, lançada no Festival de Sundance em 2013, o
hirsutíssimo Jordan Vogt-Roberts agarrou com unhas e dentes a oportunidade de já no
segundo filme realizar um blockbuster.
Imagino a alegria dele ao
ser chamado para o trabalho. Revisitar um personagem como King Kong é revisitar
a própria História do Cinema.
Desde o filme de 1933, cujo enredo foi concebido
pelo diretor Merian C. Cooper e roteirizado pelo escritor Edgar Wallace, King
Kong já ganhou 3 refilmagens: 1976, 2005 e 2017.
Existe também o King Kong
2 (King Kong Lives, 1986), que não é exatamente um remake, mas sim uma “continuação”
caça-níquel do filme de 1976. Uma pesquisa um pouco mais aprofundada revela que a "franquia" na verdade tem um número bem maior de filmes. Nesse contexto, é difícil não cair na tentação de se comparar os filmes, ou até mesmo, ranqueá-los.
A versão de 1976 busca ser “fiel” à de 1933, enfatizando a relação entre o gorila e a mocinha e a
sensação de injustiça ao ver o essencialmente bondoso
Kong ser destruído de modo impiedoso pelos seres humanos. Gerações inteiras se comoveram
com esses dois filmes.
Veio o politicamente correto século XXI e toda
a sua parafernália técnica. Captura de movimentos, o poderoso 3-D real (e o bem menos poderoso 3-D convertido), salas IMAX, som Dolby surround, o fim da película, a ascensão da era
digital, tudo perfeito para dar vida e verossimilhança a um personagem
clássico. Mas eis que tecnologia não é tudo.
Em 2005, Peter Jackson
fez sua louvável tentativa. Muita gente torceu o nariz
para a espichada metragem e para a escolha do elenco, que tem Jack Black e Adrien Brody. Mas justo eu é que
não deixaria de ver e admirar este filme, afinal de contas, Peter Jackson é um dos meus
diretores preferidos, e, para o bem ou para o mal, sou do tipo que se mantém
fiel a (e não procura esconder) suas predileções.
Agora, em 2017, foi a vez
do novato, porém barbado, Jordan Vogt-Roberts e suas múltiplas influências (ver abaixo).
Nesses dois filmes
realizados no século XXI, a franquia evoluiu em alguns sentidos, mas regrediu
em outros. O quase pasteurizado Kong do século XXI não comove mais ninguém. As
pessoas podem até vibrar e torcer por ele, sentir um pouco de pena, mas duvido que
alguém enxugue os olhos rasos de lágrimas no escuro do cinema. Sim, segundo me informaram, na década
de 1970 as pessoas choravam ao ver King Kong. Será que hoje as pessoas
estão mais insensíveis, ou os roteiros estão esquecendo de desenvolver a essência do personagem?
Seja como for, Kong: a
Ilha da Caveira serve no mínimo para despertar o interesse das novas gerações
para o tema (e, é claro, como colírio para os olhos dos fãs da atriz Brie Larson).
E a julgar pelo que
declarou o próprio Vogt-Roberts, parece que ao menos ele tentou “fazer o dever de casa”, isto
é, realmente se esforçou para realizar um trabalho multifacetado e rico em
influências.
O mais barbudo diretor da atualidade declarou que Kong: a Ilha da
Caveira traz elementos de filmes como Apocalypse Now, A conversação, Platoon e
O hospedeiro, da série Neon Genesis Evangelion, do desenho Princess Mononoke e
de monstros como o Cubone do Pokémon.
Boa jornada à Ilha da Caveira.
Boa jornada à Ilha da Caveira.
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